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Violência no relacionamento: 7 Indícios Ocultos de Relacionamentos Abusivos e Codependentes que Você Precisa Saber

Categorias: Ciúmes / Sociedade / Violências
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Violência no relacionamento é um termo muito abrangente, até mesmo pelo motivo que relacionamentos humanos, em sua complexidade, podem ocasionalmente abrigar interações que se tornam prejudiciais, chegando ao ponto de se tornarem violentas, abusivas, tóxicas, codependentes e uma série de condições insalubres e ruins, por me faltar uma palavra melhor neste momento.

Hoje mesmo, comentei um post no Instagram, onde misturava-se relacionamento abusivo com gênero, então, logo nestes primeiros parágrafos gostaria de deixar claro: não é porque a maioria dos casos são de homens violentos com mulheres que o contrário não seja verdadeiro, mesmo em relações do mesmo gênero pode acontecer. O “problema” está na relação entre os membros do relacionamento.

O que gostaria que ficasse muito claro é que embora diferentes em natureza, essas dinâmicas – violentas, abusivas, tóxicas, codependentes compartilham a característica angustiante de causar sofrimento emocional substancial aos envolvidos.

Para isso ficar um pouco menos complicado, vamos abordar o tema de alguns pontos de vista para “desocultar” indicídos que podem minar a convivência e, que, a partir dessas informações você possa tomar atitudes, para que elas não persistam.

A “violência” é um termo amplamente utilizado em contextos sociais e acadêmicos para denotar uma força física ou poder usado para causar dano, seja esse dano físico, psicológico ou emocional. Em sua origem etimológica, o termo vem do latim “violentia“, que implica uma força destrutiva ou perturbadora. “A onda bateu com violência na encosta” (força destrutiva e perturbadora)…

Há vários tipos de violência e de diferentes naturezas quando falamos de relacionamento, dê uma olhada no gráfico abaixo:

[1] Tipologia das Violências

Desse modo, compreendemos que uma força destrutiva ou perturbadora está embrenhada em nossas relações como um todo. Inclusive você pode ler mais aqui, ou aqui, mas resumidamente você pode observar as naturezas da violência nas relações que são: violências físicas, sexual, psicológica, de privação ou abandono, patrimonial ou cultural.

“Abuso”, por sua vez, é uma categoria mais inclusiva e sutil – de violência – que encapsula uma variedade de comportamentos, tanto físicos quanto emocionais, psicológicos ou financeiros, que uma pessoa usa para exercer e manter poder e controle sobre outra.

O termo vem do latim “abusus“, que significa ‘uso excessivo ou errôneo’.

Podemos entender, portanto, que um “relacionamento abusivo” é, aquele no qual uma pessoa se utiliza constantemente de comportamentos para dominar e controlar a outra, enquanto um relacionamento “tóxico” pode englobar uma variedade de comportamentos prejudiciais que não se limitam ao abuso, como manipulação, falta de respeito e comunicação prejudicial.

Olha esse texto sobre o 15 indícios que você está sofrendo com Gaslighting e 6 termos relacionados a violência que você deveria conhecer.

Assim, já diferenciamos a violência, abuso e o relacionamento tóxico, embora, como dissemos lá no começo: diferentes em natureza, essas dinâmicas compartilham a característica de causar sofrimento substancial aos envolvidos.

Já a “codependência” descreve uma dinâmica relacional na qual uma pessoa se torna emocionalmente dependente da outra a tal ponto que negligencia suas próprias necessidades e bem-estar.

Falamos também neste texto aqui ó Dependência emocional: vamos falar sobre ela?

Este termo surgiu no contexto de grupos de apoio a familiares de alcoólatras na década de 1980, mas desde então foi expandido para abranger uma variedade de relacionamentos disfuncionais.

Neste artigo nos aprofundamos um pouco mais na compreensão dessas complexas dinâmicas de relacionamento, fornecendo exemplos práticos e destacando a importância da conscientização e das intervenções apropriadas.

Nossa meta aqui é proporcionar insights valiosos que auxiliem aqueles que encontram-se presos em tais relações, oferecendo ferramentas necessárias para identificar e, eventualmente, se libertar desses padrões prejudiciais.

Agora que já categorizamos os termos principais, venha entender melhor onde você se encontra (ou não) antes de definir estratégias para o que está acontecendo e, a partir desse conhecimento, criar novas estratégias para sair desse ciclo.

Mapeando o campo minado da violência no relacionamento

Embarcar no labirinto de um relacionamento pode ser um caminho repleto de obstáculos, coisas boas e novas descobertas.

Às vezes, o amor e o carinho podem ser ofuscados por comportamentos destrutivos e prejudiciais, como abuso, a violência no relacionamento e e a codependencia.

Para entender melhor a complexidade desses relacionamentos, é importante saber identificar os sinais de abuso e toxicidade.

Um relacionamento abusivo é caracterizado por um padrão de comportamento de um indivíduo para manter poder e controle sobre outra pessoa como já falamos acima, este controle pode se manifestar de várias formas, incluindo o emocional, físico, sexual, psicológico, e até mesmo através de privação e abandono.

Vamos considerar um exemplo, mas antes deixe-me alertar você: estes são exemplos fictícios, inventandos para ilustrar a situação de violência no relacionamento. Nomes, personagens, não existem e existem aos milhares hoje, então, caso se identifique, a ideia aqui é mostrar para você essa situação. 😉

A violência no relacionamento de João e Maria

black couple sitting on knees with hands behind back violência no relacionamento
Photo by Fillipe Gomes on Pexels.com

João e Maria estão em um relacionamento há vários anos. No entanto, Maria percebe que João frequentemente a insulta, menospreza suas opiniões e tenta controlar suas interações sociais. O abuso não é constante e alterna-se com períodos de aparente calma e afeto.

Este é um exemplo clássico de um relacionamento abusivo e tóxico, onde o agressor, João, está exercendo um controle abusivo.

No entanto, o abuso nem sempre é tão óbvio.

Em alguns casos, pode ser mais insidioso e disfarçado de cuidado ou preocupação.

Por exemplo, se João constantemente critica a aparência de Maria, controla suas atividades sociais, ou insiste em tomar todas as decisões financeiras, estes também são indicativos de abuso, mesmo que não haja violência física.

É importante lembrar que a violência não é apenas física. E que o abuso pode ser mais sutil.

A violência psicológica, por exemplo, pode ser tão prejudicial quanto a violência física. A violência psicológica pode incluir táticas como a manipulação, a humilhação, a intimidação e o isolamento do parceiro de sua rede de apoio. Tem um link sobre o Gaslighting, lá em cima para facilitar o entendimento.

Além disso, em alguns casos, a violência pode ser perpetrada não só contra a vítima direta, mas também contra outras pessoas próximas a ela, como filhos ou outros familiares, configurando um cenário de violência interpessoal.

Vamos para um exemplo novo de violência no relacionamento, nesse sentido?

A violência no relacionamento de Joana e Rafael

Joana e Rafael têm dois filhos pequenos. Joana tem um histórico de trauma de infância não resolvido e frequentemente se sente sobrecarregada pelo estresse e pela pressão da maternidade e da vida de casada. Ela tem dificuldade em gerenciar suas emoções e frequentemente desconta sua frustração em Rafael.

Quando Rafael chega em casa do trabalho, Joana muitas vezes explode em acessos de raiva, culpando-o por todos os problemas que ela enfrentou durante o dia. Em várias ocasiões, essas explosões verbais se transformaram em agressões físicas, com Joana jogando objetos em Rafael ou até mesmo agredindo-o fisicamente.

Em uma ocasião particularmente intensa, durante uma discussão na presença de seus filhos, Joana, incapaz de controlar sua raiva, atirou um prato na direção de Rafael, mas acabou atingindo seu filho mais novo. O menino foi levado às pressas para o hospital com um corte no rosto.

Rafael, temendo pela segurança de seus filhos e sentindo-se emocionalmente e fisicamente abusado, começou a se retrair, evitando confrontos e tentando apaziguar Joana sempre que possível. Ele sentia-se envergonhado por ser vítima de violência doméstica por parte de sua esposa e hesitava em buscar ajuda ou apoio.

Essas relações tóxicas e abusivas podem ter um impacto profundo e duradouro na vida das vítimas, causando sofrimento emocional, danos físicos e até mesmo consequências graves para a saúde mental.

É fundamental entender que a violência doméstica e o abuso não são exclusivos de um gênero específico. Homens também podem ser vítimas e mulheres podem ser perpetradoras. No entanto, devido a estigmas sociais, os homens muitas vezes enfrentam barreiras adicionais para reconhecer o abuso e buscar ajuda. É importante que as vítimas de qualquer gênero recebam o apoio e os recursos necessários para se protegerem e buscarem justiça.

Vamos a mais exemplos, agora de um relacionamento codependente e que denota violência no relacionamento?

A violência no relacionamento de Larissa e Thiago

Larissa e Thiago se conheceram durante a faculdade e rapidamente se envolveram em um relacionamento amoroso. No começo, a intensidade de sua conexão parecia ser o sinal de um amor profundo. Eles passavam cada momento livre juntos e se tornaram inseparáveis. No entanto, com o tempo, essa intensidade revelou uma dinâmica mais problemática.

Larissa tinha histórico de depressão e ansiedade. Ela costumava depender de Thiago para estabilidade emocional, muitas vezes se apoiando nele para enfrentar momentos difíceis. Se ela se sentia para baixo ou ansiosa, dependia exclusivamente de Thiago para se sentir melhor. Ela tinha medo de perder Thiago, acreditando que sem ele, ela estaria completamente perdida e incapaz de funcionar.

Thiago, por outro lado, tinha um profundo medo de rejeição devido a traumas de infância. Ele sentia que precisava estar sempre disponível para Larissa, acreditando que era sua responsabilidade mantê-la feliz e estável. Quando Larissa estava triste ou ansiosa, Thiago sentia-se culpado, como se fosse sua falha. Ele negligenciou seus próprios interesses, amizades e até sua saúde mental para estar constantemente disponível para Larissa.

Eles se encontraram em um ciclo contínuo: Larissa se sentindo instável e precisando de Thiago para se sentir completa, e Thiago abandonando a si mesmo para cuidar de Larissa, acreditando que seu valor no relacionamento era determinado por sua capacidade de “salvar” ou “curar” sua parceira.

Ambos eram incapazes de estabelecer limites saudáveis. Eles sacrificavam constantemente suas próprias necessidades e desejos em prol do relacionamento, temendo que, se não o fizessem, o outro os abandonaria.

Relacionamentos codependentes como o de Larissa e Thiago são caracterizados por uma dependência mútua, na qual ambas as partes abandonam suas próprias necessidades e identidades em prol da relação. Esse tipo de dinâmica pode ser emocionalmente esgotante e prejudicial para ambos os parceiros, levando a um ciclo de dependência e ressentimento. É crucial reconhecer esses padrões e buscar ajuda.

A violência no relacionamento de Pedro, Felipe e Clara.

Pedro, Felipe e Clara formavam um trisal há cerca de um ano e meio. Pedro, que se identifica como não-binário, e Felipe, que se identifica como homem, já eram um casal antes de Clara entrar em suas vidas. A chegada de Clara trouxe uma nova dinâmica ao relacionamento, e, inicialmente, tudo parecia fluir bem.

No entanto, com o tempo, Felipe começou a se mostrar inseguro quanto ao papel de Pedro no trisal. Felipe fazia frequentemente comentários sutis, insinuando que Pedro, por não se identificar com um gênero binário, não tinha “capacidade” para entender certos aspectos de sua relação com Clara, que é uma mulher cisgênero. “Isso é uma coisa de homem e mulher”, ele diria, invalidando os sentimentos e perspectivas de Pedro.

Clara, que valorizava a abertura e a compreensão em relacionamentos, tentava mediar as tensões, mas muitas vezes se encontrava sendo levada pelos argumentos de Felipe, uma vez que ela compartilhava algumas experiências cisnormativas com ele. Isso, inadvertidamente, intensificava os sentimentos de exclusão de Pedro.

Pedro sentia-se frequentemente marginalizado, não apenas por sua identidade de gênero, mas também por sua posição no trisal. Os comentários de Felipe, embora muitas vezes velados como “brincadeiras”, eram feridas constantes. Pedro sentia que, embora Clara tentasse entender, ela ainda privilegiava a opinião de Felipe em detrimento da dele, especialmente quando as tensões se elevavam.

Neste exemplo, as complexidades da identidade de gênero e as dinâmicas de poder no trisal conduzem a uma forma sutil de violência verbal e emocional. Reconhecer e validar todas as experiências e identidades em um relacionamento poliamoroso é essencial para a saúde e o bem-estar de todos os envolvidos.

Concluindo este texto sobre violência no relacionamento

A violência no relacionamento é uma realidade complexa e, muitas vezes, silenciosa. Como vimos ao longo deste texto, os indicativos de abuso e codependência nem sempre são facilmente identificáveis, manifestando-se por meio de nuances sutis que podem ser facilmente negligenciadas.

As histórias e exemplos que trouxemos ilustram a diversidade de experiências que as pessoas podem enfrentar, enfatizando que ninguém está imune, independentemente de gênero, identidade ou orientação sexual.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando uma situação de relacionamento abusivo ou tóxico, é fundamental buscar ajuda.

No Brasil, a Lei Maria da Penha protege vítimas de violência doméstica, e denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia, preferencialmente nas Delegacias de Defesa da Mulher (DDM). Além disso, o número 180 funciona como um canal direto de denúncias e orientação sobre direitos e legislação.

Entretanto, reconhecemos que o primeiro passo pode ser assustador.

Nesse sentido, se você sente que precisa de apoio emocional e orientação profissional, encorajamos a busca por atendimento psicológico. Nossa plataforma oferece atendimento online com psicólogos qualificados que podem te ajudar a compreender e enfrentar sua situação, fornecendo o suporte necessário para que você possa tomar decisões informadas sobre o seu bem-estar e sua segurança.

Lembre-se: você merece respeito, amor e compreensão em todas as suas relações. Não hesite em buscar apoio e ajuda, seja para si mesmo ou para alguém que você se preocupa.

Bibliografia Consultada

Violência contra as mulheres no contexto da pandemia da COVID-19 – Scientific Figure on ResearchGate. Available from: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Tipologia-da-violencia_fig1_350330265 [accessed 4 Jul, 2023]

Gomes, Ingridd Raphaelle Rolim, & Fernandes, Sheyla C. S. (2018). A permanência de mulheres em relacionamentos abusivos à luz da teoria da ação planejada. Boletim – Academia Paulista de Psicologia38(94), 55-66. Recuperado em 18 de setembro de 2023, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2018000100006&lng=pt&tlng=pt.

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