Preocupação. Dá vontade de pegar a pessoa e já ir na psicóloga, mas a colaboração nem sempre vem; então como mostrar, como fazer, como obrigar… alguém ir na psicóloga?
Sendo direto, pois uma caixa de segredos direta, chegou com a pergunta: “como mostrar ao meu noivo que ele precisa de conversar com um psico” (sic).
Então lá vai a resposta “na lata”: não mostra, ele precisa perceber e querer ir. Ele precisa perceber o valor dessa ida ao psicólogo. Afinal, para ir na psicóloga, tem que ter uma motivação pois a mudança partirá da pessoa não é?
Resposta dada, vamos a explicação do motivo da resposta.
Essa é uma pergunta bem frequente, com algumas variações:
Como faço para alguém querer ir na psicóloga?
- Como convenço meu namorado (como convenço minha namorada) que ele precisa de um psicólogo (ou ir na psicóloga?)?
- Como faço alguém ir no psicologo?
- Como convencer uma pessoa á ir ao psicólogo?
- Como convencer minha mãe a me levar para psicólogo?
- Como levar minha mãe (ou meu pai) no psicólogo?
- Como convencer alguém a se tratar com psicologo?
Se fossemos colocar a lista aqui seria a família inteira.
Tem lógica esse desejo de que alguém valoroso para nós vá ao psicólogo: nós nos preocuparmos com esse alguém, queremos o bem dessa pessoa. Ela “deveria” acreditar que isso é o melhor para ela, por que eu sei que é. #sqn (só que não).
Se eu acredito em algo bom (pra mim), desejo ao outro (importante para mim) que ele creia também (pois faria bem a ele também) naquilo que eu acredito.
Já tratamos do assunto em textos semelhantes como: Como falar pros meus pais que quero fazer terapia? ou Psicólogo: Por que ir ou procurar auxílio psicológico? ou ainda Quando eu sei que preciso ir a um psicólogo? Se preferir, faz uma busca que o assunto é vasto.
Mas repare que na frase em negrito, acima. (Leia ela novamente devagar).
Muita dessa vontade está ligada naquilo que você crê, naquilo que você deseja, naquilo que faz bem a você. Ao outro, não é, talvez, o melhor (pode até ser, mas na opinião do outro, ainda não o é).
Como você se sente quando é obrigado a fazer algo contra a sua vontade?
Mas, como mostrar algo para alguém?
É uma proposição de valor.
Alguém só irá buscar o psicólogo ou a psicóloga quando perceber valor nisso ou quando perceber que precisa disso.
Alguém só acreditará em algo se quiser acreditar naquilo.
Você não convence, pois ao forçar esse alguém (que até pode ir pela sua insistência) essa pessoa não interiorizou a importância disso.
Claro, algumas vezes essa forçada de barra até funciona, mas não é ideal pois cria resistência e a pessoa já chega com o pé atrás.
Pense comigo: podem ser vários os motivos para que essa pessoa não queira ir.
Ela poderia estar debilitada demais para compreender o quanto o que ela tem é prejudicial. Pode não fazer parte daquilo que ele ou ela acredita. Pode já ter passado por experiências ruins…
E você precisa ter paciência e respeitar o desejo do outro.
Ouvir, compreender, dialogar (aquele processo que ambos falam, não só um).
Sabe aquela história da criança, que você diz várias vezes: “não coloca o dedo na tomada” mas ela coloca assim mesmo?
Então, é assim que funciona.
O choque da realidade só vai acontecer ao notar que aquilo que é “invisível” existe (tomando o choque).
É a experimentação, a experienciação, a internalização daquele valor. E, algumas vezes, serão necessários vários dedos na tomada antes de “aprender”.
Ela aceita o “valor” de algo no tempo dela.
A pessoa em questão só buscará auxilio psicológico quando aprender (ou souber ou ainda atribuir valor) a esse passo e ao benefício que ele trará.
Em alguns casos, recebemos pacientes que foram primeiro em busca de chás, de ajuda espiritual, de tudo que disseram que funcionaria antes de chegar ao profissional correto (até por que tem isso também, os profissionais e “profissionais”).
E durante esse processo, quando encontram o profissional certo: que cria-se o vínculo, que sabe o que está fazendo: flui. Ganha valor. Isso vale até para um texto bem escrito que mostre que ir ao profissional pode ajudar.
Técnicas de Convencimento: como mostrar…
Mas dá para “convencer”? Claro!
O marketing e as técnicas de negociação e vendas são cheias de psicologia aplicada para que você “compre uma ideia”.
Dá trabalho, precisa ser feito com responsabilidade e ética (sim ética, lembra da pergunta: você gostaria de ser forçado(a) a fazer algo que não concorda? Pergunte-se: quero, posso, devo?).
Para fazer com que uma pessoa vá para o psicólogo mostre valor. Apresente resultados concretos. Textos. Vídeos. Explique pacientemente, ensine, trabalhe naquilo que é importante para o outro (não para você).
E: Não Faça Auto Diagnóstico
Também já falamos disso em outro post. Mas o restante da caixa de segredos nos obriga a reforçar: Não faça auto diagnóstico e não rotule ninguém, por favor.
“ele tem um jeito bipolar” (sic).
Não existe o jeito bipolar, confira os textos Tem um bipolar na minha vida, Eu sou meio bipolar, Possíveis tratamentos para um verdadeiro bipolar.
Quando você dá um diagnóstico psicológico para alguém ou atribui uma informação de um manual você está cometendo uma série de erros que podem ser extremamente prejudiciais para o outro.
Tenha muito cuidado!
Os psicólogos e psicólogas estudam mais de cinco anos, fazem testes e avaliações, trabalham em conjunto com outros profissionais ANTES de dar um diagnóstico.
Cuidado com auto diagnóstico ou ao diagnosticar alguém, ok?
Post original: 15/06/2018 | Atualizado em 17/08/2021
Respostas de 2
Caraca, a gente vem aqui preocupado com alguém que claramente precisa de ajuda e o texto aborda que a gente tem que olhar pra si mesmo… Acho que poderia ter abordado melhor as maneiras de ajudar alguém numa situação dessas, de ajudar a acreditar que as coisas podem ser melhores. Convencimento não é necessariamente sobre forçar; quando uma pessoa se convence, na verdade ela internaliza uma ideia que não tinha, então não tem nada de forçação nisso.
Olá Matheus, sentimos muito que o texto não tenha atendido suas expectativas.
O processo de ajuda é um processo que não pode deixar que a “ansiedade individual” interfira nas escolhas e modelos mentais do outro, por isso, o texto trabalha nesse processo de convencimento. Você pode fazer acordos, acompanhar a pessoa, estar ao lado. É um trabalho dificil e que demora, mas aos poucos, com muita conversa, informação e confiança que essa ajuda chega.