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Tampa da Panela: já achou a sua?

Tampa da panela vamos falar de amor e namoro no psicoonline

Tampa da panela é o termo usado para se referir a alguém que o completará, mas será que existe mesmo?

Essa semana comemoramos, no Brasil, o dia dos namorados (dia 12/06, todo ano) e, para os católicos, o dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro.

Esse período pode despertar, em algumas pessoas, o questionamento: Será que vou encontrar a tampa da minha panela?

Crescemos com o conceito de que devemos nos formar, trabalhar, conhecer alguém e procriar.

Geralmente esse alguém, que conheceremos (ou não) aparecerá em algum momento para ser a ou o único e exclusivo ser das nossas vidas.

E, assim como nos contos de fada, a partir desse momento encontraríamos a tampa da nossa panela e seríamos felizes para sempre!

O problema com essa definição é que ela determina que nossa felicidade amorosa está depositada em uma única pessoa e na dependência de encontrá-la.

Se falharmos em achar a tampa dessa panela ou manter a relação com ela estamos perdidos!

Isso gera bastante pressão e ansiedade e, talvez não seja, a melhor forma de encarar as coisas.

De onde surgiu esse conceito?

Para começar a discutir esse tema é importante saber que o conceito de Tampa da Panela é resultado milhares de anos de evolução nas relações humanas.

Começando pelas relações monogâmicas, que foram impostas junto com o patriarcado cerca de 4000 A.C, visando garantir ao homem a paternidade dos filhos.

Passando por imposições da igreja católica, pelo amor cortês que, no século XII, mudou a visão de que a relação com a mulher se baseava apenas em desejo sexual e busca por satisfação.

E pelo amor romântico, que se iniciou na idade média considerando o ser amado imensamente precioso e difícil de se alcançar, mas que apenas após a Revolução Francesa e a industrialização, passou a ser considerado item relevante para o casamento.

Toda essa evolução construiu o conceito de amor que temos hoje.

A história de vida e a crença religiosa de cada um também impacta no entendimento que terão sobre a Tampa da Panela.

Portanto tudo isso faz com que esse não um seja conceito simples de ser respondido com sims ou nãos.

A Tampa da Panela existe?

Questionei algumas pessoas sobre o que achavam da ideia de “Tampa da Panela” e as respostas foram as mais variadas:

  • Há uma única tampa que se encaixa perfeitamente;
  • Tampas podem ser universais e servir a curto médio ou longo prazo;
  • Algumas pessoas tem a tampa da panela, outros estão fadados a ser frigideiras;
  • Tem várias que encaixam mesmo que não seja da melhor forma, nós podemos nos acomodar a elas ou não;
  • Não há tampa que encaixe 100%, mas elas são perfeitas nas medidas de suas imperfeições;
  • Precisamos sempre nos adaptar para que a tampa caiba;
  • É mais coerente dizer que somos mais parecidos com temperos, não panelas;
  • Tampas que encaixam muito bem em nossa panela podem ser sufocantes;
  • A tampa da panela limita a relação apenas aos dois, bom mesmo é ser uma leiteira em ebulição transbordar juntos sem medo de ser o que é!;
  • Esses dias vi à venda, duas panelas com uma única tampa.

Percebeu que o assunto pode gerar grandes debates?

É natural que nem todos concordem 100%e mas é fato que somos bombardeados constantemente por questões sociais que nos fazem pensar que é preciso ter uma tampa para a panela se quisermos ser felizes.

E os que ousarem discordar sofrerão julgamentos e serão taxados de “loucos”.

Sobre essa imposição a psicanalista Regina Navarro evidencia que “O condicionamento cultural que estamos submetidos impede a autonomia e a liberdade de escolha quando indica apenas um caminho para o amor”.

As consequências desse condicionamento cultural são bem severas para algumas pessoas que se deparam com uma realidade diferente a desse “único caminho para o amor”, elas acabam entrando em um processo de constante angústia, afinal, se essa realidade de amor não me parece tão próxima ou real, eu estou fadada a solidão!

Independente da tampa, você é a única pessoa responsável por cozer o alimento!

É importante perceber, que um problema desse conceito da Tampa da Panela é o fato de estipular a necessidade do outro para que haja a total felicidade.

Cada vez mais as pessoas estão se empoderando e percebendo que a felicidade não está fora e que não precisam do outro para serem completos, muito pelo contrário!

Precisamos nos bastar sozinhos para depois entrar em uma relação e poder aproveitar o melhor dela, crescendo e mudando juntos, o que nos leva ao próximo ponto: a tampa da panela de hoje pode não ser a mesma de amanhã!

Estamos em constante mudança, isso faz com que o que nos atrai hoje pode não ser o mesmo de amanhã, a relação que estabelecemos hoje com alguém pode não ter tanto sentido daqui 5 anos e isso não anula o sentimento vivido até aquela época.

Outra forma de perceber isso é imaginar uma pessoa que foi casada por 20 anos e se depara com o fim da relação, seja por separação ou pelo falecimento do cônjuge.

Posteriormente ela pode encontrar outra pessoa com quem queira partilhar a vida e isso não invalidará os anos de casamento vividos, ela apenas precisou seguir em frente e se permitiu encontrar outra tampa para sua panela.

Por isso responsabilizar uma pessoa (que muitas vezes você ainda nem conheceu) por toda a felicidade afetiva de sua vida é um grande erro.

Você é a única pessoa responsável por sua felicidade.

Afinal você é a única pessoa responsável por sua felicidade e procurar no outro a solução de seus problemas ou a alegria de sua vida pode levar à dependência dele e te colocar em relações abusivas e infelizes!

Pensando em tudo isso, te convido a refletir: Eu estou depositando no outro a responsabilidade por minha felicidade?
Se a resposta for afirmativa, recomendo você rever suas prioridades afetivas e começar um processo de auto amor e cuidado, se precisar de ajuda pode contar comigo.

Referências

LINS, Regina Navarro. A Cama na Varanda – arejando nossas ideias a respeito de amor e sexo. 9ª ed. – Rio de Janeiro: BestSeller, 2014.
TANNAHILL, Reay. O Sexo na História. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983

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