Semelhantes costumam ter características parecidas, mas são diferentes e algumas vezes, muito diferentes. E é dessa dinâmica que trataremos aqui hoje.
Para começar, sigo a linha de construção da origem de uma palavra assim que a escolho para o texto, e já explico o motivo.
Antes de abordar o assunto verifico sempre a etimologia – que é estudo da origem e da evolução das palavras – e penso se ela se encaixa no texto e também no contexto que darei ao assunto a ser tratado.
No caso de semelhantes, nos aproximamos da simulação.
A simulação é outro caminho que a raiz de origem da palavra seguiu: do latim simulan.
E percebam a curiosidade: uma simulação é algo “semelhante”, porém não igual, ao real, com características muito parecidas, mas ainda assim, perceptivelmente desiguais ou diferentes.
Enfim, nossa linguagem é dinâmica como nós somos, seres humanos, mas seus significados conseguem estruturar e definir semelhanças, assim como nossas características próprias, individuais e grupais.
Somos semelhantes a nós mesmos assim como somos semelhantes aos outros, e ainda assim, com o tempo, não somos mais iguais éramos há alguns minutos.
Mas ainda assim, conseguimos agrupar as igualdades que percebemos.
O significado de uma palavra é social, compartilhado, fossilizado.
Nossa estrutura é assim. “Não mudamos”. Balela. Você acabou de mudar: pensou, células morreram, o tempo passou e você envelheceu alguns segundos.
Tentar frear isso é tentar represar algo que transbordará por seus próprios caminhos.
E o sentido é o que damos a ela (o contexto).
É onde estamos inseridos.
E esse contexto é subjetivo – podendo ser interpretado por diferentes visões no tempo – pois é aí que estão as diferenças e as variáveis que compõe o nosso universo.
O sentido é dinâmico, temporal e instável.
Por isso é tão complicado nos entendermos e por isso que surgem gírias e os “eu não quis dizer exatamente isso”.
Nós somos frutos de um grupo.
O cara, ao seu lado no ônibus é um semelhante, mesmo sendo tão diferente de você.
A dor que ele sente, embora semelhante, é totalmente diferente, pois o outro é diferente de você, embora semelhante também.
Lembre-se, que o semelhante não é igual. Semelhante é uma coisa, igual é outra. Do mesmo modo que igualdade e equidade (mas aí já é outro texto).
Pense também que acreditar que as semelhanças farão você ter conhecimento para lidar da mesma maneira com alguma coisa, é um equivoco.
Tente brincar com um gato doméstico e um gato selvagem (que são semelhantes) mas não iguais.
Somos semelhantes a nós mesmos, e ao que fomos a alguns minutos.
Somos semelhantes a pessoa que estão nos cercando, mas ainda assim, não somos iguais e será um erro acreditar que a dor e a situação do outro é a mesma.
Eu sei como você se sente. Impossível. Você não é o outro.
Mas você pode ser empático ou empática, e, com base naquilo que você conhece, sabendo que o outro é diferente, tentar entender como deveria fazer.
É um exercício e convido você a tentar.