Medicamentos são remédios? Nem sempre e durante o processo terapêutico, muitos pacientes perguntam: devo tomar remédios ou medicamentos no tratamento psicológico?
A resposta sempre será: depende do caso, mas especificamente, do SEU caso.
E tem motivos, quer ver?
Temos extremos como a medicalização da vida, que é sequestrar fenômenos da vida cotidiana com um discurso das ciências da saúde para explicar esse fenômeno como tratamento médico. Medico, medicalização, doenças, patologias, tratamento… percebe que o discurso passa a girar em cima de uma ciência médica?
Daí surgem as pérolas: “mente sã, corpo são”, síndromes (das mais diversas) que têm mais relação com o social, com hábitos, ambientes do que com doenças e tratamentos médicos. Vem daí as discussões, por exemplo, entre não trabalhar como doenças ou se o psicólogo tem paciente, cliente, consulente e por ai vai.
Cria-se uma hegemonia (domínio) em um discurso medico, medicamentos, etc…
Evita-se o “sofrimento ou a vida” com a medicalização, não com a vivência, políticas públicas, com ferramental, experiência, conhecimento ou apoio.
Há também a medicamentalização que é a linha de pensamento que procura resolver problemas diversos da experiência humana por meio de medicamentos, o que resulta, em hipermedicação.
Vide os aumentos das taxas de prescrição de medicamentos controlados para resolver “problemas” que nem sempre são doenças ou que precisam de remédios: Busca por ansiolíticos e antidepressivos cresce mais de 100% na pandemia, Consumo de medicamentos: um autocuidado perigoso, etc.
Quem não conhece hoje um pessoa que toma algo sem prescrição ou que nem diagnóstico (olha a medicalização) tem.
E, em muitos casos, também há um descaso (ou descuido) com a “responsabilidade da ingestão medicamentosa” que afeta o biológico (pesquisa aponta que 77% dos brasileiros têm o hábito de se automedicar), afinal você está fazendo a ingestão de algo que será processado pelo seu rim, fígado e que em conjunto com outras substâncias tem efeitos adversos, sem contar nos muitos alertas do processamento dos fármacos pelo corpo.
Daí se tratar de um assunto tão sério e que precisa de análise individual.
Mas eu devo pedir pro meu psicólogo indicar medicamentos?
Há de se saber e ficar claro o seguinte: psicólogo não prescreve ou indica medicamentos no Brasil, isso é atribuição de um médico, mas psicólogo pode encaminhar ou não, avaliar e indicar um determinado caminho – não medicamentos – para trabalhar em conjunto com o médico que será o profissional que avaliará e prescreverá algo.
Segundo, é importante entender que os remédios de tarja preta são aqueles que agem no cérebro e têm ação sedativa, analgésica ou estimulante, apresentando ou não um maior risco de dependência ou tolerância, e, por isso, contém na embalagem a frase “Venda sob prescrição médica, o abuso deste medicamento pode causar dependência”.
Então, depois de tudo isso, devo ou não tomar remédio? Depende.
Faça-se as seguintes perguntas: ele foi prescrito por um médico? Você está seguindo as orientações adequadamente? Todas as suas dúvidas sobre o modo de utilizar o medicamento foram tiradas? Ele causa efeitos colaterais há que níveis? Ele reduzirá o seu sofrimento? Você está acompanhando o uso de uma equipe multidisciplinar? Você tem urgência, necessidade e vê relação direta com do uso com os resultados esperados?
Essas são perguntas essenciais para decidir e nesse caso, também recomendo conversar com o seu psicólogo. Amadurecer a ideia. Entender o motivo, a dinâmica e o que se espera.
Afinal, nenhum profissional qualificado e bem preparado vai dar um remédio para você como se fosse um confeito.
Espero que tenha gostado do conteúdo.
Se você é um profissional médico, da farmácia e gostaria de escrever para o Psico.Online, está mais que convidado. 🙂
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