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Qual a diferença entre o psicólogo e o paciente? 4 hipóteses e algumas opiniões. O que você pensa sobre isso?

Categorias: Profissão
psicólogo e o paciente

Um dia desses ao ler as pesquisas feitas no site me deparei com a pergunta: qual a diferença entre o psicólogo e o paciente?

Primeiro pensei: será que a dúvida seria sobre a diferença entre psicólogo e psiquiatra

Não fazia sentido, não era o que estava escrito. O que havia era: a diferença entre o psicólogo e o paciente.

Então, resolvi escrever sobre as diferenças entre o psicólogo e o paciente, por mais estranha que me pareça a ideia. 

O que você imagina que seja a diferença? Deixa nos comentários?

Aliás, fica a sugestão de que, ao terminar este texto, ir conferir a saga: psicólogo tem paciente ou cliente? É outra dúvida recorrente.

Mas sem fugir muito do assunto e nem enrolar mais para que o google reconheça nosso texto: vamos para a grande diferença entre o psicólogo e o paciente. 

Na minha opinião, nenhuma.

É. Não há nenhuma diferença que seja – ao meu entendimento – digna de destaque. 

Você acreditava que tinha? Qual? Comenta, de verdade, gostaria de saber. Ainda assim, segue a linha de raciocínio que tomei para chegar até essa resposta.

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Photo by Abby Chung on Pexels.com

Hipótese 1: a diferença está em 5 anos de faculdade e cursos

Quando pensei inicialmente na diferença entre o psicólogo e o paciente, fui para o tempo dedicado para obtenção da graduação de psicologia, dos estágios clínicos, dos cursos extra-curriculares e de aperfeiçoamento, das pós-graduações ou leituras. 

Afinal, quando o paciente procura o psicólogo está procurando por um profissional qualificado (ou deveria), atualizado, que entenda as demandas que o paciente leva para a sua sessão, não?

Contudo, nessa hora, me lembrei que tenho pacientes que são psicólogos também. 

Também lembrei que eu mesmo faço terapia e, na minha terapia, onde sou o paciente, estou apenas como pessoa, personagem da minha vida, atribuições e máscaras diferentes. Sou eu. Um ser humano com tudo o que vem no pacote. Com direito inclusive de esquecer as regras e colocá-las em descrédito por que são difíceis e também pq sinto como outro ser humano qualquer… então, não há diferença.

Logo, para mim, hipótese refutada – o curso e os estudos não diferenciam o psicólogo do paciente ou vice-versa. Sem contar que tenho pacientes muito mais estudados e geniais. 

Hipótese 2: a posição em que nos encontramos.

Essa poderia até ser uma diferença notável, mas não existe um consenso. Penso que talvez os métodos e linhas escolhidas tenham tendência para isso.

Há grupos de psicólogos que acreditam em um distanciamento, uma nulidade ou ausência de envolvimento. Neutralidade é diferente desse “envolvimento” que não poderia existir. 

Logo, a posição, para esse grupo, faria diferença. 

Contudo há grupos que não acreditam nessa forma de pensar, pelo contrário, entendem que afetam e são afetados durante as sessões terapêuticas. Que a posição é temporária e a ligação entre os seres humanos, ali, diante um do outro não apregoa uma posição fixa.

É uma troca. Uma sintonia capaz de gerar mudanças tanto em quem atende quanto em quem é atendido(a).

Logo, eu estou no time da relação, então, embora utilize ciência, consiga aplicar método, conceitos, ainda ainda há vínculo, portanto, na hipótese 2, para mim, duvidosa se há ou não interferência – a depender da linha de estudo. Ela ficará a encargo de você escolher se conseguimos diferenciar um do outro.

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Photo by Andrea Piacquadio on Pexels.com

Hipótese 3: a idade e a experiência.

Essa eu descartaria logo pelo estereótipo do ageismo (idadismo?). 

Idade e experiências são desassociados. Minha querida psico.online é mais nova que eu e a acho experiente, competente, inteligente… Hipótese 3, não se sustenta.

Hipótese 4: status

Essa é outra hipótese que me deixa desconfortável mas que é possível: estou psicólogo e o paciente está paciente. O que me incomoda é que nem sempre há paciência envolvida. Logo o paciente é ativo, não é paciente. 

Contudo, dessa ideia eu apenas desgosto, mas não consigo imaginar nada de diferente do status temporário que temos durante a sessão.

Ψ

Enfim, poderíamos continuar nesse exercício por mais tempo, mas a frase do Jung me veio muito forte e direta nesse texto: 

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”.

Logo, diante de mim, à minha frente, como psicólogo, há um ser humano com alma humana diante de outro ser humano, de alma humana, sendo humano.

E aí vem uma pergunta na sequência: se não há diferenças, por que marcar minha terapia?

Porque é na troca que o processo terapêutico se desenvolve. 

É quando você expõe aquilo que sente e permite a mediação e intervenção de alguém que te escuta, te acolhe e tem um ponto de vista diferente na sessão que é sobre você, que você pode considerar, ou desconsiderar, construindo alternativas e movimentando sua vida.

E para não ficar apenas um texto opinativo, não satisfeito com um único ponto de vista, perguntei aos psicólogos do Psico.Online: qual a diferença entre psicólogo e paciente?

Confira as respostas de alguns psicólogos e psicólogas do Psico.Online

Psicóloga Jaqueline O. A. Cruz CRP 06/132.080 no Psico.Online

O paciente é o protagonista do processo terapêutico, a figura mais importante em psicoterapia. O psicólogo é um espelho, que ajuda o paciente a enxergar algumas coisas com sua bagagem profissional, logo ele sempre irá refletir o paciente.

Jaqueline O.A Cruz
Psicóloga CRP 06/132080

Psicólogo Alex Daniel Rodrigues de Souza CRP 21/2777

No setting, há 2 especialistas: um é o psicólogo, com expertise técnica. E o outro é o paciente, com a expertise da sua vida. E é no encontro e descoberta destas expertises que se faz a terapia.

Alex Daniel Rodrigues De Souza
Psicólogo CRP 21/2777

Psicóloga Daiane Baldo Apolinário CRP 06/134495 Psico.Online

Enquanto pessoas não há diferença. O psicólogo é alguém que se profissionalizou no sentido de oferecer escuta qualificada e o paciente, geralmente, é alguém que busca por ajuda.  Mas nessa relação, às vezes pode ocorrer uma inversão de papéis: o psicólogo também se torna paciente. Mas pensando sobre a relação entre psi e paciente, acredito que é uma relação sustentada pela troca. E penso mais : quando o psicólogo chega nessa relação sem uma roupa de autoridade e não se posiciona na etiqueta do doutor, a relação fica muito melhor.

Daiane Baldo Apolinário
Psicóloga CRP 06/134.495

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