Quando não estamos ouvindo muita coisa acontece e passa desapercebida.
Uma das principais qualidades do ser humano é a capacidade de ouvir, de se sintonizar a alguma coisa ou a alguém em um estado inconsciente através da audição.
Quando nos propomos a ouvir, nos ligamos àquilo; nos tornamos parte de um conjunto.
Não é a toa vamos a uma audição pública para ouvir alguém que gostamos, ou que em uma audiência, nos coloquemos na posição de ouvintes de um determinado assunto.
Essa ligação é algo abstrato, difícil de explicar mas que a psicologia define de diversas maneiras em suas diversas linhas.
Parte de um trabalho psicológico passa por “estar ouvindo”.
Ouvindo conseguimos, além da sintonia, afetar e sermos afetados por esse momento.
Passamos a processar a entrada da informação que recebemos em um estágio de atenção, que a velocidade ultrapassa nossas melhores medições.
Há uma frase que diz: ouvir é diferente de escutar.
O escutar é parte de um sentido, assim como o ver, o táctil, o deglutido. Já quando estamos ouvindo, focamos nossos esforços em parte desse processo de sentimento. Integramos. Agregamos. Direcionamos toda a energia que temos a essa percepção.
Quando não estamos ouvindo, avançamos falando, gesticulando; distantes ou sem nos importar. Para que né? Nosso mundo entretem, requisita a nossa presença – como falamos no texto anterior.
Quando não estamos ouvindo estamos ensimesmados.
Quando não estamos ouvindo perdemos a oportunidade de nos relacionar, de agregar conhecimento, empatia, de compartilhar tempo e momentos.
Muitas vezes estamos mais dispostos a falar, a responder, a interagir pois somos cobrados o tempo todo disso, mas o estar pronto para ouvir é de um valor incomensurável.
Quando não estamos ouvindo perdemos a oportunidade de agregar, de captar conhecimento de fontes distintas e de pensar nessas fontes. Quando não estamos ouvindo, atropelamos.
Mas e os surdos?
Os surdos podem ouvir, não poderiam, talvez escutar dependendo da deficiência que os atinge.
Quando o surdo se propõe a ouvir, ele tende a focar mais esforços para participar. Quem discorda que há surdos que escutam muito bem, mas não ouvem?
A adolescência é um momento que o ouvir é trocado, a criança, perdida na infância e que só ouvia seus pais e responsáveis, passa a ouvir o mundo.
Essa mudança os faz questionar, os faz buscar e, como muitos na nossa sociedade contemporânea, deixam de ouvir e passam a falar ou apenas a fazer.
Ao ler este post, de hoje, você se lembra algum momento que deixou de ouvir alguém que precisava disso?
Leia mais sobre a prática da escuta e do momento onde estamos ouvindo
Macêdo, Shirley, Souza, Gledson Wilber de, & Lima, Monzitti Baumann Almeida. (2018). Oficina de desenvolvimento da escuta: prática clínica na formação em psicologia. Revista da Abordagem Gestáltica, 24(2), 123-133. https://dx.doi.org/10.18065/RAG.2018v24n2.1
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