Arriscar é um ato de coragem.
Quando não somos felizes estamos diante de um grande desafio. E, geralmente, sentimos não ter a força e a consciência necessária para enfrentá-lo.
Nossa opção padrão, ditada por uma educação que prioriza o externo, é buscar as causas dessa infelicidade nas circunstâncias. Diremos que nos deixam infelizes os amigos, o trabalho, o país… e assim qualquer causa que não nos obrigue a olhar para o que verdadeiramente vai mal.
Porque, ainda que seja indiscutível que podem ser muitas as condições externas que contribuem para a nossa infelicidade, a origem dela, somos nós mesmos. E se não mudamos de dentro pra fora, corremos o risco de permanecer continuamente buscando fora, o que tem a origem dentro.
Se esse é o seu caso, quem sabe te faça bem considerar o que vamos propor hoje.
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Em primeiro lugar, pare de sentir pena de si. Isso não serve para nada. A posição de vítima nos leva frequentemente a uma sensação de negligência que consegue implantar em nossa cabeça que, não importa o que façamos, nada vai mudar.
A vida nos coloca em situações que provam a nossa capacidade e resiliência para seguir em frente. Observe as pessoas ao seu redor, se centrando naquilo que tem, em quem os quer bem em quem querem bem, ao invés de se centrarem no que não tem ou no que perderam. É uma forma muito mais saudável de enfrentar o mundo.
Você cometerá erros? Claro que sim! E aprenderá com eles se não permitir que te definam. É sua a decisão de pensar em ti como uma pessoa que cai e se levanta ou como outra que permanece no chão à observar suas feridas.
Nos programaram, fazendo-nos pensar que o que precisamos é a perfeição, que tudo seja previsível. E não há nada mais chato que isso. Saber o que vai acontecer, todos os dias, se chama rotina e conheço poucas pessoas que gostam dela, ainda que em alguns momentos sejam importantes.
Arriscar!
Arrisque. Te dirão que não. Te perguntarão por que quer sair de sua cômoda zona de conforto. Pois diga que sim, que existem muitas coisas que não te agradam, que sentes que tua vida segue num piloto automático.
Mas te insistirão e te perguntarão “e se não der certo? Não é melhor permanecer com esse aborrecimento e acostumar-se com ele? E se você se arrepender??”
E este é mais um fator para que você busque a felicidade: deixe de depender dos outros. Em todos os sentidos.
Não faz falta a compreensão alheia, porque provavelmente não querem que você se mova. Você não tem tempo para isso.
Cada um que lide com a sua própria decisão, mas VOCÊ já decidiu arriscar-se!
Retirado de Cámbiate (traduzido e adaptado)
Uma resposta
Curioso o tema, ele é objeto de uma proposta minha, voltada para o universo escolar, tanto público quanto particular, para administrarem melhor a relação com alunos peraltas, hiperativos e “ariscos”, do ensino Fundamental ao Médio. Na verdade arriscar-se está ligado à característica que adquirimos desde cedo de “auto-desafio”, nos imposto pelo inconsciente para manter-nos ocupado e não pensar na carência da falta dos pais. Como isso ocorre numa infância muito pequena, o inconsciente identifica e protege o pequeno corpo (com presente de grego), impondo-lhe o auto-desafio e sem limites. Isso explica as peraltices dos anjinhos, do tipo que deixa até Deus de cabelo em pé rsr. Depois acompanha a idade da pessoa até a fase adulta ou enquanto ainda o corpo corresponder os caprichos do inconsciente. Mais tarde, quando jovens e adolescentes (ainda influenciados pelo desafio), continuamos à querer nos superar. Dependendo do modo de vida que leva, essa superação pode tender para os dois lados, o lado errado da vida ou o lado correto porém arriscado, como por exemplo, pular de parapente do alto de morros ou arranha-céus. O pior é que faz porque pensa que gosta. Se um dia vier fazer terapia e descobrir a razão, pode até vir à perder coragem. Com relação aos alunos, comportamentos hiperativos e arredios seguem a mesma filosofia, contudo aqui, quem tem o poder de ajudá-los é a escola, como ? Correspondendo ao desafio deles, dando-lhes a chance de fazerem escolhas, não entre ser punido ou estudar. Mas entre ser ou não punido, pois caso escolha não ser punido, não restará outra alternativa senão voltar-se para o estudo, em razão do ambiente que está naquele momento.
Isto pode ser feito através de um sistema de advertência progressiva, culminando aí sim, para o castigo ou punição. Esta iniciativa o ajuda à fazer escolhas futuras, dando prioridade ao que lhe for mais benéfico (do que gratificante), evitando que se meta em situações erradas. Facilita também aos pais na educação, pois basta que dê sequência no que já está sendo feito. Enfim, todos saem ganhando. Também a escola, porque os alunos aceitam (mesmo que à contra gosto), porque quem determina é o seu inconsciente e isso fará com que os alunos tragam para a escola, colegas insatisfeitos em outras instituições. Uma propaganda barata, eficaz e contínua. Espero que essa idéia se espalhe o mais rápido possível, pois assim eliminaremos as ameaças de virem à tornarem-se futuros usuários de drogas, porque o auto-desafio estará sendo correspondido de maneira saudável, eficaz, inteligente e o que é melhor, atribuindo-lhe o limite que o inconsciente não lhe deu.
Professor Amadeu Epifânio – Psicanalista
Personalidade Reativa Comportamental
Influência Pregressa em Respostas Emocionais