A culpa não é minha, é sua! Foi quase essa a frase que “li”. Aconteceu outro dia, recebi a culpa por uma responsabilidade que não era minha e, a dona da responsabilidade, deixou claro que o problema não era dela.
Já falamos da culpa em outro sentido por aqui, que ela envenena a alma. Então…
Se não era dela, e estávamos em um diálogo, era minha. Aceitei. Naquele momento os prós e os contras diziam para não continuar uma discussão com alguém que não estava se percebendo. A culpa não é minha…
O caso foi simples: entrei em um novo grupo do Facebook; daqueles que você troca informações sobre um determinado tipo de assunto para qual o grupo fora criado.
Escrevi um post me apresentando e nesse mesmo post indiquei uma página falando algo fora do assunto (off topic) enquanto me apresentava e tentava me enturmar.
O post foi apagado.
Recebi uma mensagem privada e fui orientado a não cometer o erro de falar algo fora do assunto proposto pelo grupo pois era a “minha obrigação” conhecer a regra. “A regra”. E como não conhecia e fiz o off topic, a culpa era minha.
Parei um pouco e conversei com a moderadora, uma jovem, bem educada, simpática e bem instruída. Expliquei que o meu post não estava totalmente “fora do assunto”, mas ela foi irredutível e já havia apagando meu comentário, sugerindo que eu começasse novamente.
Pensei por um momento, agradeci e respondi que não voltaria ao grupo, que procuraria a informação em outros lugares da Internet, principalmente por que não existiu uma conversa. Como assim? Ela estava me avisando agora!
Oras, fui julgado e considerado culpado, punido e depois informado que deveria procurar conhecer as regras daquela sociedade (e nem me contaram onde essas regras estavam). Exagero?
Essa situação foi apenas para ambientar o caso. A ideia é falar de outros contextos onde acontecem a mesma coisa.
Paralelos da Culpa
Se você chegou até aqui, vai perguntar: quanto drama, onde a psicologia entra nesse chororô todo? Pois bem, como tudo na vida, tem outros pontos de vista.
Primeiro paralelo: eu nasci, fiz uma coisa errada, fui colocado de castigo e fui “ralhado” a não repetir o erro pois era a minha obrigação saber que “pintar a parede com fezes” estava errado e era minha obrigação conhecer as normas. Logo, eu residia e fazia parte da sociedade local: minha casa.
Muito radical?
Mais uma, simplificada: erro, punição, orientação para procurar a orientação. Entendeu o problema?
Quando você se dispõe a orientar deve pré-supor que seu orientado não sabe e por não saber, desconhece. Mas a culpa não é minha se ele não sabe. Claro que é, quem está mais tempo e orientando, moderando?
O caminho adequado seria orientação, erro, orientação, punição (para não tirá-la da equação aqui) embora muitas vezes punir não resolva o problema. Em alguns casos, até resolve a curto prazo, mas não costuma ser eficaz a longo. Converse com psicólogo Analista do Comportamento sobre isso.
Claro, há sempre os espertinhos que dizem que não sabiam e querem tirar vantagem, mas não os coloquemos nesta conta.
Vamos ao “sequestro de responsabilidade ou culpabilidade”. Acaba sendo mais ou menos a frase do Homer Simpson:
“A culpa é minha e eu a coloco em quem eu quiser.”
Não gosto de generalizações, elas são equivocadas, mas é mais fácil culpar ao outro do que a si mesmo. E, em alguns casos é mais fácil dizer que a responsabilidade é do outro e não sua.
Para se perceber é necessário entender ambiente, ter experenciado diversos momentos e aprendido com eles. É necessário se perceber ao ponto de assumir a culpa se ela for mesmo sua. É o ato de desculpar-se efetivamente por um erro cometido e aprender com ele.
O sequestro da responsabilidade é uma artimanha vil de auto defesa pedante. Que não tem força para assumir ou para seguir em frente diante de um ponto de vista contrário. Que não deseja reavaliação. Que não deseja construir, que apenas, sequestrar. A culpa não é minha. É sua. Já que era minha, sequestrei e a mantive cativa.
O que fazer, se a culpa não é minha?
Entenda que o movimento continuo no tempo permite a todos que repassemos nossas certezas e nossos desafetos. Que todos aprendem a cada instante.
Se a dificuldade for grande, um psico poderá auxiliar a encontrar essa maturidade. Abrir os canais da percepção para que você tenha em mente que a culpa, quando é sua, é sua. Não é do outro.
Se você não orienta e castiga, é vil. Se não sabe e não pergunta, muitas vezes está estático e o mundo, sinto felicidade em dizer, é movimento. 😉
Respostas de 2