Velha, essa palavra vem carregada de significados.
Entre tantas coisas, aquela ou aquele que tem muito tempo de vida ou de existência ou que data de época remota; antiga e que é antigo numa situação, função, profissão que se deteriorou; gastou pelo uso.
Que se contrapõe ao moderno; antiquado, obsoleto.
Ao menos é o que diz o dicionário e convenhamos, é o que muita gente pensa da velhice.
A velhice, assim como todas as fases da vida, abriga duas idéias complementares e opostas; a primeira de desgaste. De diminuição, de enfraquecimento; a segunda, de acréscimo e de maturação. Envelhecer e perder e ganhar. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida
Quando falamos de um objeto, essa deterioração faz sentido, é concreta. Velha.
Porém ao apontarmos para uma pessoa erramos feio: atribuímos exageradamente ou deixamos de atribuir experiência, e ao denominarmos como velha reforçamos a deterioração e incapacidade à pessoas que têm mais idade.
Oi? Como assim você mede ou estabelece esses limites em alguém? Não faz o menor sentido!
Falar que ele ou ela é velha, além de grosseiro é muito incorreto.
Vamos entender?
Muitas vezes formamos uma imagem de Gerontocracia (uma sociedade liderada por anciões) em nossas memórias devido aos filmes: aqueles que trazem os índios ou os conselhos de uma sociedade baseada num grupo de idosos.
Noutras vezes, quando se pensa na velha ou no velho, mal se dá valor ao conhecimento existente ali.
Tudo passa tão rápido portanto por que pararíamos para ouvir o que eles tem a dizer se é tão devagar? (isso é puro achismo).
Eles são ultrapassados, não conseguem acompanhar a fala rápida, os termos novos. (Pelo menos é o que acontece em alguns casos).
São lentos como nosso celular antigo. (será?)
Também logo se pensa naquela figura encurvada, de cabelos brancos, fala lenta e passos curtos.
Cadeira de balanço.
Tantas outras coisas: se você tiver um visão diferente, comente, é importante que você diga que há algo de incorreto nessa concepção.
Mas essas são as principais visões da grande maioria dos jovens e daqueles que não estudam o envelhecimento e a longevidade.
Que deixam de perceber no mundo o principal: a diversidade.
Os tempos mudaram, acredite, nossa população mundial embora envelheça a cada dia têm muito mais recursos para tornar a velhice ágil, saudável e elevar padrões que antes eram estabelecidos.
A Expectativa de vida na maioria dos continentes já ultrapassa 60 anos, segundo dados do Banco Mundial. E há países que essa “gente velha” tem conquistado a independência e gerado grandes revoluções.
#Velha É essa Sua Ideia
O desenvolvimento abrange processos fisiológicos, psicológicos e ambientais contínuos e ordenados, ou seja, segue determinados padrões gerais.
Tanto o crescimento como o desenvolvimento produzem mudanças nos componentes físicos, mentais, emocionais e sociais do indivíduo, independentemente de sua vontade.
Mas o mundo está mudado.
Pesquisas e tecnologia tem dado oportunidade de seguirmos em frente.
Por exemplo, uma pesquisa americana analisou dados históricos e concluiu que rotinas mais saudáveis podem estender vida por mais de uma década [1] no mínimo!
A primeira geração dos novos-velhos define, nos países desenvolvidos, um novo conceito de idoso.
Nada de ficar mofando diante da televisão, de passar o tempo jogando baralho com os coetâneos (que possuem a mesma idade), de preparar a mamadeira dos netos. Nada daquela velha imagem de uma velha gagá.
Os novos-velhos viajam pelo mundo todo, entram em universidades , lêem, estudam, se divertem, gostam de amor e de sexo.
A revolução da Longevidade
Ursula Lehr professora doutora Honoris Causa, Diretora do Centro Alemão de Pesquisa sobre o Envelhecimento da Universidade de Heidelberg/Alemanha apresentou uma palestra no Pré-Congresso do Congresso Mundial da International Association of Gerontology, Singapura, 17 de agosto de 1997. [2] enfatizou que as sociedades precisam se adaptar a um número cada vez maior de pessoas idosas, aproveitando as capacidades e potenciais deste grupo populacional e criando estruturas que atendam a necessidades específicas.
A palestra é específica da Alemanha mas no Brasil, os dados também apontam para que a sociedade como um todo tenha em mente que a velha ideia de uma senhorinha ou um senhorzinho está velha e essa sim, ultrapassada.
Que a ambiguidade entre o que a grande maioria das pessoas acha e vê e o que está acontecendo possuem uma lacuna imensa e que já passou do momento de pensar no futuro.
Que passar dos 60 e morar sozinho passa a ser um processo que precisa ser pensado em família (inclusive publicamos sobre isso aqui no Psico.Online).
E que afinal: estar velha para isso ou para aquilo acabou ficando no passado.
Então aqui vão algumas sugestões para você que acha que está velha demais para isso ou aquilo.
- Velhice é uma construção social que tem vários fatores envolvidos, você pode se sentir velha ou alguma pessoa pode até aludir isso, mas acredite, isso é apenas fruto de um monte de informação distorcida.
- Há alguém mais “velho” que você fazendo coisas “mais legais” que você.
- Assista o vídeo dessa campanha da Natura:
E então? Você ainda acredita que está velha para alguma coisa?
Velha referência:
[1] Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/05/01/Quais-h%C3%A1bitos-aumentam-a-longevidade-segundo-este-estudo
[2] Leitura Recomendadíssima: http://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/view/4649