Tempo: De uns tempos pra cá, os estudos que mais têm me chamado a atenção são os relacionados ao tempo.
Mas não daquele tempo relativo ao clima, ou aqueles estudos sobre o tempo futuro, em cumprimento de metas e prazos, ou lá daquele tempo passado, cheio de nostalgia…
Não, meus leitores, quero me referir a esse tempo que todos possuímos mas poucos param para refletir: o tempo presente.
Mais especificamente com a pergunta: o que estou fazendo com o meu tempo? Estou vivendo ou apenas existindo?
É comum os estudos de Psicologia Social referentes a influência da cultura do capitalismo em nosso modo de agir e de pensar.
Com isso, vem aquela ideia do capitalismo: “preciso trabalhar”, “preciso lucrar”, “preciso fazer isso, não posso perder tempo”, “queria ter feito isso…”.
Nooossa, são tantas obrigações, tantos afazeres que deixamos de olhar à nossa volta, vivendo no “automático”.
Deixamo-nos dominar pelas pressões, e isso nos torna, aos poucos, seres rasos, vazios, inautênticos, deixando de olhar para aqueles instantes que não tem como “reprisar” de novo.
Morremos aos poucos, sem nos darmos conta.
E não é aquele “morreu de morte morrida”, mas aquela morte simbólica, aquela sensação de como se estivéssemos esgotados, fisicamente e mentalmente (aquela frase: “tô morta”).
Com um enorme “peso” nas costas, ou até mesmo presos à nossas velhas e doces lembranças da infância e da adolescência, onde tudo era melhor, mais bonito, não tinha problemas (e agora tem).
Até mesmo presos a amarras do passado ou na ânsia da espera do futuro, presos ao “ter estado lá”, ou “martelando” coisas que nem sequer vivenciamos ainda.
Morremos aos poucos, sentindo aquela angústia que não sabemos o que é, na ânsia de chegar as férias ou “a festa”.
O fim de semana, vivendo de “lá e então”; ou o tédio, no “troca troca” de canais da TV, ou até nas redes sociais, fazendo aqueles testes no Facebook (eu era assim).
Mas por que não dar uma chacoalhada nesse “agora”? O que estamos fazendo com ele?
Será que é tão difícil compreender que a maior parte dos entraves psíquicos e emocionais (até os transtornos mentais) estão ligados ao modo como encaramos e vivenciamos o tempo e nosso modo de agir a ele?
Muitos psicólogos afirmam que as duas coisas que mais atrapalham a vida de uma pessoa são as lembranças do passado e as expectativas do futuro, sendo os principais geradores de sofrimento e angústia.
Esse artigo é um grito de uma estudante de Psicologia (que também fez psicoterapia) a incentivar outras pessoas a buscarem psicoterapia, que tem como principal intuito a redescoberta de si mesmo e ampliação de novas maneiras de ser, pensar, agir e enxergar o mundo.
Tenho elaborado muitas coisas, e uma delas foi os estudos sobre a morte, e como esse tema mexeu comigo, me incentivando a escrever esse artigo!
Infelizmente muitos de nós (até estudantes de Psicologia) sofrem com o tabu ao falar a respeito desse tema que, muito mais do que falar de morte, deveria falar-se da vida!
Depois que sofri algumas perdas e posteriormente me deparei com os estudos da psicologia da morte, de Elisabeth Kubber Ross (recomendo muuuito – referências lá no final do texto), passei a viver mais intensamente, a sentir mais, a buscar novos sentidos e habilidades que nem sabia ter.
Isso aconteceu comigo, como um exemplo: através da arte, onde pude dar um novo significado para meu estresse e minhas dores (além da psicoterapia né rs).
Poderia estar fazendo outra coisa nesse exato momento, mas resolvi escrever esse artigo num belo fim de tarde (sempre quis escrever isso, como naqueles livros literários rsrsrs).
Meu intuito é despertar em você o interesse em viver o aqui-e-agora, intensamente!
E pra viver intensamente não precisa obrigatoriamente de uma viagem pra Disney, Nova York, uma praia deserta, ou qualquer lugar de sua preferência, ir para festas e beber todas ou fumar um “baseado”.
Só de sentir que está vivo e possuir plena liberdade de escolha para viver das pequenas coisas, grandes momentos, procurar e estar perto de quem a gente ama, rir, fazer o que gosta, isso não tem dinheiro que pague.
Deixar de lado o orgulho e o ressentimento e dar luz ao perdão… isso sara a alma!
Quantas vezes vi um de meus professores relatar em suas aulas sobre sua atuação no hospital, em como que pessoas à beira da morte clamam por querer mais vida, pra abraçar, perdoar, beijar, amar, dançar, fazerem o que gostam, sem “perder seu tempo”, querendo mais afeto humano no lugar da dor, e agora se veem sem tempo para fazer…
Quando iremos dar voz ao nosso SENTIR?
Quando iremos dar voz a nossa vida que pulsa, todos os dias?
Já estamos em julho, e ontem foi natal e ano novo. Corra, pois ainda dá tempo! 😉
REFERÊNCIAS
KUBLER-ROSS, Elisabeth; KESSLER, David. Os segredos da vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
POMPÉIA, Augusto; SAPIENZA, Bilê. Na presença do sentido: uma aproximação fenomenológica a questões existenciais básicas. 2 ed. São Paulo: EDUC; ABD, 2016.
SCHIRATO, Maria Aparecida Rhein. Sentir a morte, comemorar a vida: a psicologia da morte. São Paulo: CEF-Mounier, 1992.
SILVA, Andressa Conceição Souza da; SOLEDADE, Julian da Silva; MELO, Jefferson dos Santos. A versão de sentido no Hospital: Enfoque fenomenológico-existencial da vivência no Hospital de Emergências de Macapá. Revista Arquivos Científicos (IMMES), v. 1, n. 1, p. 21-27, 2018.
Uma resposta
Adorei seu texto.
O que temos em nossas mãos é o PRESENTE.
Fazer ações HOJE e não esperar para Amanhã,
Quero aproveitar para convidar você para visitar nosso blog anameensinou.com
Eu e meu marido criamos este blog rescentemente para contar nossa história com nossa filha especial .
Ana Beatriz nos ensinou a viver o HOJE. Fazer o melhor a cada dia
Hoje ela não está mais entre nós mas queremos compartilhar nossas experiÊncias e com isso ajudar pessoas que possam estar passando por situações semelhantes.
Nos ajude a compartilhar.
Mais uma vez, parabéns pelo texto.