Como é difícil esperar o tempo, do outro, não é mesmo?
A ansiedade bate forte. É muito difícil esperar.
Esperar, afinal? A pessoa resiste. Ela quem tá “errada”.
E, o outro ainda argumenta embora “esteja se prejudicando”.
Tomou o “caminho errado”. Paciência. De maneira alguma, sou brasileiro, não desisto nunca de quem eu amo.
Ah, pois, EU (!) discordo que ela siga nessa direção. Não faz sentido! Vou mudar a cabeça dela.
Como é comum esse diálogo nos dias de hoje.
Observe que curioso: para você que lê, eu, que escrevo, sou o outro e para mim, que escrevo, tomo você por outro, a outra pessoa. Esse tal “o outro” que precisa de tempo, ao mesmo tempo é você e também sou eu.
O “seu tempo” precisa ser respeitado. Mas, e o meu? Você o respeita?
Diria, talvez, que quem tem o conhecimento desta informação, e que não é mais ignorante dela, tem a responsabilidade de respeitar o tempo “do outro”. Sinto muito, por você.
Como funciona o tal tempo do outro.
O tempo do outro dá a possibilidade dela/dele/de eu compreender, aprender, entender, ver, perceber, sentir a necessidade ou a responsabilidade ou ainda a obrigação de tomar ou não atitudes em relação a algo ou alguma coisa.
Já lhe obrigaram a comer quando você não sentia fome? É quase assim, forçar o tempo do outro, empurrando goela abaixo, algo que não cabia (ou cabe).
Mas como saber?
As vezes é só um pequeno bocado, noutras é o gatilho para vomitar tudo e passar muito mal. Você aprende. Aprende a ouvir, perceber no noutro a dor, o amor, o orgulho; todas essas emoções que nem são tão pequenas para serem ignoradas.
É como na imagem do nosso post do Instragram sobre esse assunto. Ovos nunca voarão.
E o que é possível fazer?
Além de aprender a ouvir, perceber que você não está respeitando ou tendo o seu tempo respeitado? Dar acesso. Acessar.
Ouvir também quem não pensa como você. E olha, isso é o mais difícil. Sorrir e concordar com aqueles que concordam com nossas ideias, conceitos é muito simples, mas suportar nãos, críticas muitas vezes infudadas ou pouco fundamentadas, quase ignorantes, dói.
Mas é nessa hora que é importante abrir portas e janelas (no figurado, claro). Deixar que o outro tenha informações. Afinal, serei tão prepotente para achar que ninguém mais tenha algo para transmitir?
Mediar o que é necessário.
Você não deixa de alimentar um bebê até que ele ou ela grite: “oi, tô com fome”. Até pelo motivo dele ou dela ainda não saber como dizer isso. Expressar o que está sentido, ainda só no choro. Parece familiar?
Contudo você não força. Demonstra. Testa. Ensina. Inúmeras e incontáveis vezes. Repete e repete novamente.
E se você é jovem, mesma coisa para quem é mais velho. Você repete. Se prova. Diz e também tem que aprender a ouvir. E da-lhe paciência.
Todo o processo do tempo do outro é avaliativo. Você ouve, percebe, oferece e é recusado/recusada. Em raras, muitos raras exceções, você força. O forçar gera atrito. É violento. Você gostaria de ser violentado ou violentada para algo que você ainda não está pronto ou pronta para receber?
Forçar o tempo é uma violência.
Quando você força o tempo do outro ou o seu próprio tempo (sem controle de mediação) algo ruim acontece.
É o atleta que força demais o seu corpo e se machuca. Pode se machucar muito ou pouco e é imprevisível, incontrolável.
E então? Como você anda avaliando o tempo do outro é o seu próprio?
Será que você tem ouvido? Entendido? Buscado entender motivos? Causas? Razões para o outro não pensar como você? Será mesmo que você sabe mais que o outro? Talvez sim ou talvez não. Você nunca sabe quem está na platéia te ouvindo.
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