Acho que uma das coisas mais difíceis da vida, é a gente saber o que falar quando alguém morre.
Dá aquele aperto no peito, a gente tenta ensaiar frases de aconchego, de respeito, mas a verdade é que nenhuma frase será capaz de confortar o coração de quem acaba de perder alguém.
A morte é uma certeza para todos nós, a única certeza absoluta que temos na vida e ainda assim, não sabemos muito bem como lidar com ela.
Perdemos o chão ao perder alguém que amamos, nos sentimos desamparados, injustiçados e muitas vezes não sabemos como agir.
Levando isso em conta, será mesmo que a gente precisa ouvir ou ter o que falar quando alguém morre?
Pois é, talvez não.
A perda deixa um buraco e esse buraco vai ser preenchido com o tempo, com a significação e o encerramento do luto e, nessa fase, o mais importante é sabermos que não estamos sozinhos.
Ao invés de saber o que falar quando alguém morre, precisamos saber ouvir aqueles que viram um ente querido partir.
Ter um abraço, um colo, uma casa, uma comida preparada com carinho, costuma ser o melhor remédio para dor da perda. Estar a disposição, ajudar nos tramites ou em último caso evitar que a situação fique ainda mais desconfortável.
Então a nossa dica é: não precisa falar nada, esteja ali, pertinho, disponível.
Demonstre empatia e compreensão, sensibilidade.
Deixe que a pessoa enlutada se sinta acolhida e segura.
Evite falar coisas como: “ela partiu para algum lugar melhor”, se for crianças, evite falar “ela virou estrelinha”. Aliás, a lista é grande para se evitar:
- Bem, ele/a já estava muito velho.
- É melhor assim.
- Ele/a deixou de sofrer.
- A vida é assim.
- É a lei da vida.
- Essas coisas acontecem.
- Você é jovem, pode refazer sua vida.
- Você é jovem, pode ter outro/a filho/a.
- Você vai superar, você é forte.
- Não pude ir visitá-lo/a porque não gosto de hospitais.
- Você o/a encontrará novamente no céu.
Essas palavrinhas carregam muita dor consigo e podem transformar o sentimento em coisas que não são necessariamente verdades.
E embora o luto e a morte seja um tabú na nossa sociedade, ela é natural, e precisa ser vista dessa maneira.
Então, no lugar disso, deixe a pessoa falar o que quiser, seja apenas um ombro disposto a acolher a dor. As vezes, o silêncio é o melhor remédio. O ouvido e a escuta são importantes.
Mas se preferir você pode usar frases como:
Não há palavras para dizer o quanto sinto muito, mas apenas saiba que me importo;
Consigo imaginar a sua dor, e estou aqui com você, conte comigo.
Como você está? Como você se encontra? Posso ajudar em alguma coisa?
Lembre-se que agora não é a hora de usar a razão, de racionalizar ou gerar um debate. É um momento de dor e de acolhimento. Permita-se sentir.
E por fim, cuide para que essa pessoa não fique sozinha nos próximos dias. Esteja por perto, chame-a para um café, uma viagem, um passeio e assegure-se de que ela tenha sempre com quem desabafar e contar.
Leia também: Cinco fases para vencer o luto.
COMBINATO, Denise Stefanoni; QUEIROZ, Marcos de Souza. Morte: uma visão psicossocial. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 11, n. 2, p. 209-216, Aug. 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2006000200010&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Jan. 2021. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2006000200010.