Antigamente chamado de Transtorno de Múltiplas Personalidades, o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) afeta de 1 a 3% da população, e para essas pessoas a vida é muito diferente do que estamos acostumados.
Você se comporta de forma diferente em situações diferentes, certo? Só que você continua sendo você, lembra de sua história de vida, sente suas dores. Você é você mesmo/a quando está bravo/a, triste, feliz ou angustiado/a.
No TDI uma pessoa possui duas ou mais identidades diferentes. Normalmente a causa são traumas ocorridos na infância, e o principal tratamento é a psicoterapia. Entenda melhor este transtorno:
O QUE É O TDI? Múltiplas personalidades
Uma pessoa com TDI possui duas ou mais personalidades diferentes, que alternam entre si no “comando” da pessoa, em diferentes situações.
Cada personalidade pode ter nome, idade, história de vida, temperamento, habilidades, condições de saúde, sexo e sexualidade diferentes. Curiosamente, em 85% dos casos uma das personalidades é uma criança.
Os casos registrados apresentam, em média, 13 personalidades, embora já tenham se conhecido casos com até 100 personalidades.
Normalmente existem “gatilhos” que levam uma personalidade a tomar o controle. Ou seja, as identidades se revezam de acordo com a situação, se precisar ser mais agressivo, ou mais extrovertido, ou mais pacífico, etc.
Há casos em que a pessoa com TDI tem conhecimento da existência dessas personalidades, e há casos em que não. Não existe uma regra. E geralmente há uma personalidade “central”, que se reconhece com o nome real da pessoa.
Como, muitas vezes, a pessoa com TDI não escolhe qual das personalidades irá entrar em ação, isso causa diversos problemas em sua vida pessoal, profissional e social.
Outra característica comum do TDI é a ocorrência de lacunas na memória, quando uma das personalidades atua, as demais, ou pelo menos a central, não tem lembranças disso.
O TDI é o mesmo que possessão espiritual?
Não. Em muitas culturas e religiões, estados de possessão são comuns e fazem parte do contexto, mas estas são aceitas e até incentivadas pela pessoa e pela situação.
Já no TDI a identidade alternativa provoca angústia e comprometimento nas atividades da vida cotidiana, pois surgem em horas e locais por vezes inapropriados, e sem relação com a religião da pessoa.
Como é feito o diagnóstico?
O TDI é um transtorno de difícil diagnóstico. Levando em média 7 anos entre o aparecimento dos sintomas até o diagnóstico.
Este processo diagnóstico inclui entrevistas que vão investigar os sintomas, a história de vida da pessoa e descartar outros transtornos que podem ser confundidos com o TDI.
Será feita investigação sobre as lacunas na memória, precisando excluir esquecimento, problemas neurológicos, ou amnésia por uso de alguma droga.
Também é preciso identificar se existem comorbidades, doenças que a pessoa também pode ter além do TDI, como ansiedade ou depressão.
Este é um transtorno raro, estudos mostram que a ocorrência é de 1 a 3% na população em geral, e ocorre mais em mulheres que são, aproximadamente, 92% dos casos.
Quais são as causas?
A principal causa deste transtorno é a ocorrência de um trauma ou traumas na infância. Como abuso sexual, físico e/ou psicológico, maus tratos diversos ou exposição à ambientes imprevisíveis, violentos ou amedrontadores.
Para lidar com situações difíceis, medos e dores de situações traumáticas, pode ocorrer uma dissociação, ou seja, ato de se separar, numa tentativa de se distanciar da experiência traumática.
Com o tempo a dissociação pode afetar o desenvolvimento da personalidade, formando identidades separadas e autônomas, que passam a assumir partes do conflito e assim, diferentes identidades lembram de diferentes dados da história da pessoa.
Sobre o tratamento do TDI
Não existe uma “cura” para o TDI, porém o tratamento a longo prazo oferece melhora para que a pessoa possa levar uma vida mais produtiva e menos confusa pela atuação das outras identidades.
O tratamento mais indicado para esse transtorno é a psicoterapia. Não existem medicamentos para os sintomas de TDI, mas é indicado o uso de medicação para transtornos que podem ocorrer juntamente, como depressão, ansiedade ou uso de drogas.
A psicoterapia vai trabalhar para que haja um vínculo de segurança com o paciente, e assim, conseguir acessar a experiência traumática e ajudar na elaboração, desenvolvendo formas de lidar com aquela dor a fim de minimizá-la.
O objetivo final seria buscar a integração das identidades, mas na maioria dos casos o possível é atingir uma comunicação, relação pacífica e cooperativa entre as personalidades presentes.
Dicas de filmes
Você gosta de personagens intrigantes e reviravoltas na história? No cinema, as múltiplas personalidades foram inspiração para belos roteiros de filmes, alguns mundialmente aclamados e considerados clássicos.
Se você quiser ver mais sobre este transtorno, vale a pena assistir os filmes abaixo:
- Clube da Luta
- Ilha do Medo
- Fragmentado
- Psicose
- Frankie & Alice
- Eu, Eu mesmo e Irene
http://www.abp.org.br/rdp15/02/rdp_02_06.pdf
https://www.nami.org/Learn-More/Mental-Health-Conditions/Dissociative-Disorders