Recentemente, percebi que algumas pessoas que iniciam a terapia ficam um pouco confusas sobre como tudo funciona. Muitas vezes, surge ansiedade comum e um certo receio de parecer repetitivo ou repetitiva, como se estivessem contando a mesma coisa várias vezes, algo comum em conversas com amigos; o que, quero deixar claro já aqui, não é o caso.
A Relação Entre Terapeuta e Paciente
A relação entre terapeuta e paciente pode ser amigável. No entanto, é importante lembrar que não se trata de uma amizade. O terapeuta não está ali para julgar ou dar conselhos como um amigo faria. Em vez disso, ele é um profissional treinado para ajudar a organizar pensamentos, entender emoções e encontrar maneiras eficazes de lidar com os desafios da vida.
Além disso, a terapia tem um objetivo claro: refletir, crescer e, no momento certo, encerrar o processo de maneira saudável e transformadora.
O Que Trazemos Para a Terapia?
Ao iniciar a terapia, trazemos conosco histórias, emoções e experiências. Às vezes, tudo isso parece confuso ou sem sentido. Podemos falar sobre algo que nos incomoda sem entender exatamente o motivo pelo qual aquilo nos afeta tanto. Isso faz parte do processo.
Além disso, conversar com um terapeuta pode parecer estranho no começo, pois ele é uma pessoa nova em sua vida. Surge aquela dúvida: Será que ele vai entender o que estou sentindo? Será que vai me ouvir sem me julgar?
O Papel do Psicólogo
O psicólogo não está na posição de juiz, pai, irmão ou amigo. Seu papel é auxiliar o paciente a perceber melhor suas dificuldades, compreender seus sentimentos e encontrar caminhos mais equilibrados para resolver seus problemas.
Nesse contexto, entra a ideia de mediação. Isso significa que o terapeuta ajuda o paciente a estabelecer conexões entre suas emoções e os significados que elas têm em sua vida. A terapia não é apenas um espaço para desabafar, mas uma oportunidade de entender melhor a si mesmo e ao mundo ao seu redor.
Significante, Significado e Sentido
Por exemplo, imagine que toda vez que você recebe uma mensagem de um familiar, sente um aperto no peito e um desconforto. Você pode não entender o motivo disso. Durante a terapia, exploramos não apenas a mensagem em si (significante), mas também o significado dessa interação para você. Será que essa sensação tem relação com algo do passado? Com expectativas familiares? Com regras que você aprendeu ao longo da vida?
O significante é aquilo que aparece de forma objetiva: uma mensagem, um olhar, um tom de voz. Já o significado é algo que construímos com base em nossas experiências e no ambiente em que crescemos. Por fim, o sentido que atribuímos a essa experiência é único para cada pessoa e depende da sua história de vida.
O Papel da Cultura na Terapia
A cultura tem uma grande influência sobre como percebemos nossas emoções e relações. Muitas crenças e sentimentos que carregamos vêm do ambiente onde crescemos. Quando tomamos consciência disso, conseguimos diferenciar aquilo que realmente faz sentido para nós daquilo que apenas seguimos porque foi imposto socialmente.
A Terapia Como Um Processo de Construção
Ao longo da terapia, o objetivo é justamente esse: olhar para a vida com mais clareza, compreender melhor os próprios sentimentos e encontrar caminhos mais alinhados com sua essência. Afinal, não podemos mudar o passado, mas podemos aprender a dar um novo significado a ele.
Se você está começando sua jornada terapêutica, lembre-se de que cada sessão é como uma peça de um quebra-cabeça. Aos poucos, elas se encaixam, formando um entendimento maior sobre quem você é e como deseja seguir sua trajetória.
Se quiser saber mais sobre como a terapia funciona na perspectiva socio-histórica, recomendo a leitura do artigo da referencia abaixo.
Se tiver dúvidas ou quiser compartilhar sua experiência, fique à vontade para comentar. Espero que este texto tenha sido útil para você!
Referencia:
1. Lima PM de, Carvalho CF de C de. A Psicoterapia Socio-Histórica. Psicol cienc prof [Internet]. 2013;33(spe):154–63. Available from: https://www.scielo.br/j/pcp/a/V3bMjf9VW6H8sDDRdfNwfDB/