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Ansiedade e Adolescência: filhos ansiosos e parentalidade ansiosa. 10 dicas para ajudar.

woman holding her head

Falo bastante sobre ansiedade e adolescência na clínica nos últimos tempos e fora dela também.

Adolescente ansioso, adolescente ansiosa, pai ansioso, mãe ansiosa é uma parte de um todo social que grita, afinal ansiedade e adolescência são dois assuntos que têm um vasto material.

É um assunto bastante discutido, seja pelas estatísticas ou pelas notícias que não param de surgir sobre o assunto. 

Muita gente fala sobre a ansiedade: psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, farmacêuticos, terapeutas, jornalistas, universitários, amigos e por aí segue. 

Alguém sempre tem uma dica, uma técnica ou um palpite para oferecer como tentativa para amenizá-la.

E todos os que sofrem ou se arriscam a opinar  sobre a ansiedade, têm algo em comum: sintomas, sugestões normalizantes, uma terceirização que distancia responsabilidades da individualização. 

Afinal é muito complicado – e arriscado – falar de algo que interage com o “eu” e o “exterior do eu”, sem que o ponto de mediação não seja várias vezes ignorado, o que é diferente de ser esquecido. E nessas horas o foco permanece em parte dos múltiplos fatores.

Afinal, cuidar da ansiedade é um trabalho a longo prazo. E envolve lidar com os nossos medos, inclusive aqueles que desconhecemos.

Uns focam no social ou comportamental, outros no órgão (cérebro), no biológico (neuro, processos de adoecimento ou genética) e nas estratégias de associação ou associadas a outras ideias. 

Aí as tentativas vêm com dicas, mitos, estudos… O excesso de informação muitas vezes acaba causando mais ansiedade, desconfiança e desinformação. 

Por outro lado, falar muito do assunto, ajuda que algumas das estatísticas muita gente já sabe, e têm sua importância: 

O uso abusivo de medicamentos, sendo Brasil bem colocado entre os países com mais pessoas com transtornos (no plural) de ansiedade (afinal é o sétimo em população https://www.populationpyramid.net/pt/populacao/2022/) e também no uso dos remédios.

Os dados informando que 284 milhões de pessoas em 2017 (pré-pandemia https://ourworldindata.org/mental-health) teriam algum dos transtornos ansiosos, que é global… e por aí segue.

Basta clicar em um portal de notícias, procurar pelo termo Ansiedade e Adolescência para encontrar mais e mais conteúdos… 

E, no final do dia, você só gostaria de resolver a sua ansiedade ou a sua crise ansiosa, bem como as dos seus familiares e a ansiedade dos adolescentes que você se preocupa.

Aí, vem nesse pacote a adolescência.

Adolescentes ansiosos, Ansiedade e Adolescência

a fearful woman having claustrophobia in a cardboard box ansiedade e adolescência
Photo by MART PRODUCTION on Pexels.com

Falei um pouco sobre adolescência no post anterior: ​​Achei nudes no celular do meu adolescente. E agora? 7 sugestões que podem ajudar você e o(a) adolescente que escrevi com a psicóloga Jaqueline Cruz.

E, é sabido que na adolescência ocorrem mudanças significativas e que quando esse processo ocorre em um cenário tumultuado como o vivenciado no ano de 2021, é natural que sentimentos e as sensações que compõem o leque da ansiedade se tornem manifestos. 

Em Psicologia, autoras como Diane Papalia e Ruth Feldman caracterizam a adolescência como um período em que “mudanças dramáticas nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no julgamento, organização do comportamento e autocontrole ocorrem entre a puberdade e o início da vida adulta” [1]. 

Assim, podemos dizer que o adolescente está entre aquilo que ele deseja ser e o que é esperado dele.

Há um corpo mudando, perguntas, desejos e questionamentos do que pode vir a ser feito ou não da vida além de um novo conjunto social, cobrando e interagindo ali, somados, paralelizados mas quase nunca organizados.

Desse modo, para auxiliar esse adolescente em seu processo de construção é importante considerar todos os processos envolvidos ali: o físico, psicológico e o social. 

No campo da Medicina, por exemplo, podemos compreender se há algo que pode resultar em um agravo da ansiedade, se os eventos do físico estão influenciando, aumentando ou diminuindo determinadas cargas sensoriais e de percepções.

O físico tem influência com os hormônios, com o bom funcionamento do corpo, a alimentação, a experimentação e percepções físicas e motoras, crescimento…  

Para ficar menos amplo, pense no seguinte: um indivíduo, que tem uma cirurgia e toma vários medicamentos, no período que antecede a cirurgia vai ter sintomas ansiosos – mas qual o grau? Ele(a) não apresenta muitos, mas a família, vários… que impactam o indivíduo e, então, o ciclo performático da ansiedade tá montando.

Já nós aqui da Psicologia, ajudamos a detectar quais são esses gatilhos que nos levam aos quadros de ansiedade possibilitando assim, a significação de um lugar nesse mundo tão cheio de circunstâncias que nem sempre podemos compreender. Ai trabalhamos no psicológico, na autoestima, autoconfiança, mudanças comportamentais e integração social, nos limites… até onde vai o papel humano, papel do indivíduo(a), de filho(ou), parente…

E por último, mas não menos importante está o social e aí chegamos ao ponto deste texto.

É sabido, estudado, pontuado que nosso estilo de vida contemporâneo prorporciona mais fenômenos ansiosos. Tantas são as pesquisas e os fenômenos que olhamos o social apenas no fora do nosso lar, mas não é assim.

Quando falamos no fenômeno social da ansiedade em adolescentes, precisamos falar da família, do ciclo em casa e das funções daquela família.

Parentalidade Ansiosa

Há alguns tipos de adolescentes que chegam à clínica de psicologia. 

Aqueles que procuram por psicólogos e conseguem conversar com os pais – mesmo que de maneira atribulada – e tem a sua participação no tratamento. Afinal, o adolescente ainda é responsabilidade de um adulto.

Aqueles que são trazidos para conversar com um psicólogo como formato punitivo: “você está dando trabalho demais, precisa de um psicólogo”…. o que costuma gerar uma necessidade de orientação parental maior que um tratamento no próprio adolescente…

Aqueles que o problema são os pais, mães, família… a parentalidade, e acabam buscando ajuda sozinho ou são membros estranhos ao núcleo familiar que o(a) auxiliam.

Mas antes de avançar, vamos parar um pouco para explicar o que é o termo parentalidade quando falamos da ansiedade e adolescentes.

“O termo parentalidade, tal como usado hoje, identifica uma série de valores culturais agregados ao longo da história, envolvendo afetos, cuidados, histórias pessoais das famílias, bem como, a individualidade e singularidade de cada genitor. O importante é notar que nenhum dos autores se refere a alguma organização familiar de determinada época como estanque e, sim, como instituição da sociedade que se altera dinamicamente de acordo com a época e, portanto, também se altera na forma de ser pai e mãe. [2]

Ou seja, quando falamos de parentalidade, falamos das pessoas responsáveis por esses valores culturais, afetos, cuidados… etc… que podem ser pai e mãe, como pode ser famílias que têm estruturas diferentes, mas que a responsabilidade está em outro membro.

Sabendo disso, é preciso compreender que a ansiedade tem um modelo muito particular de impacto de outros membros, principalmente, devido ao medo, insegurança e incerteza que é transmitida.

Vamos ao exemplo:

Pais e avós ansiosos, farão netos e filhos ansiosos”.

Primos, parentes próximos, cuidadores, agregados ansiosos vão “ensinar” ansiedades e transmiti-la.

Mas é um contágio? Não. É mais sutil que isso, é acumulativo e vai se expandido como um pequeno incêndio. Avôs e tios ansiosos que convivem, vão mostrar variáveis que não existiriam e que “precisarão ser observadas”.

Por exemplo: Um jantar em família, um dos membros tem ansiedade e alguma fobia, desde o momento do começo da preparação ou da notícia começa a falar, pontuar, organizar… se é um membro influente, suas ações são percebidas e adequiridas (copiadas) boas ou más. Em seguida, ações são tomadas de acordo com a ansiedade e com “o que poderia acontecer se”…

Acontece uma vez, duas, três… criança vira adolescente nesse ambiente e quando chega a vez da criança preparar o jantar… a ansiedade de todas as necessidades atendidas ultrapassa a sua própria.

Nem tudo é culpa dos pais, nem tudo não é…

O ruim de trabalhar com textos abertos e que exploram situações pontuais é que nem sempre dá para delimitar claramente variáveis pequenas ou grandes que são importantes para o entendimento do contexto.

Parentalidade ansiosa, gera crianças e adolescentes ansiosos. Sempre? Não. Pode não acontecer ou acontecer? D-e-p-e-n-d-e!

Nem tudo é culpa dos pais (da parentalidade) do adolescente, mas também não dá para deixá-los de fora da equação.

A sociedade e a vida contemporânea são importantes fatores para que os jovens sintam muito o processo ansioso, inclusive, de modo diferente do que sentiram seus pais, avós e gerações anteriores. Isso significa que sentem menos? Não. Apenas que sentem diferentes.

Dicas importantes para lidar com a Ansiedade (e com a ansiedade em adolescentes)

Tenha em mente que nem tudo é ansiedade.

Escute, veja, interaja com seu adolescente no tempo dele, não no seu.

Não se automedique e não faça auto diagnósticos. Você pode falar com psicólogos aqui.

Se o adolescente pede ajuda, não desmereça, ajude.

Você não tem que fazer tratamentos que fazem você sofrer mais para tirar o foco da ansiedade. *Enfiar a cabeça num balde de água com gelo, por exemplo.

A ansiedade é um estado, e por isso é mutável (e muda muito) no ser humano. Ou seja, tem pessoas que lidam melhor com determinadas situações ansiosas e outras lidam pior.

Problemas sociais, políticos, econômicos exercem muita influência nos processos de ansiedade. Leia-se: falta de recursos, dinheiro, injustiças… 

Comportamentos, hábitos, doenças e disfunções causam sintomas parecidos. Sempre faça um check up médico para dar uma olhada nos exames de rotina. 

Se você percebe que está além (a mais) e que interfere na sua vida prejudicando você, buscar ajuda é muito importante. Os sintomas não são sempre claros, às vezes podem ser situações que desencadeiam o processo ansioso.

Busque ajuda. 

Em alguns casos a medicação pode ajudar, mas o processo de acompanhamento terapêutico vai facilitar muito o processo de enfrentamento, bem como as significações que vão ajudar você no seu dia a dia.

Concluindo a postagem no texto do psico.online: Ansiedade e adolescência

Os textos aqui do site são produzidos tentando trazer uma linguagem que facilite e que não tenha muitos termos super complicados.

Nosso principal objetivo é que você, que leu até aqui, tenha uma ideia fundamentada de um assunto importante e que pode estar afetando a sua vida de várias maneiras.

Tem muita coisa que precisa ser conversada, analisada, compreendida durante uma ou mais sessões de terapia; principalmente quando falamos de crianças ansiosas, adultos ansiosos e adolescentes ansiosos. 

Ansiedade, medo, stress, tensão são possíveis em crianças e adolescentes. Podem ser causados por adultos, assim como podem ser causados pelo ambiente. 

Se você é um pai ansioso, uma mãe ansiosa, um avô ansioso, uma avó ansiosa, um tio ansiosos pode interferir na ansiedade de outra pessoa, assim como a ansiedade dos outros interfere na sua.

A grande dica nesse caso é perceber. Percebe-se e então agimos para criar ferramentas, modelos, alterações de vários pontos e modelos que podem mudar e melhorar a sua e a qualidade de vida deles também.

Afinal, crianças e adolescentes são humanos como você e eu.

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Ficou com dúvidas? Agenda uma sessão com nossos psicólogos ou deixa nos comentários.

Não esqueça de avaliar este texto nas entrelinhas e até a próxima.

Bibliografia sobre ansiedade na infância e adolescência 

[1] PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 12. ed.  Porto Alegre: Artmed, 2013

[2] Gorin, Michelle Christof, Mello, Renata, Machado, Rebeca Nonato, & Féres-Carneiro, Terezinha. (2015). O estatuto contemporâneo da parentalidade. Revista da SPAGESP, 16(2), 3-15. Recuperado em 01 de junho de 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200002&lng=pt&tlng=pt 

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