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Amizade é Nutrição Psicológica: um novo olhar…

Categorias: Relacionamentos
fazer amigos, amizade, grupo de amigos

Nutrição é o que sustenta. O que mantém vivo, o que dá energia, vitalidade, movimento.

É curioso que se fale tanto em alimentação saudável, em jejum intermitente, em suplementação vitamínica… mas tão pouco naquilo que alimenta a parte de nós que não se vê nos exames: o afeto. E, dentro dessa categoria silenciosa e essencial, a amizade ocupa um lugar central — mas nem sempre reconhecido.

Amizade é uma forma de cuidado.

Não no sentido de “estar sempre presente” ou “fazer tudo pelo outro”, mas no gesto mais delicado de todos: o de olhar para alguém e dizer, ainda que em silêncio, “você importa pra mim”. Esse tipo de vínculo não exige manual de instruções, mas exige construção e, vamos admitir, exige também disponibilidade emocional.

Aquelas amizades que sobrevivem a distâncias, desencontros, fases ruins e silêncios desconfortáveis são, muitas vezes, as mais nutritivas. São relações onde não é preciso performar felicidade ou sucesso pra ser aceito. Onde cabem as falhas, o cansaço, os dias em que só se quer existir sem ter que explicar.

Por isso, amizade alimenta. Alimenta o senso de pertencimento, aquele sentimento discreto de que não se está só no mundo. Alimenta a autoestima, porque ser querido por quem nos conhece de verdade é um antídoto contra a autodepreciação. Alimenta a coragem, porque saber que há alguém torcendo por nós dá força pra enfrentar o que vier. E, talvez o mais importante, amizade nos ajuda a regular a vida psíquica: é com o outro que compartilhamos o que nos atravessa, testamos ideias, desmontamos certezas, choramos sem roteiro. Ninguém sai igual depois de um encontro verdadeiro.

Mas nem toda amizade nutre. Há relações que drenam. Amizades que funcionam como competições disfarçadas, onde o sucesso do outro vira ameaça. Ou aquelas onde um sempre dá, e o outro só suga. Isso também faz parte: reconhecer que algumas relações deixaram de fazer sentido é um sinal de maturidade e auto-respeito. Nem toda convivência antiga é uma amizade duradoura. Às vezes, é só costume.

Na infância, a amizade nasce do brincar. Na adolescência, do compartilhar segredos. Na vida adulta, ela amadurece — ou deveria. Amizade, na fase adulta, não é quantidade. É qualidade. São poucas as pessoas com quem dividimos o íntimo, o riso genuíno, as crises existenciais, os silêncios confortáveis. E talvez por isso ela seja ainda mais vital: porque nesse mundo cada vez mais cheio de vozes, notificações e filtros, encontrar alguém com quem possamos ser reais é uma dádiva.

E quem já viveu o luto de uma amizade sabe o quanto dói. Porque não se trata apenas de perder alguém; trata-se de perder uma parte de si que existia só naquela troca. A ausência do amigo deixa um vazio específico, como quando falta um alimento essencial e o corpo começa a dar sinais. A falta de amizades verdadeiras adoece — devagar, silenciosamente, mas adoece. A presença, por outro lado, cura em partes que nem sabíamos que estavam feridas.

Cultivar amizade é, portanto, um ato radical de cuidado psicológico. É estar disposto a se afetar e a ser afetado. É ouvir de verdade, sem apenas esperar a vez de falar. É lembrar das pequenas coisas, respeitar os limites, saber pedir desculpas e, talvez mais difícil, saber perdoar. É encontrar espaço para crescer junto, mesmo que em ritmos diferentes.

No fim das contas, talvez devêssemos perguntar menos “quem está do meu lado?” e mais “quem me alimenta emocionalmente — e a quem eu alimento também?”. Porque a amizade que nutre não é sobre estar sempre disponível, mas sobre estar presente de um jeito que acolhe, mesmo de longe. E, convenhamos, isso vale mais do que likes, curtidas ou mensagens automáticas de aniversário.

Autores que participaram deste post:

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