Vamos falar da importância de chorar?
Ontem, enquanto eu subia para o apartamento com meu filho, ele chorava porque queria continuar brincando. Eu estava apertado para usar o banheiro e com fome. Ele estava aninhado no meu ombro, soluçando, sem se debater. Já havíamos conversado sobre o fato de que tudo bem ficar triste e chorar quando se quer algo, mas que era hora de subirmos para casa. No entanto, alguém entrou no elevador e, com a melhor das intenções, disse: “Ei, não precisa chorar… menino não chora.”
Sorri de forma contrária e respondi: “Pode chorar sim, filho. Todo mundo chora. Choramos por diferentes razões, e está tudo bem expressar essas emoções.” A pessoa ficou em silêncio, e eu saí do elevador no meu andar, refletindo sobre a importância de chorar.
No consultório, é comum ouvir de pacientes que “chorar é sinal de fraqueza” ou que “não gostam de ser vistos chorando”.
A sociedade, de alguma forma, nos ensinou que o choro é vergonhoso, como se derramar lágrimas fosse uma perda de controle ou uma demonstração de fragilidade. No entanto, chorar é um ato profundamente humano e necessário para a nossa saúde emocional.
Quando permitimos que as lágrimas venham, estamos reconhecendo a importância de lidar com nossos sentimentos.
Não é sobre perder o controle, mas sobre ter a coragem de se conectar com o que realmente sentimos.
Como pai, quero ensinar ao meu filho que não há problema algum em chorar, seja por tristeza, frustração ou até mesmo por alegria. A importância de chorar reside na sua capacidade de liberar emoções e de nos ajudar a processar o que está acontecendo em nossas vidas.
Chorar não é sinal de fraqueza, mas sim de humanidade.
A força não está em segurar o choro, mas em saber quando e por que deixar as lágrimas virem. Afinal, quem nunca se sentiu aliviado depois de algumas lágrimas bem derramadas?
O que muitos não sabem é que há uma base científica que sustenta a importância de chorar.
Estudos mostram que o choro não é apenas uma expressão emocional, mas também um mecanismo fisiológico de regulação.
Segundo o psicólogo William Frey, que conduziu pesquisas sobre o tema, chorar ajuda o corpo a liberar hormônios do estresse acumulados. As lágrimas emocionais, ao contrário das lágrimas basais (aquelas que mantêm os olhos lubrificados), contêm maiores concentrações de proteínas, hormônios e toxinas associadas ao estresse, como a adrenocorticotrófica, que é liberada em momentos de alta tensão.
Além disso, o choro tem uma função social importante. O psicólogo John Bowlby, criador da Teoria do Apego, destacou que o choro, especialmente em bebês, serve como uma forma de comunicação, solicitando atenção e cuidado. Isso não se limita à infância. Em adultos, chorar pode sinalizar vulnerabilidade e aproximar pessoas, fortalecendo vínculos emocionais.
Quem chora passa uma mensagem que precisa ser escutada com atenção.
Em termos de regulação emocional, o choro atua como uma forma de “reset” do sistema nervoso. Após episódios de choro, muitas pessoas relatam uma sensação de alívio. Isso ocorre porque, ao liberar emoções intensas, o corpo entra em um estado de recuperação, permitindo uma retomada do equilíbrio emocional.
Portanto, quando incentivamos crianças e adultos a reconhecerem e expressarem suas emoções através do choro, estamos, na verdade, promovendo uma saúde emocional mais robusta. Ignorar ou reprimir o choro pode levar a uma série de consequências negativas, como a intensificação do estresse, problemas de saúde mental e dificuldades nas relações interpessoais. A importância de chorar reside em sua capacidade de nos ajudar a processar, comunicar e aliviar nossas emoções de maneira saudável.
Se você sente que precisa de ajuda para lidar com suas emoções ou quer entender melhor o que o choro pode revelar sobre você, marque uma conversa com um de nossos psicólogos no Psico.Online. Estamos aqui para ouvir você e ajudar nesse processo de compreensão e cuidado.
Bibliografia:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-848065