Semana passada Barcelona sofreu um atentado terrorista e, certamente todos os cantos do mundo com algum acesso a informação ficaram sabendo disso. Eu vivo na Espanha, mais especificamente em Madri, que fica a poucas horas do lugar do ocorrido e daqui fiquei sabendo quase que imediatamente e com certa riqueza de detalhes.
Quando vi o primeiro aviso meu corpo estremeceu, fiquei alguns segundos paralisada, sem saber o que fazer. Pensei imediatamente em alguns amigos que vivem ali e queria saber se estavam bem.
Na sequência veio o medo, um medo estranho, que eu nunca havia sentido antes. Nunca estive tão perto de um ataque terrorista. Procurei me acalmar.
Algumas pessoas me escreveram perguntando se por aqui estava tudo bem e que bom, eu podia dizer que sim.
Não quis sair de casa nesse dia e nem no seguinte. Moro muito perto de uma zona turística e confesso, ainda tenho medo de algo acontecer por ali.
Isso tudo me fez pensar em como a gente se torna refém do medo, da violência.
E de que não precisa um ataque em massa pra ser triste, pra causar pânico. Lembrei dos meus anos em São Paulo, do medo de voltar pra casa à noite, sozinha. Do pânico de parar no semáforo, do cuidado extra com a bolsa.
E conclui que vivemos o “terrorismo” em qualquer canto desse mundo, infelizmente. Meu medo particularmente estranho dessa vez, só foi resultado de um excesso pontual, porque em São Paulo, ele era “dosado” dia a dia, mas no fim das contas são iguais.
Isso me deixa triste, me causa certa angústia, mas também me faz pensar que precisamos lidar com esses medos e nos libertarmos dessa prisão em que o mal nos coloca.
E me permitam o devaneio, eu acredito que esse mal só pode ser combatido com o amor. Com a nossa entrega e ajuda mútua. Enquanto escrevo essa frase penso que precisamos nos unir numa corrente de amor. Praticar a sororidade, buscar a empatia, incluir a aceitação em nosso dia a dia.
Sei que não vamos acabar com o terrorismo, nem com a violência, nem com os assaltos ou coisas do tipo, mas podemos acabar com o medo. Podemos nos apoderar de um sentimento de controle emocional e assim, sairmos da bolha do medo.
Que tal se criassemos grupos pra voltar do trabalho ou da faculdade, ao invés de precisar caminhar a sós?
Que tal se a gente formasse grupos para falar sobre o medo e sobre o que podemos fazer para enfrenta-lo?
Que tal se a gente usasse esse espaço, nos comentários, pra buscar alternativas e enfrentar essa sensação de ser refém?
Somente juntos combatemos o medo, somente juntos ajudamos a diminuir a dor de alguém, somente juntos podemos pensar em como instaurar a paz.
Que Barcelona esteja bem logo, que Paris, Berlim, Rússia, Finlândia, Brasil estejam bem, que nós estejamos bem.
Que a paz, pelo menos a que habita o nosso coração, possa falar mais alto.