Pescoço Travado, dói: Hoje me disseram que vou ter rugas com 20 anos, por causa das minhas constantes preocupações e mania de exagerar em tudo o que faço. Talvez a minha dor nas costas esteja querendo me alertar de algo, e talvez, só talvez, quando travei o meu pescoço semana passada, eu deveria ter diminuído o ritmo.
Mas, acontece que não aprendi a sentar no sofá e esperar pacientemente enquanto o café esfria. Eu preciso assoprar e acelerar o processo, pois me falta o ar ver tudo passando tão lentamente. Sou a definição da frase “morre antes de levar o tiro”, e frequentemente me pego chorando simplesmente porque tudo anda bem demais e pode ser que algo dê errado e estrague tudo. Algo, no sentido mais genérico da palavra. Algo que nem aconteceu, não tem sinais de que vá acontecer e provavelmente nunca aconteça. Porém, só a possibilidade desse tal algo poder existir, pesa meus olhos e faz com que eu soluce aos cantos.
Dizem que não há pressão maior do que aquela que colocamos em nós mesmos, e dia após dia, percebo a realidade disso. Estabelecer metas e gotejar suor para alcançá-las é algo para se orgulhar, mas quando nadamos em nosso próprio cansaço e falta ar para encher os pulmões nesse afogamento, é a hora de desacelerar.
Afinal, quero estar inteira para mergulhar nos meus sonhos alcançados.
Eu aprendo e desaprendo a controlar o ritmo todos os dias. Acordo respirando devagar e dando passos calculados, e minutos depois já estou ofegante e tropeçando na minha própria lista de tarefas. De onde fui tirar essa mania de querer sempre correr mais do que tenho fôlego?
Agora, cá estou, acordada às 2h da manhã devido à cafeína presente nos muitos comprimidos que tomei para a dor no pescoço. E mesmo que imóvel, já que não consigo mover minha cabeça, meus dedos digitam quase tão rápido quanto todos os pensamentos que circulam, correm e se perdem na minha mente.
Qual era a lição de moral que eu estava querendo passar mesmo? Ah, deixa pra lá.
Retirado de: https://ficaentreparenteses.wordpress.com/2015/05/29/sobre-um-pescoco-travado-e-uma-vida-sem-pausas-para-o-cafe/