O sexo era tão bom no início do casamento, ardente e incrível, como nos tempos de namoro. Por que, de repente, ficou tão sem graça para casais que afirmam se amar?
O casal não se toca como antes, deixou de ser algo tão espontâneo, parece um processo mecânico para cumprir protocolo. O que mudou na relação erótica?
A frequência do sexo
Transar todos os dias, com foco na frequência, não parece ser uma medida adequada para avaliar a satisfação sexual dos parceiros. Então, aqui não cabem as preocupações do tempo de conquista que rondam o imaginário coletivo como por exemplo: quantas vezes por semana ou por dia, quanto tempo dura, as variações de posições, quem gozou primeiro ou quantos orgasmos aconteceram.
A equação da qualidade sexual não tem respostas tão simples fundamentadas em estatísticas. Centrar-se somente nessas razões é permanecer no plano mais superficial do mal-estar que tantos casais sentem.
Amor e Desejo
É preciso refletir sobre o desejo erótico e suas contradições entre segurança e aventura. A intimidade gostosa garante um sexo gostoso? Por que o proibido é carregado de erotismo? O que é amar? O que é desejar?
Será que a segurança de um relacionamento estável acabou com a chama do desejo? Será que é possível desejar algo que já se tem?
O ser humano tem a necessidade básica da segurança. Fato que conduz as pessoas ao casamento quando encontram a pessoa certa que tanto buscaram, aquele grande amor sonhado.
Por outro lado, a pessoa também tem a necessidade da novidade, da empolgação, de sair da zona de conforto, da aventura.
Algumas pessoas consideram que amor e desejo são inseparáveis. Já outros entendem que a intimidade emocional inibe a expressão erótica.
Os elementos de afeição e proteção que estimulam o amor muitas vezes bloqueiam a naturalidade que alimenta o prazer erótico.
O casamento moderno, fruto das transformações sociais e culturais, parece contemplar esses anseios no relacionamento institucional. De um lado, romântico e gratificante emocionalmente, por outro lado, atraente e prazeroso sexualmente.
Os casais têm investido mais do que nunca no amor, contudo esse modelo de amor e casamento da atualidade revelam um acréscimo espantoso do índice de divórcios.
Expectativas e Realidade
Como atender tantas expectativas em um relacionamento duradouro?
As expectativas de cada pessoa são distintas e sofrem influência de fatores como história de vida, relações na infância e adolescência, experiência sexual, cultura em que a pessoa está inserida, crenças, códigos familiares, valores e objetivos pessoais.
É preciso identificar os fatores que estão gerando conflito na relação erótica do casal e dialogar sobre eles. Será que é a chegada dos filhos? Os problemas do cotidiano estão bloqueando o interesse sexual? Por exemplo, há sobrecarga das atividades domésticas ou responsabilidade financeira para apenas uma pessoa? Está acontecendo estresse na relação pelo excesso de trabalho profissional ou pelo desemprego?
Considerando a diversidade das influências, os desencontros de desejos podem ocorrer. Se não existir diálogo, respeito, negociação e disposição para lidar com a realidade, os dramas podem tomar conta da relação, desgastando os vínculos e minando a libido sexual.
Não é de se admirar que diversos relacionamentos desmoronem sob o peso de tantas expectativas.
Proximidade e Distância
O amor desperta um clima de proximidade, aconchego e igualdade. Procuramos conhecer a pessoa amada, mantê-la por perto e diminuir a distância entre nós.
Algumas pessoas passam da medida e começam a sufocar o outro, enveredando para um processo de controle absurdo e tentativa de simbiose, que é altamente destrutivo.
Outras pessoas deixam um abismo tão grande que o outro não se relaciona mais com o seu mundo, a indiferença ganha espaço.
Nesse caso, o sinal de descompasso está centrado no território da proximidade e do distanciamento na relação.
Esse descompasso gera mal-estar no entrosamento sexual dos parceiros.
Há casais que confundem amor com absorção, anulando a identidade pessoal da(o) parceira(o), suas vontades e seus desejos. Outros casais caminham para polaridade extrema, que é o desprendimento irresponsável, abandonando a relação amorosa, o cuidado e a sedução.
O sufocamento e a indiferença não colaboram para alimentar o desejo.
O desejo precisa da distância para ser mantido. O erotismo necessita de espaço entre o eu e o outro. O mistério é altamente atraente.
A conexão entre o casal precisa existir, os sentimentos devem ser suficientemente profundos para sustentar a relação amorosa. Ao mesmo tempo, é necessário tolerar o espaço do vazio e suas incertezas.
O Corpo Fala
Existe um conceito universal sobre o amor, mas suas construções em cada cultura são definidas em linguagens diferentes, tanto no sentido literal quanto figurado.
A sexualidade e a intimidade afetiva são duas línguas distintas.
Cada pessoa lida com o corpo, a excitação, os prazeres, as proibições e os tabus de uma forma peculiar. Um casal que se dá bem fora da cama não garante automaticamente satisfação plena na cama e vice-versa.
A forma de se relacionar com o sexo e o sentimento não é a mesma.
Algumas pessoas têm tanta vergonha do corpo e da sua sexualidade que travam, ou se limitam a luz apagada e ficam embaixo dos lençóis. Elas não se abrem para a descoberta e o prazer.
Também é possível verbalizar para a(o) parceira(o) que está tudo bem, manter a rotina usual de sexo do casal, mas, na verdade, no seu íntimo não está nada bem.
Uma vida sexual prazerosa demanda atenção, dedicação, inovação e vontade. Observe a linguagem corporal da pessoa que você está se relacionando. O corpo contém verdades afetivas que as palavras podem facilmente dissimular.
Invista no relacionamento e no prazer sexual
É extremamente trabalhoso gerar entusiasmo, suspense e desejo com a mesma pessoa de quem você espera conforto e estabilidade, mas não é impossível, de forma alguma.
Não se acomode na zona de conforto e não desista.
O mais curioso é que muitas pessoas que procuram relações extraconjugais relatam procurar por carinho e compreensão e não exclusivamente o ato sexual, um verdadeiro paradoxo. Por que elas não resolvem suas problemáticas com a(o) parceira(o) conjugal?
Os problemas se repetirão se você não resolver.
Atente-se para a dinâmica do relacionamento
Há casais tão fixados na ideia de que o sexo deve ser espontâneo que nunca transam. Outros casais planejam tanto o momento do ato sexual que se cansam.
Existem casais que acham que seduzir dá muito trabalho, um trabalho que eles julgam desnecessário já que estão casados.
Outras pessoas abdicam de qualquer noção de individualidade e depois ficam se perguntando para onde foi o mistério.
Há mulheres que escolhem carregar o rótulo de “libido fraca” para o resto da vida em vez de explicar aos maridos que as preliminares precisam ser mais valorizadas do que o ato propriamente dito.
Há homens que preferem se satisfazer com a pornografia virtual em vez de falar com as esposas sobre suas fantasias e possibilidades de realização com ela.
Algumas pessoas são tão amigas que não podem ser amantes.
Tome uma atitude
São inúmeros os entraves que interferem na relação sexual conjugal. O casal precisa de diálogo, respeito e negociação. Se for necessário, deve procurar terapia para ajuda no processo de descoberta sobre si e suas questões.
Não há fórmula mágica, tampouco resposta padrão para todos os casais. Cada pessoa é única, assim como o universo de cada casal.
Cultive a vitalidade, o prazer, um caminho de liberdade, expressão e muita vontade de viver plenamente.
Traga todos esses elementos para o seu relacionamento, mantendo a boa comunicação e o desejo no seu relacionamento, assim terá um sexo que satisfaz.
Respostas de 5
Muito bom Cris Cruz. Vc sempre nos trazendo temas interessantes. Obrigado!
Olá Rogério,
Gratidão pelo seu comentário.
É um prazer compartilhar conhecimento e nos conectar nas redes sociais, desta vez via Psico.Online Blog.
Continue acompanhando as publicações.
Abraços,
Cris Cruz
Parabéns!!! Concordo qdo diz que precisamos sair da zona de conforto e nos comunicarmos mais com nossos parceiros.
Aline! Muito obrigado pelo seu comentário! A comunicação é uma peça chave para todo tipo de relação. Quando ela é prejudicada, também sofrem emissores e receptores de uma mensagem. Agradecemos muito o carinho.
Aproveite e compartilhe nossas postagens, pela divulgação dos nossos leitores é que chegamos a mais pessoas! 😉
Um grande abraço,
Equipe de Suporte Psico.Online
Olá Aline,
Gratidão pelo seu comentário muito bem pontuado. Um relacionamento saudável e prazeroso requer iniciativa e muito diálogo.
Fico feliz por tê-la por aqui acompanhando as publicações.
Abraços,
Cris