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Quando paramos de nos preocupar com os outros…

Categorias: Reflexões
o outro no psico.online

Quando paramos de nos preocupar com os outros, a primeira vista, idealizamos que nossa vida melhoraria.

Olha, preciso dizer, isso é um engano.

Todos nós somos seres gregários (que agregam – ajuntam), que convivem em sociedade (ou deveriam) e quando paramos de nos preocupar com os outros há algo de errado, pois paramos de ver no espelho uma representação da nossa própria realidade.

Quando a dor do outro deixa de nos incomodar, deixamos de perceber emoções e passamos a viver em uma situação caótica de cegueira egóica. Egocêntrica, ou seja, nos colocamos no centro das coisas. Falamos disso no texto Sobre o Narcisismo.

Contudo, é bom esclarecer o seguinte: há momentos para sermos egoístas e também há momentos para sermos humanitários e, essa relação, não deve ser feita com argumentos que beneficiem a nós mesmos. Ela deve ser equilibrado dia após dia.

Quando utilizamos a beneficência em caráter próprio, deixamos o principal sentido altruístico de lado, o de olhar para fora, o de pensar que uma melhoria no grupo faria com que todos os grupos se desenvolvessem e que, também nós, nos desenvolveríamos juntos.

Quando comecei o post de hoje, buscava por um post de esperança para o ano novo, na vibração do #janeirobranco,mas ao verificar as redes sociais esse tema me pareceu mais apropriado com a pergunta: paramos de olhar para o outro?

Foram notícias sobre o Tapa do Papa Francisco, sobre o incêndio na Autrália e chacotas sobre a relação disso com a ativista ecológica, tantos extremos, inclusive nas chamadas dos textos – aliás falei disso também no post: Entre radicais escolho potência: desafio – que não são nem simpáticos e estão muito distantes de serem empáticos. E isso, é preocupante.

O Outro

Lévinas, o filósofo da alteridade radical [1], que entendia a Ética como vindoura antes da Ontologia (estudo das propriedades e do sentido abrangente do ser), coloca-nos a visitação do Outro como instauração da subjetividade (realidade psíquica, emocional e cognitiva do ser humano, passível de manifestar-se simultaneamente nos âmbitos individual e coletivo, e comprometida com a apropriação intelectual dos objetos externos), primeiro pela separação de Mim em relação ao Outro, depois pela substituição de Mim pelo Outro.

Foto de Skitterphoto no Pexels

Isso quer dizer que se faz necessária uma ida do eu na direção de sua exterioridade – você precisa desapegar-se do “seu problema” e adquirir a coragem necessária para olhar e ver o que o espelho está representando – e uma implicação do eu pela vinda do Outro (seja na empatia, simpatia ou apenas na educação) o que exige uma  responsabilidade irrecusável – para que você consiga sair desse si mesmismo.

O outro instaura a possibilidade do eu – de ver e proceder com melhorias em nós mesmos, pois é a partir do outro que nossas ações são avaliadas –  e este, por sua vez, se faz necessário para a sujeição ao Outro – o nos colocar no nosso próprio lugar, pois nos reavaliamos com base naquilo que vimos no espelho.

Há uma alteridade radical que não pode ser negada ou denegada e que me intima a assumir uma responsabilidade absoluta para com todos os outros.

Essa é a dimensão ética por excelência, a do estar a serviço de Outrem, por ele e para ele.

Até porque os seus dias, assim como os meus estão contados, e embora por busca do desejo egocêntrico de receber tudo, nosso mundo é feito para nossos filhos e para o mundo.

Referências

[1] FREIRE, José Célio. A Psicologia a serviço do outroética e cidadania na prática psicológica. Psicol. cienc. prof. [online]. 2003, vol.23, n.4, pp.12-15. ISSN 1414-9893.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932003000400003.

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