É tempo de despertar a mente para o sentido da vida. Restaurar a conexão mental com o plano dos significados e transcender as barreiras da repressão e do esquecimento para as necessidades interiores ocultas e desconhecidas.
Dia 12/10 além do dia das crianças, no Brasil, é dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Psicologia Arquetípica
Na Psicologia Arquetípica estuda-se as experiências humanas através das manifestações dos símbolos e arquétipos.
Símbolos são expressões da personalidade.
Até que sejam representadas ou canalizadas através de imagens dotadas de significado profundo, permanecem desconhecidas e ocultadas ao nosso pensamento racional.
Os símbolos nascem de experiências humanas arquetípicas.
Os arquétipos são motivos humanos fundamentais que representam experiências básicas (estilo um modelo maleável) e se repetem de formas diferentes em diversas culturas por todo o mundo.
São herdadas como tendências pelos nossos ancestrais e perduram durante as diferentes épocas.
A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem representado o fortalecimento coletivo da conexão entre a razão e os instintos, que há muito foi enfraquecida pela cultura ocidental.
Representa a criação de um espaço simbólico que enriqueceu a cultura brasileira através dos tempos.
É um motivo coletivo que guia inúmeras pessoas a empreender o caminho até Aparecida do Norte, no interior de São Paulo.
Elas peregrinam para pedir, agradecer, cumprir promessas e se relacionar com este influente arquétipo que nutre de sentido a experiência humana.
Isso porque a imagem e a história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida das águas é um motivo arquetípico.
Ou seja, carrega uma simbologia que representa essência de uma realidade interior comum à coletividade.
O que leva muitas pessoas a botar o pé na estrada, rumo ao encontro consigo mesmo mediado pela Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
O mesmo acontece com outros arquétipos, como Cosme e Damião, e outras figuras relacionadas a modelos que vêem da nossa cultura ou religiosidade.
O início – A descoberta da imagem
Brasil em meados do ano de 1717, três pescadores foram incumbidos da tarefa de buscar peixes no Rio Paraíba.
Seus nomes eram Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves. Após tentativas frustradas de pescaria, nas proximidades do Porto de Itaguaçu, um dos pescadores lança a rede nas águas e ao recolhê-la se depara com uma imagem de argila sem cabeça.
Ao jogar e recolher a rede mais uma vez, percebe que pescou a cabeça da imagem.
Dizem que após o achado a pesca rendeu com abundância. Ao unificar a cabeça e o corpo da imagem reconheceram-na como Nossa Senhora da Conceição. Por ter sido encontrada nas profundezas do rio, ficou conhecida posteriormente como Nossa Senhora da Conceição Aparecida das Águas.
Ao retornarem para a cidade com a imagem, as pessoas que ouviram a história logo se inspiraram a ir até a imagem para fazer suas orações.
O movimento foi crescendo e logo surgiram histórias sobre os milagres concedidos. A devoção crescente das pessoas chamou a atenção do Vaticano que reconheceu a imagem como sendo a Padroeira Católica do Povo Brasileiro e dedicou um feriado nacional a ela em 12 de outubro.
A nutrição da vida interior
A história começa com a busca dos três pescadores por alimento. Uma metáfora da busca arquetípica pela nutrição que sustenta a vida.
A empreitada os leva a um rio sem peixes. O rio sem peixes é metaforicamente uma vida vazia de significado, com nutrição escassa e insuficiente para manter uma vida saudável.
Durante as buscas um dos pescadores encontra o corpo de uma imagem sem cabeça. Uma analogia da cisão entre a natureza instintual (o corpo) e a natureza racional (a cabeça), que é encontrada logo em seguida.
Após o encontro das duas partes cindidas é restaurada a fertilidade do rio da vida. Onde a conexão entre as duas realidades se converte em nutrição, representada pela abundância da pesca.
Essa leitura nos remete a busca arquetípica pelo sentido da vida.
Que quando perde o sentido, nos coloca na posição de empreender na busca deste nutriente vital para que o equilíbrio se restabeleça.
Questões antigas devem ser deixadas para perecer no rio infértil e novas redes devem ser lançadas ao rio. Assim, no tempo e momento certo, possam pescar os nutrientes que sustentarão a nova etapa da vida.
É através da intuição, da leitura simbólica sonhos e da criatividade que acessamos a busca pelo reconhecimento de características desconhecidas em nós.
Elas emergem em nossa personalidade de acordo com os diversos chamados da vida. A busca pelo autoconhecimento, é o movimento que nos fortalece para os desafios da vida.
Na história essa busca é representada pelo símbolo da pesca, onde o pescador lança a rede às profundezas desconhecidas do rio e encontra a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida que enche o rio de peixes.
É o caminho que leva a nutrição da vida interior. Tal como a matéria prima (terracota/argila) que dá forma à vida material, é antiga e poderosa fonte criadora.
É tempo de praticar o autoconhecimento
Em tempos como o que vivemos, esse arquétipo demanda urgentemente ser trabalhado.
A má condução dos instintos leva a problemas individuais e sociais. Como o aumento da criminalidade, agressividade gratuita, abuso sexual e de poder, intolerância em relação à diversidade cultural, descontrole emocional, entre outros dos muitos que temos vivido recentemente.
Os arquétipos, assim como tudo o que diz respeito a realidade psicológica, tem uma função no comportamento humano. Eles podem aparecer sob diversas vestes.
Trabalhe sua natureza instintual e permita-se conectar com os significados que norteiam sua jornada.