Estamos assistindo a uma medicalização excessiva de nossa vida cotidiana. Será que precisamos mesmo de um comprimido para tudo?
Os meios de comunicação nos atormentam com a mensagem de que precisamos perder a gordurinha, combater a queda de cabelo, o colesterol alto, a insônia e inclusive, a infelicidade. Sofrer é inadmissível hoje em dia.
Nesse artigo nos referimos concretamente aos “problemas psicológicos” das pessoas e a necessidade insana de tomar um remédio para superar as supostas carências afetivas. São inúmeras as pessoas que procuram os centros de saúde em busca do “comprimido milagroso”, que lhes ofereça tranquilidade, menos tristeza, melhora da memória, do sono e etc. Poderíamos afirmar que vivemos a “cultura da medicalização”.
Mas você já se perguntou o por quê?
- Pelo interesse da grande indústria farmacêutica. Definitivamente esse é o negócio deles: quanto mais fármacos vendem, melhor;
- Pelo interesse dos meios de comunicação. Os anúncios das supostas “pílulas da felicidade” acrescentam muitos benefícios às empresas;
- Os tratamentos farmacológicos são mais baratos que um tratamento psicológico, inclusive emocionalmente falando. É muito mais fácil tomar um comprimido do que mexer e precisar tratar a causa do problema, mas lembre-se, com o remédio você só trata o sintoma e não resolve a causa;
- Por comodidade: é mais fácil para uma pessoa que se sente nervosa, tomar um comprimido do que fazer um exercício de relaxamento;
- Baixa tolerância a “estar mal”: nessa sociedade que supervaloriza a felicidade e o sentir-se bem a qualquer custo, não toleramos o sentir-se mal ou estar nervoso.
E o que fazemos diante disso?
- Aceitar as coisas ruins que nos acontecem, de uma maneira serena, como parte de nossa história de vida, mas cuidando para não cairmos no conformismo;
- Não buscar a felicidade como algo obrigatório. Não sentir-se culpado por não estar feliz a todo momento;
- Uma vida significativa se compõe de bons momentos, mas de maus também. A vida é como um rio, com remansos, rodamoinhos, cascatas… que já sabemos onde vai dar.
- Não demonize os fármacos, já que muitos são importantes para o bem-estar físico e psicológico de muita gente, mas precisamos fazer um uso racional deles;
- Trate a raíz dos problemas ao invés de tratar os sintomas, não tenha medo disso.“Privar-se de algumas coisas que desejamos, é parte indispensável para a felicidade” (Bertrand Russell)
Retirado de DonPsico (traduzido e adaptado)