Conviver com alguém que sofre de um transtorno depressivo pode ser um desafio. Ajudar Pessoas com Depressão, é outro.
Os cuidadores, cuidadoras e entes queridos costumam se sentir impotentes, vendo a pessoa amada sofrer, sem saber como ajudar, especialmente quando a pessoa não reconhece a necessidade de ajuda ou se recusa a aceitá-la.
Sabemos, entretanto, que a batalha contra esta condição não pode ou deve ser enfrentada de forma solitária.
O transtorno depressivo não afeta só o indivíduo diagnosticado, como todos que fazem parte de seu convívio. Esta questão se torna uma jornada coletiva de compreensão — às vezes incompreensão —, paciência e amor.
Compreender a essência dessa doença e as razões pelas quais alguém pode hesitar em buscar ajuda é o começo de um apoio verdadeiramente eficaz e humanizado.
O que é depressão?
Entende-se como depressão, um transtorno psicológico que afeta o humor, a energia, o sono, o apetite e a capacidade de sentir prazer ou interesse pelas coisas. Nesta página do psico.online você encontra inúmeros textos sobre o tema para se aprofundar.
Além disso, existem diversas causas para essa doença, como fatores genéticos, bioquímicos, ambientais e psicológicos; é o que chamamos de dimensões multifatoriais.
Daine Baldo Apolinário, CRP O6/134.495, psicóloga do Psico.Online, comenta o seguinte: “Os check-ups em saúde são essenciais. Às vezes uma falta de sol ou ingestão inadequada de vitaminas, associadas aos mais variados disruptores endócrinos, deprimem a biologia de qualquer ser e os afetos também”.
O psicólogo Marcos Raul de Oliveira, CRP 06/154.661 — assim como Daine Apolinário, faz parte da plataforma Psico.Online — lembra que caso a situação seja muito preocupante, as informações estejam desencontradas, é sempre recomendável procurar a orientação de um psicólogo especializado ou um psiquiatra que pare para te escutar, entender, mais que a consulta clínica feita naquele instante.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem com transtorno depressivo, fato que demonstrou piora no continente americano após a pandemia de COVID-19, no qual, casos diagnosticados de depressão aumentaram em 35%, conforme a Organização Pan-Americana da Saúde.
Não reconhecer a gravidade do seu problema, ou apresentar comportamentos, como: medo, vergonha ou resistência em buscar ajuda ou até mesmo socorro profissional, pode ser comum, mas isso pode dificultar a adesão ao apoio e tratamento adequados, essenciais para a transição no processo de depressão.
O que fazer quando alguém com depressão se nega ao tratamento? Como Ajudar Pessoas com Depressão?
Com a contribuição de psicólogos e psicólogas do Psico.Online, exploraremos estratégias e abordagens para auxiliar uma pessoa diagnosticada com transtorno depressivo, em casos no qual há recusa de ajuda.
Este material proporcionará um guia para cuidadores, cuidadoras, amigos, amigas e entes queridos navegarem por este terreno tão delicado de Ajudar Pessoas com Depressão.
O psicólogo Alex Daniel Rodrigues de Souza, CRP 21/2.777, explica que é preciso compreender a complexidade do transtorno depressivo, já que apresenta múltiplas causas, sendo necessário um acompanhamento qualificado.
Souza recomenda a procura de informações com profissionais de referência, como psicólogos (as) e psiquiatras, como já foi dito, para aprender a lidar com a situação. “A desinformação, achismos e opiniões sem fundamento podem se somar aos problemas de pessoas com depressão e suas relações. Por outro lado, compreender o funcionamento da depressão favorece no ajustamento de atitudes, comportamentos e ambiente mais saudáveis. Também favorece a motivação para buscar ajuda”, diz Alex.
O psicólogo comenta sobre particularidades individuais, inclusive que há resistência em buscar tratamento, como um sinal típico da doença.
Sendo assim, ter empatia, respeito pelo processo e limites da pessoa são atitudes importantes, especialmente se for alguém próximo, como familiar, cônjuge ou amizade próxima.
Percília Alvarenga de Oliveira, CRP 06/154.662, enfatiza a delicadeza de lidar com uma pessoa depressiva, e aponta que um dos sintomas da condição é adquirir pensamentos de que não há poder de mudança, ou melhora, com isso, a pessoa fica reclusa e difícil de ser acessada; travada em uma ideia que a impede de acreditar que seja possível mudar, mesmo quando é.
“Uma dica é ir chegando com cuidado, perguntar no que se pode ajudar […], organizar algo com a pessoa ou por ela, chamar para fazer uma caminhada ou comer comidas saudáveis. Outra opção é apenas poder se sentar ao lado da pessoa e ficar em silêncio, para demonstrar que você está ali”, sugere.
A psicóloga também recomenda que haja uma conversa para explicar a importância, que faça o indivíduo considerar ajuda profissional.
A primeira coisa a que se deve pensar, é que cada pessoa que está à mercê da depressão, sofre de um jeito que demanda tempo para compreender a si nesta situação. Continuando esse pensamento, Jocelene Cristina Alves, CRP 06/170.571, afirma: “É importante dividir saberes, compartilhar tarefas de auxílio e trabalhar em conjunto, para construir um ambiente que possa promover acolhimento com o devido respeito à pessoa que está passando por isso”.
Para Rosaína Gandra Ribeiro, CRP 04/55795, pode ser um desafio delicado, mas é possível fazer a diferença. Ela orienta a ser um ou uma ouvinte atento(a) e compassivo(a), e a estar disponível para conversar. Ser compassivo(a) significa agir com gentileza e apoio, mostrando preocupação genuína com o bem-estar do outro, sem julgar suas emoções ou experiências.
“Evite julgamentos e críticas, e em vez disso, demonstre empatia e compreensão em relação ao que a pessoa está passando. Aprenda sobre a depressão para compreender melhor os desafios enfrentados. Isso pode ajudar a oferecer um apoio mais eficaz”, diz a psicóloga. Demonstrar empatia envolve se esforçar para entender os sentimentos e perspectivas da outra pessoa, colocando-se no lugar dela, para oferecer uma resposta mais conectada e sensível às suas necessidades.
Para enfatizar a relevância de abordar a situação com sensibilidade e compreensão, o psicólogo Guilherme Camargo, CRP 06/154.943, orienta a ouvir atentamente sem julgamentos, despindo-se da suas próprias crenças e oferecendo apoio emocional, incentivando o indivíduo a fazer atividades que costumavam trazer prazer; além disso, auxiliando a manter-se informado sobre recursos disponíveis, como terapeutas e linhas de apoio como o Centro de Valorização da Vida (CVV). “Primeiro, ter empatia é fundamental. Ouvir atentamente sem julgamentos, na tentativa de criar um ambiente seguro para que a pessoa se sinta à vontade para compartilhar seus sentimentos.”, diz Guilherme.
Jaqueline Cruz, CRP 06/132.080, concorda que é importante respeitar os próprios limites e de quem sofre com o diagnóstico de transtorno depressivo, oferecendo apoio de forma delicada e compreensiva. “Ter uma escuta ativa, sem julgamentos, encorajar a busca por ajuda profissional e lembrar a pessoa de que ela não está sozinha, é importante”, afirma.
Pontos importantes de como lidar com a pessoa depressiva:
Não julgar
Segundo a psicóloga Daiane Baldo Apolinário, a primeira coisa que devemos fazer é acolher, mesmo que em silêncio.
Ela explica que o processo depressivo envolve rupturas com o que nós, da sociedade moderna, “civilizada” e “saudável”, tomamos como básico: banho, cortar as unhas, escovar os dentes, não dormir ou dormir demais, sair da vida social e abandonar os próprios desejos. “A depressão deixa a vida cinza, ela leva a vontade embora e consequentemente, tira a perspectiva da importância do autocuidado e da autovalorização”.
Daiane alerta que devemos evitar julgar ou criticar a pessoa com depressão, pois isso só aumenta o sentimento de inadequação e culpa que ela já carrega.
A psicóloga Miraína Aparecida dos Santos Carvalho, CRP 06/174.419 e CRP 04/IS-06.169, concorda com Daiane Apolinário e diz que deve-se evitar cobrar ou comparar o indivíduo com depressão, pois isso só gera mais ansiedade e culpa.
Em vez disso, é importante reconhecer os pequenos avanços e elogiar os esforços da pessoa, “na dúvida em como continuar ajudando, converse com um profissional”, recomenda.
Já o psicólogo Marcos Raul de Oliveira, explica que cada pessoa é única, “ao invés de comparar situações, ajude-as a focar em seu próprio processo de cura. Reconheça os pequenos avanços e elogie os esforços dela. Encoraje sem cobrar soluções mágicas ou rápidas”, sugere. Ele explica que cada indivíduo tem seu ritmo, por isso, recomenda que sejamos pacientes e que respeitemos o espaço e o tempo da pessoa com depressão.
Validar
Uma das primeiras coisas a se fazer, segundo o psicólogo Marcos Raul de Oliveira, é validar os sentimentos de quem tem transtorno depressivo, mostrando haver escuta ativa e respeito ao que elas estão passando e informando a você. Além de alertar que deve-se evitar minimizar ou ignorar o sofrimento da pessoa com depressão, pois isso aumenta o sentimento de desesperança e isolamento que ela já carrega, “ao invés de minimizar a dor, tente dizer que não consegue se imaginar exatamente como o outro se sente, mas apoiará”, completa.
Não forçar
Deve-se incentivar o indivíduo com transtorno depressivo a buscar ajuda profissional, mas sem forçá-lo ou pressioná-lo. Daiane Apolinário lembra que o papel do psicólogo (a) é fundamental para o tratamento da depressão, mas que nem sempre a pessoa está disposta ou preparada para aceitar essa ajuda, “é preciso mostrar que o profissional de psicologia é qualificado, e que pode auxiliar quem sofre com o transtorno a entender e superar os seus problemas, sem julgamento ou rotulações. Além disso, existem diferentes abordagens e modalidades de atendimento, que podem se adaptar às necessidades e possibilidades de cada um”, explica.
Apolinário sugere que se houver recusa ao tratamento psicológico, é uma opção para pensar em outros espaços que possam oferecer algum tipo de apoio ou orientação, como grupos de autoajuda, centros comunitários, projetos sociais, entre outros. O importante é não deixar a pessoa se isolar ou se sentir sozinha.
Marcos Raul também recomenda atividades terapêuticas que podem auxiliar e ajustar hormônios para melhorar o humor. Ele cita como exemplos caminhadas, esportes coletivos, meditação ou música, “Nem todos estão prontos para uma terapia formal imediatamente. Portanto, sugiro atividades terapêuticas simples […], estas podem ser pontes para terapias mais estruturadas no futuro”, diz o psicólogo.
Valorizar
Segundo Miraína Carvalho, uma das formas de auxiliar quem está em depressão, é não perder de vista que esse indivíduo continua sendo alguém com potencialidades e possibilidades, e não correlacionar ele somente a problemas e dificuldades, “devemos valorizar sempre que possível na relação. Investir na manutenção e na qualidade do vínculo e da presença de qualidade é importante, pois muitas das vezes, o sentimento de vazio é enorme e a pessoa deixa de ver sentido nas relações consigo mesmo e com o outro”, explica.
Cuidar
Ao ajudar alguém diagnosticado(a) com transtorno depressivo, é importante estar com o autocuidado em dia.
“É muito comum que as pessoas que convivem com alguém com depressão se sintam sobrecarregadas, ansiosas, tristes ou culpadas. Isso pode afetar a sua própria saúde física e mental, e prejudicar a sua qualidade de vida. Por isso, é essencial que elas também procurem ajuda, se necessário, e mantenham hábitos saudáveis, como uma boa alimentação, uma rotina de sono, exercícios físicos, lazer, hobbies, etc.”, recomenda Daiane Apolinário.
A depressão é uma doença séria, mas tem cura.
Se você ou alguém que você conhece sofre dessa doença, procure ajuda profissional e apoio de pessoas que se importam com você.
Você não está sozinho e nem sozinha nessa luta. Lembre-se, ajudar alguém com depressão requer sensibilidade, paciência e compreensão.
É crucial validar os sentimentos da pessoa, sem julgamentos ou críticas, e mostrar que você está lá para oferecer apoio. Incentive, mas sem forçar, a busca por ajuda profissional, lembrando que cada um tem seu próprio tempo e processo.
Valorizar as pequenas conquistas e o potencial da pessoa é fundamental.
E não se esqueça, tão importante quanto cuidar do outro, é cuidar de si mesmo.
Aqueles que estão ao lado de alguém com depressão também precisam manter seu próprio bem-estar emocional e físico, para que possam oferecer o melhor suporte possível. Juntos, passo a passo, é possível atravessar a escuridão da depressão e reencontrar a luz da esperança e da recuperação.
Bom, é isso, esperamos que tenham gostado das dicas e sugestões dos nossos psicólogos. Se precisar de ajuda ou quiser marcar uma sessão com cada um deles, só clicar aqui.
E para finalizar, vamos repassar as nove estratégias para ajudar pessoas com depressão que recusam ajuda, conforme mencionadas no texto que, são:
- Compreender a Doença: Aprofundar o entendimento sobre o transtorno depressivo, suas causas multifatoriais e impactos.
- Validar os Sentimentos: Mostrar escuta ativa e respeitar as experiências e sentimentos da pessoa, evitando minimizar ou ignorar seu sofrimento.
- Evitar Julgamentos e Críticas: Abordar a pessoa com depressão sem julgamentos ou críticas, reconhecendo que a depressão pode alterar significativamente suas capacidades e interesses.
- Incentivar, Mas Não Forçar a Ajuda: Encorajar a busca por ajuda profissional de maneira sensível, respeitando o tempo e o processo individual.
- Oferecer Apoio Emocional e Prático: Estar presente e disponível para conversar, ouvir e oferecer apoio emocional e prático.
- Valorizar Pequenas Conquistas: Reconhecer e elogiar os esforços e progressos, por menores que sejam.
- Respeitar os Próprios Limites: Cuidadores e entes queridos devem estar cientes de seus limites emocionais e físicos, buscando suporte quando necessário.
- Explorar Alternativas de Apoio: Se houver resistência a tratamentos convencionais, considerar outras formas de apoio, como grupos de autoajuda ou atividades terapêuticas.
- Fomentar o Autocuidado: Incentivar a pessoa com depressão a engajar-se em atividades de autocuidado e manutenção da saúde física e mental.
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Até a próxima.