Linha do psicólogo. O título meio que já dá a dica da resposta: como escolher a linha que alguém segue, no caso psicólogo que quero para terapia.
É quase que perguntar: qual o ramo de atuação dele. A linha do psicólogo também pode ser chamada de abordagem.
Entretanto, a linha do psicólogo tem relação com a linha teórica ou abordagem, que é a ideologia e/ou a teoria de base do profissional de psicologia daquele profissional que vai atender você.
É a área de estudo que ele ou ela mais se dedica, mais concorda por afinidades e que usa como ferramenta de trabalho.
A linha do psicólogo não deveria ser uma preocupação de quem é atendido.
Já adianto que esse será um assunto polêmico. E que a resposta simples e direta é: como atendido, não escolha.
O assunto já será polêmico devido as polarizações nos dias de hoje, mas para amenizar, conhecer a linha do profissional talvez dê uma dica de como ele funciona, mas não vai ajudar a saber se isso é melhor ou pior para você.
E neste texto, que será cheio de questionamentos, vamos tentar explicar o motivo que essa escolha não é sua (ou não deveria ser). Vamos lá?
A linha tênue do conhecimento: linha do psicólogo
Comecemos por um princípio que entende que linha é um traçado de delimitação para alguma coisa. Neste caso, a linha é a delimitação a ser seguida pelo psicólogo para direcionar seus estudos e para utilizar técnicas.
Um psico estuda várias linhas, mas se dedica a uma especifica para se especializar, até por que, algumas das linhas são conflitantes entre aquilo que elas trabalham, mas são convergentes na pessoa que atendem.
Um exemplo? Uma entende que existe uma separação entre consciente e inconsciente. Outra, diz que tudo isso é relacionado ao comportamento; e outra diz que tudo é interligado no princípio da unicidade, mas uma pode falar que esse principio começa de dentro para fora e outra de fora para dentro. Complicado? Pois é.. e nem chegamos as 200 linhas mapeadas…
O paciente, usuário ou aquele que será atendido pelo profissional deveria se preocupar com outras coisas como: se está a vontade com o profissional, se está sendo atendido naquilo que precisa; talvez o currículo do profissional ou quanto tempo ele estuda ou qual é a sua especialidade; não a linha.
Um dos grandes autores da psicologia (e criador de uma das linhas teóricas” – a analítica) já escreveu para os seus seguidores o seguinte:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
O que pode acontecer: você é extremamente tecnicista (técnico), não acredita em alma humana e acha a frase acima uma bobagem tremenda. Logo, discorda da linha teórica analítica, certo?
Errado.
Você provavelmente estaria mais em sintonia com um profissional que seguisse a mesma linha de pensamento que você, mas a pergunta é: esse profissional é ou não capacitado para trabalhar com sua demanda?
No exemplo acima você discorda da frase, mas não leu as milhares de páginas do autor (Jung) e provavelmente não tem conhecimento (do autor) suficiente para defendê-lo ou contrapô-lo.
E se tiver, também não importa no seu papel de quem está recebendo o atendimento.
Não é você, no papel de paciente ou usuário dos serviços do seu psicólogo, que deveria conhecer técnicas ou teorias e se preocupar com elas.
Você deveria era buscar a terapêutica; senão à autoajuda usaria essa técnica de auto análise e autotratamento e a figura do outro (do profissional) não seria necessária, entende?
Veja também:
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Você pode conhecer a técnica de sutura (costura do corpo), mas nem por isso, conseguiria se costurar em determinado tipo de ferimento. Poderia escolher entre o alinhavo, a costura diagonal, o ponto x, o ponto de traz, o ponto oculto ou o ponto invisível, qual o tipo de “linha” (nesse caso para a sutura), mas ainda assim, não seria quem daria os pontos.
Nessa frase acima, aqueles que são anti a linha médica, buscariam outro exemplo. E adianto que misturei um pouco de técnica de corte e costura e que não sei suturar ninguém.
Mas vamos lá, você e o seu psico não vão escrever uma nova linha psicológica (até poderiam, mas não no seu atendimento) ou uma nova teoria (podem até confabular durante a sessão) e nem vão entrar nessa discussão – a não ser que exista um ganho terapêutico para você.
Ao menos não deveriam, não na sua sessão.
Não a não ser que isso parta de você e tenha um motivo que será observado e falado durante a sua sessão.
Você tem dificuldade para lidar com opiniões contrárias?
Você tem tanta necessidade de controle do outro?
Você gostaria de estudar psicologia?
O que isso influencia no seu tratamento a ponto disso ser um fator decisório na escolha do profissional?
Você acredita que a linha x ou a linha y são boas ou ruins pelos motivos?
Vamos falar sobre isso?
Vamos falar sobre os papéis de cada um? (olha que isso é um pouco da teoria do psicodrama). 😉
Você como paciente tem uma demanda (que o leva ao psico), que tem que ser tratada e o profissional precisa de competências técnicas, pessoais para tratá-la.
As linhas teóricas ou terapêuticas são ferramentas do seu psico para estudo, aplicação de técnicas e supervisão; mas a sua consulta é o seu espaço.
Na faculdade de psicologia o estudante de psicologia é apresentado à varias linhas e é obrigado a estudar várias outras.
Nem sempre concorda, mas que percebe, com o tempo que determinada técnica pode ser aplicada a demanda A ou a demanda B e que todas as técnicas, e teorias comporão todo o seu arsenal de atendimento.
Fale com o seu psico sobre isso se quiser… não tem problema.
Mas uma dica? Não leve isso ao pé da letra.
Analise principalmente se o seu profissional atende sua expectativa, se você tem evoluído e discuta isso com ele ou com ela.
Essa é a linha delimitadora para uma boa escolha: você e a atenção as demandas que você levou.
Quer saber mais sobre a linha do psicólogo? Veja este PDF do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.
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