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A constante (e angustiante) busca por aprovação

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Semana passada parece que caiu na minha cabeça uma tempestade de situações que me fizeram repensar a tal da busca por aprovação. Começou na segunda e foi terminar só na sexta, depois de um exaustivo dia, que culminou numa enxaqueca daquelas dignas de medicação na veia.

Vou compartilhar algumas lições dessa semana com você 😉

Minha semana seria bastante cansativa porque além de pacientes, casa e estudos pra dar conta, havia um simpósio logo ali, no final da semana, onde eu apresentaria meu primeiro trabalho em outra língua e como não bastasse, eu carregava um sentimento de precisar fazer tudo ser impecável, de não poder falhar, de ser a melhor (sinto isso constantemente e acho que as vezes é bom, mas as vezes a gente perde a mão).

Passei a semana dormindo no máximo 5 horas por noite, afinal era muita coisa pra fazer e eu precisava dar conta, com 100% de eficácia comprovada.

No meio disso uma paciente começa a me contar sobre como tem sido seu novo trabalho, sobre como ela se cobra e como se sente frustrada quando a chefe diz que “isso você pode fazer assim que vai ficar melhor”, como se junto dessa fala viesse um atestado de incompetência.

A gente começou a tentar entender o motivo que a levava a se sentir assim e, tcharam! Era a bendita da busca por aprovação dando seu ar da graça. Ela cresceu sendo muito cobrada pela mãe, se falhasse a mãe castigava. Então ela passou a buscar ser muito, muito melhor em tudo, pra que a mãe se orgulhasse dela e claro, pra que não a punisse também e daí nasce a associação de que se a gente não faz bem, é punido. Senhooooor, alguém me ajuda?! Que opressor esse pensamento!

Associe isso ao fato de que quando alguém tenta ajudar é como se apontasse o dedo na sua cara e dissesse que você não é capaz, mas não tem nada disso! Na real, o que acontece é que a gente acha que tem que dar conta do recado sozinho/a e isso não é verdade. Ninguém nasce sabendo e se nos permitimos a ajuda, podemos ser cada vez mais capazes. O mundo é um círculo, a ajuda tem de ser constante e recíproca, pra que a roda gire e as coisas funcionem.

Lição número 1: aceite que você não nasceu sabendo, aceite que alguém sabe mais ou sabe diferente de você, aceite ajuda. Você pode ser bem quisto/a inclusive quando mostra sua fragilidade.

Semana passando e eu quase enlouquecendo com o desejo de querer que minha apresentação no simpósio fosse impecável. Ensaia daqui, ajusta de lá e percebo que não sou só eu assim. Na quinta-feira uma amiga tem uma crise de choro, não está dando conta do peso dessa autocobrança.

Saímos da universidade e paramos pra comer alguma coisa e conversar um pouco, pra ver se ameniza a sensação de pressão. No meio dessa conversa, surgem questões interessantes, de ambas, que transitam entre o querer ser incrível pra si mesma, o querer dar orgulho a alguém e a competição, muitas vezes inconsciente, na qual nos enfiamos.

Discutimos um pouco sobre a necessidade que as pessoas tem de serem melhores que as outras, mas como nos esquecemos de observar as diferenças entre nós e justamente, são essas diferenças que invalidam uma competição, pois não há a menor possibilidade de sermos melhores em tudo.

Lição número 2: temos que ser melhores naquilo que estamos fazendo, mas não melhores do que o outro. Dou o meu melhor porque acredito no que faço e não porque quero vencer alguém. Se eu dou o meu melhor, você dá o seu e fulano dá o dele, no fim das contas temos um mundo incrível, cheio de coisas muito boas feitas por todos.

Leia também: Autoestima, mas afinal o que é isso?

Chegou a sexta-feira, dia do simpósio, dia de apresentar. Dia de encarar os olhares alheios e do desejo de aprovação bater no teto. Saio de casa cedo, estômago vazio, ansiedade a mil. Apresenta um, apresenta outro, você começa a avaliar como estão se saindo e tenta controlar a respiração pra não perder o controle emocional.

Chega sua vez, seu coração dispara num nível tremendo e você lembra que esqueceu de tomar seu betabloqueador, respira fundo, tenta “encarnar” a espanhola e vai. Apresenta. Acabou.

Ao final a minha cabeça latejava, meu estômago estava revirado e eu só queria ir pra casa e apagar num sono profundo toda essa experiência, mas como que num lampejo, começo a pensar que está tudo bem, que foi o melhor que eu poderia ter feito naquele momento e no resto de toda a semana. Me sento aqui pra contar tudo isso e eis que me vem mais uma lição.

Lição número 3: Seja sua maior aprovação. Se não aprendemos a nos enxergar com respeito e admiração, ninguém será capaz de nos fazer acreditar que somos bons ou importantes. Nossa busca vai ficar cada vez maior e desesperada e nunca será suprida.

Resumo da ópera: seja você, queira ser você, dê o seu melhor, queira sempre melhorar. Aprove-se! Cuide-se! Ame-se! Cultive a autoconfiança!

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