Oi. Aqui não é a Hannah Baker. Não precisa ajustar… opa, peraí, precisa ajustar, sim. Seria muito bom se você pudesse se permitir ajustar algumas ideias à respeito de bullying, suicídio, relações familiares, amizades, empatia…
[SPOILER ALERT] não tem como não dar alguns spoilers durante nossas 13 reflexões, mas são pequeninos ok? 🙂
A primeira informação que tive sobre “13 Reasons Why” era de que se tratava de uma série sobre jovens deprimidos, a segunda, de que as ligações para o CVV haviam dobrado e a terceira, de que eles estavam no trendtopic do Twitter. Ok, confesso que não sou adepta das séries, porque não tenho maturidade suficiente pra administrar o tempo e quero assistir tudo de uma vez só, mas se a gente quer falar de um assunto, precisa entender a fundo do que se trata e lá fui eu pra minha maratona de 13 episódios num final de semana. Ao final, retorcida no sofá com a cena do suicídio, comecei a refletir sobre tudo o que eu havia aprendido a partir das histórias e das pessoas que as compunham.
Vamos as 13 reflexões que eu cheguei:
1- Suicídio: precisamos falar sobre isso, não de maneira romantizada e nem com medo, mas como uma alternativa que muitas pessoas enxergam como única. Uma vez um professor perguntou se a gente achava que quem suicidava era forte ou fraco, até hoje não sei se existe uma resposta certa pra isso, mas o que eu sei é que se a gente olhar pro lado, conversar, amar, cuidar, empatizar com o outro, as chances de cometer suicídio ficam menores e não, suicídio não é a única e nem a última alternativa.
Pais falem sobre isso. Escolas falem sobre isso. Amigos falem sobre isso.
Veja mais sobre Suicídio em Suicídio sem tabú (documentário) e Setembro Amarelo e Suicídio: Falar é a melhor solução.
2- Empatia: eu não preciso te amar, não preciso te conhecer, não preciso ser seu amigo ou amiga pra ter empatia com você. Empatia é algo que não nos custa nada e que transforma o mundo ao nosso redor. Tire o celular da cara, tire os fones de ouvido, tire a bunda da cadeira, coloque os olhos no mundo, coloque os sentidos pra funcionar, observe o ambiente, observe as pessoas, interaja.
Alguém que cruza seu caminho pode estar precisando de ajuda, simplesmente ouça, sinta.
3- Ouvir: quantas vezes você realmente para pra ouvir a pessoa que está falando? Não estou falando de apenas escutar o que ela verbaliza, mas de ouvir com o coração, sem julgamentos, sem juízo de valores, sem comparações, sem ameaças, sem medo. As vezes a gente não tem uma solução pro problema de alguém, mas ouvi-lo já é tão importante, já proporciona alívio. Junto com os ouvidos coloque pra funcionar o ombro, o abraço, o carinho.
4- Bullying: ok, todos nós já passamos por isso em algum momento na vida, de maneira mais “forte” ou mais “fraca”, mas a verdade é que bullying sempre será bullying e isso traz consequências das mais variadas pra nossa vida. Se você é a vítima, não se cale, procure ajuda, alguém pra quem você possa confiar essa situação e que possa te orientar e proteger. Se você é o praticante, pois por que não procurar ajuda também?
Ninguém sai por aí causando sofrimento à toa, se você se perceber causando sofrimento, tente entender o que te leva à isso.
5- Abusadores também precisam de cuidados: ninguém acorda e decide que vai maltratar o colega. A gente “distribui” o mal porque alguém fez mal pra gente também. Pensem no Justin, observem o quanto esse garoto sofre, uma família completamente desestruturada, um “amigo” que o “acolhe”, mas que cobra um preço (muito alto, por sinal) por esse acolhimento.
Veja também: Depressão infantil
6- Pais atentos: se você tem um filho ou uma filha ou vários, lembre-se de que conversar, saber como anda a vida, as amizades, interessar-se pela rotina dele, dela, deles é muito importante e ajuda a criar laços maiores e melhores de confiança e consequentemente, relações familiares mais adequadas e saudáveis.
7- Existe uma barreira entre querer e poder: Lembre-se da história do Clay, ele tenta ajudar, tenta ser compreensivo, tenta acolher, mas Hannah não aceita isso, ao contrário, ela grita com ele. Ok, aqui você pode me dizer que a gente tem que insistir e eu concordo, mas não dá pra forçar alguém a querer ajuda.
Tem uma linha muito tênue aqui, entre o respeito e a ajuda. Se você não souber muito bem como agir, procure conversar com alguém que possa te ajudar com isso, mas nunca, jamais se culpe por ter tentado e não ter conseguido.
8- Comportamentos bons e ruins: qualquer coisa que a gente faça sempre vai ter uma consequência. Ela pode ser boa ou ruim, minha sugestão é que se você fez uma coisa (ou pretende fazer) e isso te deixou na dúvida de que resultado terá, deve tentar compartilhar essa questão com alguém. Ouvir opiniões alheias e diversas sempre ajuda.
9- O amor pode salvar: o conselheiro do colégio não acha isso, mas eu acho. O amor tem um poder incalculável e, agir com base no amor (o saudável, é claro) sempre será uma atitude correta e que pode mudar o curso de uma história.
10- Encare as situações: engolir sofrimento atrás de sofrimento uma hora causa engasgo. Não aceite sofrer. Não aceite sofrimento de qualquer que seja o tamanho e de quem quer que seja. Procure meios de conversar com quem causa a dor, ou procure alguém que possa te ouvir e te aconselhar a como agir para se defender.
11- Não tenha medo de ser quem você é: Courtney gosta de garotas e daí? Isso é NORMAL! Não se escondam, não se reprimam. Se não sabe como assumir quem você é, também existe quem pode te ajudar. Procure por um psicólogo, uma psicóloga.
A vida é tão mais leve quando podemos assumir nosso EU verdadeiro.
12- A solidão e a falta de limites: Ah Bryce, como te faltaram limites e quanto amor te falta, não garoto? Mais uma vez cabe aqui a responsabilidade que os pais precisam ter. Dar uma super casa, carro caro, dinheiro à vontade, não fará do seu filho ou filha uma pessoa íntegra e feliz. Estejam presentes, sejam presentes!
13- Não é não: em tempos de luta contra a violência de gênero não posso deixar isso passar batido. Não é não e mesmo que eu não te fale não (porque as vezes a dor é tamanha que a gente se sente amordaçada), isso não significa que você, homem, pode fazer o que achar que é certo. Respeitem a coleguinha, respeitem-se!
Tem muitas outras coisas pra refletir nessa série, mas vou parar por aqui, pra não virar um livro.
Vou colocar só mais uma reflexão: a fase de adolescência, início da juventude costuma ser bastante complexa, cheia de desafios, de incertezas, de medos e ter uma ajuda profissional, alguém com quem se possa dividir tudo isso, facilita MUUUUUUITO a vida #ficaadica 😉
Ah, e só pra terminar, agora é verdade, se precisar de ajuda urgente (e gratuita) você pode chamar o CVV, eles atendem 24 horas por dia pelo telefone 141 e também por e-mail, chat e Skype.
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