Tenho reparado que responder perguntas, costumeiramente, é um dificuldade que muitas pessoas têm em conversar ou mais “técnicamente” em manter um diálogo. E olha que nem estou falando de uma conversa saudável e construtiva, isso já é uma segunda etapa. Parte dessa dificuldade vem do fato de entrarmos numa conversa já pensando no que vamos dizer, em vez de escutar o outro. Aliás, você sabe a diferença entre ouvir e escutar? Acho que tem um post aqui no psico.online que já falamos disso…
Mas o que fazer quando alguém te faz uma pergunta? Responder automaticamente pode não ser a melhor ideia. Para melhorar a qualidade das suas respostas e do diálogo como um todo, vamos para algumas dicas práticas:
1. Ouça antes de responder
Escutar é mais profundo do que parece e requer atenção. A maioria das pessoas acha que está ouvindo, mas na verdade só estão esperando a vez de falar. Esse é o grande problema: você se preocupa tanto em formular uma resposta que nem processa a pergunta completamente. Ao invés disso, é fundamental treinar o ato de escutar atentamente o outro, absorvendo cada palavra sem interrupção.
Exemplo prático: Imagine que um colega te pergunta: “Você acha que devemos mudar a estratégia da empresa?” e, sem pensar, você responde: “Sim, claro”. Mas, ao parar para escutar melhor, poderia ter percebido que o colega estava preocupado com o impacto dessa mudança no time e, na verdade, queria discutir alternativas, não uma resposta rápida. Em vez de apenas responder, você poderia dizer: “Essa é uma boa pergunta. O que te faz pensar nisso?”
Esse simples ato de escutar e absorver o que a outra pessoa realmente quis perguntar já melhora a qualidade do diálogo e evita respostas superficiais.
2. Reflita antes de responder
Quando você é impulsivo nas respostas, muitas vezes fala algo que, ao refletir, poderia ser dito de forma diferente ou mais adequada. Responder de imediato é tentador, mas parar para refletir garante que você realmente entendeu a pergunta e que sua resposta será mais precisa e empática. Esse tempo para reflexão também ajuda a manter a calma em situações emocionais ou tensas.
Exemplo prático: Alguém te pergunta: “Você acha que sou egoísta?” Esse tipo de pergunta é delicada. Se você responder de imediato com um “não, claro que não”, pode soar como se estivesse ignorando a preocupação real da pessoa. Uma boa resposta, depois de refletir por alguns segundos, poderia ser algo como: “Não sei se egoísmo é a palavra certa, mas percebo que, às vezes, você tem se fechado em alguns momentos. Quer me contar um pouco mais sobre como você se sente e o motivo que te faz pensar assim?”
Essa pausa para reflexão te ajuda a evitar respostas automáticas e a se conectar de forma mais genuína com a pessoa.
3.Pergunte para esclarecer
Nem todas as perguntas são formuladas da forma mais clara possível. Muitas vezes, o que a pessoa realmente quer saber está implícito, ou há detalhes que precisam ser esclarecidos antes de uma resposta. Fazer perguntas de volta, buscando confirmação, garante que você compreendeu corretamente e que a conversa segue no rumo certo. Isso também mostra à outra pessoa que você está genuinamente interessado no que ela está dizendo.
Exemplo prático: Se alguém te pergunta: “Você acha que eu deveria falar com meu chefe sobre isso?”, em vez de responder diretamente “sim” ou “não”, você pode devolver: “Quando você diz ‘isso’, você quer dizer o problema específico com o projeto ou está pensando no comportamento geral dele?” Assim, você se certifica de que está na mesma página e evita responder algo que não corresponde exatamente ao que a pessoa queria saber.
4.Repita parte da pergunta na resposta
Uma técnica interessante para reforçar a clareza e garantir que sua resposta esteja bem estruturada é incluir parte da pergunta na própria resposta. Isso não só mostra que você entendeu o que foi perguntado, mas também facilita a compreensão para quem está ouvindo ou lendo.
Exemplo prático: Se alguém te pergunta: “Qual é o seu nome?”, em vez de responder apenas “Raul”, você pode dizer: “O meu nome é Raul”. Ou então, “Qual a cor da bandeira do Brasil?” e você responde: “As cores da bandeira do Brasil são verde, amarela, azul e branco.” Esse formato reforça a clareza da resposta. Até mesmo em perguntas pegadinhas como “Qual a cor do cavalo Branco de Napoleão?”, a resposta poderia ser: “A cor do cavalo Branco de Napoleão é branco.” Em casos assim, você ainda pode aproveitar para brincar com a linguagem: “Branco é o nome do cavalo ou é apenas uma pegadinha com a cor?”
Essa técnica também é útil em perguntas mais complexas, ajudando a estruturar melhor sua resposta e garantindo que a pessoa que perguntou sinta que foi bem compreendida.
5.Use uma linguagem não violenta
A Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg, é uma técnica eficaz para transformar conversas difíceis em diálogos produtivos e respeitosos. A base da CNV está em quatro componentes: observar sem julgar, expressar sentimentos com sinceridade, identificar as necessidades por trás desses sentimentos e, por fim, fazer um pedido claro e realizável. Esse processo permite que você responda de maneira empática e evite confrontos desnecessários.
Ao utilizar a CNV, o objetivo não é apenas responder à pergunta, mas também criar um espaço onde as duas partes se sintam compreendidas e respeitadas.
Exemplo prático: Se alguém te pergunta: “Por que você nunca concorda comigo?”, uma resposta comum poderia ser algo defensivo, como “Porque você está sempre errado!”, o que só geraria mais conflito. Usando a CNV, você poderia seguir o seguinte caminho:
Observação (sem julgamento):
“Percebo que nas nossas últimas conversas você sentiu que eu não concordei com as suas ideias.” (repare que você não discordou da pessoa mas ficou nos fatos)…
Sentimento:
“Isso me deixa preocupado, porque parece que estamos tendo dificuldade em nos entender.”
Necessidade:
“Eu valorizo muito nossas trocas de ideias e quero que elas sejam mais colaborativas.”
Pedido:
“Você estaria disposto(a) a me contar mais sobre como se sente quando eu discordo? Acho que podemos achar uma forma de alinhar nossas perspectivas.”
Ao estruturar a resposta dessa forma, você não só responde à pergunta, mas também demonstra um interesse genuíno em entender o ponto de vista da outra pessoa e em construir um diálogo mais positivo. A resposta vai além de simplesmente esclarecer uma dúvida, pois abre caminho para uma conversa mais profunda e construtiva.
Por que isso é importante? A CNV não trata de vencer uma discussão ou de ser “o certo”, mas de criar um espaço onde ambas as partes possam expressar suas necessidades sem recorrer a críticas ou acusações. Quando você responde com empatia, dá à outra pessoa a chance de se abrir, de se sentir ouvida e compreendida. E essa é a essência de um diálogo saudável: não se trata apenas de responder perguntas, mas de estabelecer uma conexão verdadeira.
No fim das contas, a CNV ajuda você a responder a perguntas de forma clara e compassiva, transformando o que poderia ser um conflito em uma oportunidade de crescimento mútuo.
6. Seja direto, mas acolhedor
Ser direto é essencial para a clareza, mas a forma como você se comunica também é importante. Ser direto não significa ser insensível ou grosseiro. Encontrar um equilíbrio entre objetividade e acolhimento é o segredo para uma comunicação efetiva. Mostre que você entende o pedido ou a questão, mas sem deixar de ser empático.
Exemplo prático: Se alguém te pergunta “Você pode me ajudar a terminar esse relatório?”, uma resposta direta e rude seria: “Não, estou ocupado.” Em vez disso, sendo direto e acolhedor, você poderia dizer: “Agora estou com uma entrega importante, mas posso te ajudar em 30 minutos. Isso te atende?” Assim, você oferece uma resposta clara e mantém a disposição de ajudar, sem deixar a outra pessoa sem suporte.
7. Não tenha medo de errar ao responder
Todos cometemos erros ao responder perguntas, e isso é completamente normal. O importante é estar disposto a reconhecer quando você erra e estar aberto a ajustar a conversa. Adotar essa postura demonstra humildade e cria um ambiente de confiança mútua, onde o erro é parte do processo de aprendizado e do diálogo.
Exemplo prático: Imagine que durante uma discussão você diz algo que percebeu depois que estava equivocado. Em vez de insistir no erro, você pode simplesmente admitir: “Olha, acho que errei quando disse aquilo antes. Estava pensando de uma maneira diferente, mas depois que você falou, percebi que seu ponto faz sentido. Vamos tentar ver como podemos resolver isso juntos?”
Ao admitir o erro, você fortalece o diálogo e cria uma troca de ideias mais honesta. Reconhecer que você não precisa estar certo o tempo todo pode abrir portas para conversas mais ricas e colaborativas.
Encerrando e esperando que você tenha aprendido como melhorar suas respostas…
Essas dicas podem te ajudar a transformar suas conversas e a melhorar a qualidade dos seus diálogos e sinceramente espero que você possa fazer uso delas e tirar proveito para melhorar as suas conversas. agora, me conta, você já tentou aplicar alguma dessas técnicas no seu dia a dia, já conhecia alguma?
Deixe seu comentário abaixo e compartilhe sua experiência.
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Até a próxima.