Estresse pós traumático ou TEPT: Transtorno do estresse pós traumático é o tema deste post.
O TEPT é um transtorno de ansiedade precipitado por um trauma.
O traço essencial deste transtorno é que seu desenvolvimento está ligado a um evento traumático de natureza extrema.
Uma fração significativa dos sobreviventes de experiências traumáticas irá desenvolver uma constelação aguda de sintomas de TEPT, que pode ser dividida em três grupos: revivescência do trauma, esquiva/entorpecimento emocional e hiperestimulação autonômica.
O TEPT é diagnosticado se esses sintomas persistirem por quatro semanas após a ocorrência do trauma e se redundarem em comprometimento social e ocupacional significativos.
Mas como isso acontece afinal?
O Transtorno de estresse pós traumático
É normal ter medo quando estamos em perigo.
É normal nos sentirmos alterados quando algo vai mal. A nós ou a alguém que queremos. É uma reação natural e, de certo modo, adaptativa. Porém, se esse medo continua por semanas ou meses, é hora de falar com um especialista em saúde mental, nosso bom e velho psicólogo, terapeuta, psicoterapeuta…
É possível que você esteja passando por um transtorno de estresse pós traumático
O transtorno de estresse pós traumático é algo real. É um transtorno que pode aparecer após ter vivido ou presenciado um acontecimento perigoso, como uma guerra, um furacão ou um acidente grave. Este transtorno nos faz sentir estressados e com medo, ainda que o perigo já tenha passado. E afetará nossa vida e a vida das pessoas que nos rodeiam.
Esse transtorno pode afetar qualquer pessoa e em qualquer idade. As crianças também podem sofrer com ele. Não é necessário que tenha havido uma lesão fisica para sofrê-lo. Podemos experimentá-lo depois de saber ou ver que outras pessoas, como um familiar ou amigo, tenham passado por dor e sofrimento.
Experimentar ou presenciar uma situação perturbadora e perigosa pode provocar transtorno de estresse pós traumático.
entre essas situações se podem incluir as seguintes:
- Ser vítima de violência ou presenciá-la
- A morte ou doença grave de um ente querido
- Guerra ou situações de deslocamento provocadas por conflitos armados
- Acidentes automobilísticos e aéreos
- Furacões, tornados e incêndios
- Delitos violentos, como um roubo ou tiroteio
Existem muitos outros fatores que podem causá-lo. É imprescindível, se acreditemos estar passando por isso, que procuremos um especialista. Tem tratamento e deve deve ser abordado profissionalmente. Não é algo que passará com o tempo, se não tiver os cuidados necessários.
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Para saber se estamos padecendo desse mal, é importante observar se sofremos de maneira recorrente de alguns desses sintomas:
- Pesadelos ou problemas para dormir
- Cenas retrospectivas ou a sensação de que um acontecimento aterrador acontecerá novamente
- Pensamentos aterradores que não podemos controlar
- Evitação de lugares e coisas que nos recordem o acontecimento
- Sensação de preocupação, culpa ou tristeza
- Sensação de solidão
- Sensação de estar no limite ou crises de furia
- Pensamentos de se fazer mal ou fazer mal a alguém
As crianças que sofrem de TEPT podem manifestar outros tipos de problemas, que incluem:
- Comportamento similar ao de crianças menores que ela
- Impossibilidade de falar
- Queixas frequentes de problemas estomacais ou dores de cabeça
- Negar-se a ir a determinados lugares ou a brincar com os amigos
É muito importante que busquemos um profissional com experiência para nos ajudar e dar um fim a esse sofrimento tão intenso e tantas vezes tão banalizado.
Tratamento
- Psicoterapia
- Farmacoterapia
- O tratamento de outros transtornos, como o uso de substâncias ou o transtorno depressivo maior
Psicoterapia
A psicoterapia é o principal tratamento para o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT).
Aprender sobre o TEPT pode ser um passo inicial importante no tratamento. Os sintomas do TEPT podem causar confusão extrema e, frequentemente, é muito útil que as pessoas com TEPT e seus entes queridos entendam que ele pode incluir sintomas aparentemente não relacionados.
As técnicas de controle do estresse, como respiração e relaxamento, são importantes.
Os exercícios que reduzem e controlam a ansiedade (por exemplo, ioga, meditação) podem aliviar os sintomas do estresse pós traumático, além de preparar a pessoa para o tratamento que envolve a exposição estressante a memórias do trauma.
A principal corrente de pensamento favorece o uso de psicoterapia estruturada e focalizada, denominado terapia de exposição que ajuda a apagar o medo deixado pelo evento traumático.
Na terapia de exposição, o terapeuta pede à pessoa afetada que imagine estar nas situações associadas ao trauma anterior.
Por exemplo, o terapeuta pode pedir à pessoa que imagine que está visitando o parque em que foi agredida. É possível que o terapeuta ajude a pessoa a reimaginar o próprio evento traumático.
Devido à ocorrência de ansiedade, muitas vezes intensa, associada às memórias traumáticas e para que a exposição avance no ritmo certo, é importante que a pessoa sinta que tem apoio.
A pessoa que ficou traumatizada pode ser especialmente sensível a ser traumatizada novamente e, portanto, o tratamento pode ficar estacionário se ele for administrado muito rapidamente.
Muitas vezes, o tratamento pode mudar, passando de terapia de exposição para um tratamento mais aberto e que presta mais apoio e, com isso, ajudar a pessoa a se sentir mais confortável com a terapia de exposição.
Além disso técnicas de realidade virtual podem ser utilizadas para expor o paciente dentro de um ambiente controlado pelo profissional ou por softwares que auxiliaram a medir o grau de exposição ao estresse pós traumático.
Uma psicoterapia mais abrangente e mais exploratória também pode facilitar o retorno a uma vida mais feliz quando, por exemplo, a pessoa dá enfoque aos relacionamentos que podem ter sido prejudicados pelo TEPT: transtorno do estresse pós traumático. Outros tipos de psicoterapia de apoio e psicodinâmica também podem ser úteis desde que eles não afastem o enfoque do tratamento da terapia de exposição.
A terapia de dessensibilização e reprocessamento através dos movimentos oculares (do inglês eye movement desensitization and reprocessing, EMDR) é um tipo de tratamento no qual é pedido à pessoa que acompanhe com os olhos o movimento do dedo do terapeuta enquanto imagina estar exposta ao trauma.
Alguns especialistas acreditam que os movimentos dos olhos em si ajudam na dessensibilização, mas a terapia EMDR provavelmente é eficaz devido à exposição e não devido aos movimentos dos olhos.
Farmacoterapia
Os antidepressivos são considerados o tratamento de primeira linha para o transtorno do estresse pós traumático, mesmo para pessoas que não têm transtorno depressivo maior também. Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina e outros antidepressivos, como, por exemplo, a mirtazapina e a venlafaxina, costumam ser recomendados com mais frequência.
Para tratar a insônia e os pesadelos, às vezes o médico receita medicamentos, como a olanzapina e a quetiapina (também usadas como medicamentos antipsicóticos) ou a prazosina (também usada para tratar a hipertensão arterial). No entanto, esses medicamentos não tratam o TEPT propriamente dito.
Leia também as referencias, são ótimos artigos.
FIGUEIRA, Ivan; MENDLOWICZ, Mauro. Diagnóstico do transtorno de estresse pós traumático. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 25, supl. 1, p. 12-16, June 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462003000500004&lng=en&nrm=iso>. access on 20 Feb. 2021. https://doi.org/10.1590/S1516-44462003000500004.
Retirado de Cambiate Blog (traduzido e adaptado) – Artigos sobre estresse pós traumático
Primeira versão 12/01/2016 – Revisitado.