Existe um costume, humano, por certo, de misturar tudo. Então não pode ser estranho, que quando tenhamos um problema e precisamos de uma solução, surjam vozes de todos os tipos, que vão se incorporando a nossa mente e claro, misturando tudo.
É certo que para avaliar de maneira satisfatória a qualquer fenômeno, dificuldade ou acontecimento, precisamos de uma visão ampla, generosa e se possível, neutra, mas quem é que consegue assim, tão fácil
Podemos ver essa mistura de ideias, de vozes, de convicções em todos os âmbitos, mas nas últimas semanas, conturbadas pelas recentes mudanças políticas, comprovamos que “em rio revolto há ganância de pescadores” e isso se manifestou em sua mais revoltosa expressão.
A capacidade de um determinado tipo de personagem público para captar todos os descontentes, chegou em sua máxima com a campanha das eleições americanas ou mesmo nas eleições do Rio de Janeiro. E é difícil explicar como tantas pessoas, votaram por razões opostas, no mesmo candidato.
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Poderíamos modificar a frase entre as aspas logo acima e deixá-la assim: “Em rio revolto, ganha o pescador com menos escrúpulos para fazê-lo”. Inclusive o que nos convence de ter pescado mais, ainda que não seja bem assim.
Por que isso ocorre? Paradoxalmente, por desespero e esperança ao mesmo tempo. Quanto mais desesperados estamos, mais baixamos o nosso nível de esperança. E a colocamos em mãos de quem parece oferecer ideias claras. Ainda que sejam só ideias e só aparências.
Porque esse é o segundo fenômeno que explica os votos inexplicáveis. O véu que colocamos sobre os demais argumentos que, em ocasiões mais benignas, nos deixariam horrorizados. Vemos só o que nos parece cômodo.
Isso não é nenhum método de estrategista político. É simplesmente entrar para o jogo e deixar de lado todas as regras. E conseguir que a partida se encerre e que você seja o vencedor.
Mas não vamos nos dispersar, nem nos isentar das responsabilidades.
A responsabilidade sempre recai em quem se esqueceu há tempos qual era o problema e submerge num mar de derivações ou condicionantes da mesma. Em outras palavras, os efeitos colaterais recaem sobre quem faz as escolhas e sempre vai ser assim.
É muito simples. As pessoas querem uma vida digna. E quem não sabe o que isso significa, faça-me o favor, retire-se do mundo.
Comece a pensar, a separar um pouco as ideias dentro da sua cabeça. Você vai perceber que quem não tem essa tal vida digna, é uma vítima das escolhas que nós, dia após dia, temos feito. Misturando tudo, ideias, conceitos e preconceitos e nos esquecendo do que é humano.
Baseado no texto de Leocadio Martin