De novo estamos chegando no Natal. É o tempo dos presentes de natal, dos excessos. Os momentos em que nos dedicamos a comer muito mais, mais do que precisamos, inclusive. E a beber. Mas não é sobre isso que queremos falar hoje.
O Natal é também tempo de presentes. Especialmente para as crianças. A elas separamos um monte de presentes, que recebem do papai Noel. E digo um monte porque, quem sabe o mais característico dos presentes de Natal seja a desmedida quantidade das coisas.
Nossos filhos, netos, sobrinhos, se veem invadidos por uma infinidade de presentes que chegam todos ao mesmo tempo. Muitos nem sequer serão abertos. E se forem, serão deixados num canto, para dar espaço ao próximo presente.
A capacidade de processamento das nossas crianças se vê absolutamente sobrecarregada. Não são capazes de digerir mentalmente o que está acontecendo. Podemos chegar a causar-lhes um choque, que não os permite entender que o que estão recebendo são coisas de pessoas que os amam e que os presentearam com toda sua dedicação e possibilidades.
Mas a fantasia de Natal não contribui para essa compreensão. Se observarmos friamente, por que as crianças que mais ganham presentes são as de famílias com mais poder aquisitivo? Por que as crianças, nesse tempo de celebração, não estão todas nas mesmas condições?
Excessos para umas, ausência para outras.
Eu sei. Pode ser demagógica nossa reflexão de hoje. Sem dúvida. Mas se existe algo que a psicologia sabe e faz tempo é que, desde pequenos, processamos diferentes níveis, mais ou menos conscientes. E isso que estou falando, não escapa a um nível de processamento determinado. E envia uma mensagem contrária ao que gostaríamos que as outras crianças também recebessem. Estamos falando sobre as desigualdades, a falta de solidariedade, a desesperança e a desatenção.
Sei que pode ser um pouco tarde, talvez. Mas será que a gente ainda tem tempo pra refletir sobre como vamos presentear, valorizar o que isso significa para nós e para quem vai receber os presentes? E começar a escapar dessa absurda competição do número de presentes que recebemos ou que damos.
Retirado de Cámbiate Blog (traduzido e adaptado)