Muitas mulheres são afetadas pela depressão pós-parto. E, esta classificação de depressão pode variar de intensidade e em alguns casos, seus sintomas são bem severos.
Para ser mais específica, em 2016, uma pesquisa da Fiocruz [1], constatou que no Brasil, em cada quatro mulheres, mais de uma apresentava sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê.
As causas são várias, desde desequilíbrio hormonal, estresse e pressões da vida moderna até problemas mais complexos que precisam de investigação; por exemplo, há uma associação entre a cesariana e o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático que pode acontecer.
Ainda assim, no caso do baby blues e depressão pós-parto, existem fatores de risco que podem aumentar a chance que, além dos já citados, são eles: falta de apoio da família e amigos, falta de planejamento da gravidez, depressão já diagnosticada anteriormente e histórico de transtornos mentais na família.
O importante é que as mulheres saibam que isso pode ocorrer e, portanto, que não tenham receio ou vergonha de pedir ajuda.
Um sinal de alerta
Depois de 9 meses de gestação, finalmente o bebê nasce.
Na hora de ir para casa, com ele no colo, um quartinho bonito e uma casa preparada para receber o novo habitante você se vê com uma tristeza inexplicável. As emoções negativas acabam dominando e superando o momento que ansiosamente era aguardado.
Um conflito interno surge.
O baby blues e a depressão pós-parto são alguns dos maiores fantasmas que assombram as mães, mas em alguns casos, após o parto, são deixados de lado ou perdem “o foco” devido a uma carga cultural.
Segundo pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, 25% das brasileiras apresentam depressão pós-parto [1,2].
Baby Blues
O baby blues é um quadro de mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza, pesar ou angústia.
É um mal-estar psíquico acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo com alterações de humor, momentos de alegria seguidos de tristeza.
Ele é marcado por certa melancolia e pela sensação de incapacidade ou medo de não saber cuidar do bebê.
Não se trata de uma doença, já que acomete, muitas mulheres, mas também homens e até bebês que têm que se adaptar à chegada ao mundo.
Podemos dizer que o baby blues é benigno, porque, apesar de estar ligado às adaptações do pós-parto na mulher, ele regride sozinho, mas ainda assim, os envolvidos devem ficar atentos(as).
A mulher fica preocupada demais, perde o sono, fica exausta, até se acostumar à nova rotina. Esta fase costuma durar de um a três meses – mas não deve ser extrema. Perceba, que a partir daí a mulher volta ao humor normal, sozinha, sem tratamento.
Depressão pós-parto
Já a depressão pós-parto é considerada um quadro mais grave. Além de tristeza, que pode trazer pensamentos suicidas ou homicidas e ocasionar doenças psicossomáticas há uma persistência nas emoções.
Ao contrário do baby blues, não se trata de um quadro benigno e que vai perdendo força. Nesse caso, a tristeza é um dos sinais mais marcantes e pode colocar em risco a própria vida da mãe e às vezes até a do bebê. É, nesse caso, que precisamos de atenção com algum tratamento ou intervenção.
O tempo de duração de uma depressão pós-parto vai depender do tratamento. Se não houver ajuda de um psicólogo ou/e psiquiatra, ela não necessariamente vai regredir tão facilmente.
Como reconhecer e procurar ajuda
Nem sempre é fácil para quem está no entorno perceber que as novas mães estão em sofrimento, porque elas tendem a disfarçar, já que é constrangedor – por uma série de fatores inclusive culturais – estar triste e infeliz depois de ter tido um bebê.
No Baby Blues você sofre mas tem muitos momentos de alegria e a cada semana percebe que algo melhorou, as alterações são mais claras.
Já na depressão, por sua vez, a melhora não se apresenta. Quando você percebe que não há diminuição desse sofrimento é hora de procurar ajuda.
É preciso ter sensibilidade e observar se a pessoa está comendo, como está sua aparência e ações.
Se o marido ou um parente próximo percebe que a tristeza é recorrente, contínua, deve encaminhar ou acompanhar a mamãe até um profissional, que, ao escutá-la, poderá fazer um diagnóstico mais concreto.
Seria bom também, que se fortalecesse o relacionamento com o bebe, ainda assim preservando-o, mediando a aproximação com carinhos, abraços, beijos, amamentação onde envolvendo-o nos braços e acolhendo-o contra seu peito os estímulos se desenvolvam.
É preciso contar com ajuda de pessoas próximas (a rede de apoio): marido, parentes, enfermeiras, doulas para se sentir amparada e protegida.
A mulher, mãe, pode compartilhar o que está sentindo, com as pessoas próximas, médico, psicólogo sem o estigma de culpa por algo, que pode estar além do seu controle.
Oferecer uma folga para si mesma e saber que depressão pós-parto e o baby blues são reais e precisam de cuidados, também faz parte desse desenvolvimento de vínculos.
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Referências bibliográficas deste artigo sobre depressão pós-parto e baby blues.
[1] Theme Filha MM, Ayers S, da Gama SG, Leal Mdo C. Factors associated with postpartum depressive symptomatology in Brazil: The Birth in Brazil National Research Study, 2011/2012. J Affect Disord. 2016 Apr;194:159-67. doi: 10.1016/j.jad.2016.01.020. Epub 2016 Jan 21. PMID: 26826865.
[2] https://portal.fiocruz.br/noticia/depressao-pos-parto-acomete-mais-de-25-das-maes-no-brasil
A maternidade, e o encontro com a própria sombra. O resgate do relacionamento entre mãe e filho: Autora Laura Gutman. Editora Best Seller
Depressão pós-parto: Esclarecendo suas dúvidas. Autora ERika Harvey. Editora: Ágora