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brown upright piano

Ter filhos não te faz pai ou mãe, assim como, ter um piano não te faz pianista.

Ter filhos, esse será o assunto de hoje.

Essa frase, do título, usei no Instagram um dia desses e, fazendo uns ajustes, é do Michael Levine. 

Ela serve como um bom gancho para puxar o assunto sobre ter filhos

Você têm filhos? Você terá? Já teve? Comece a pensar um pouco sobre a palavra TER e já voltaremos ao assunto.

Essa frase é uma frase de efeito e portanto precisa de contexto, então vamos trabalhar nisso.

Como a maioria das frases tiradas de algum lugar, ela até se encaixa na nossa necessidade, mas deixa dúvidas e a primeira delas seria: quem é Michael Levine e onde ele disse isso? Bom. Pesquisei e achei:

Lições no ponto intermediário: sabedoria para meia idade um áudio book de Michael Levine em inglês, que fala de lições e reflexões de vida de um americano inteligente na meia idade. Ele é autor de vários livros e um escritor famoso de relações públicas. O autor parece bom, mas não conheço o trabalho, você conhece? Comenta aí.

Pelo que li ele é um excelente comunicador, experiente. Não ouvi o livro, então, vou trabalhar um pouco a construção da frase no nosso contexto TER. Se você ouvir o livro e quiser comentar, será excelente para todos que chegaram até aqui. 

Dito isso, vamos a segunda pergunta e a parte mais importante.

family walking on path ter filhos
Photo by Vidal Balielo Jr. on Pexels.com

Os Pais e as Mães têm filhos?

Afinal “ter filhos não te faz pai ou mãe, assim como, ter um piano não te faz pianista”.

Comecemos pela construção do nosso contexto de ter, ser ou estar nessa situação de parentalidade que podemos assumir, não é passageira ou tão simples de compreender. 

Afinal, a partir do momento que nos transformamos em pais ou mães de outro indivíduo – seja gerando-o biologicamente ou herdando essa atribuição, assumimos um novo papel.

E receber esse papel não nos capacita a exercê-lo plenamente, mesmo que, em muitos casos, não tenhamos tempo para treinar ou ensaiar.

Também é importante colocar que há diferenças entre ter, ser e estar, você concorda?

E antes de irmos para o lado dos pais e mães, vamos observar a criança:

Do lado dela, quando ela assimila a linguagem, fica apta a organizar de uma nova maneira a percepção e a memória; assimila formas mais complexas de relação sobre os objetos do mundo exterior; adquire a capacidade de tirar conclusões das suas próprias observações, de fazer deduções, conquista todas as possibilidades do pensamento (LURIA, 1991, p. 80)

Uma imagem vai se construindo e com isso vai carregando com ela: desejos, necessidades, expectativas – conclusões e deduções – de todas as qualidades (adequadas e inadequadas no tempo).

Agora, olhando os indivíduos sem os seus papéis de filhos, pais ou mães.

Sob o contexto de TER e olhando os envolvidos nela, TER seria o melhor significado para se atribuir as responsabilidades, deveres, obrigações e prazeres dessa situação de parentalidade – “ter filhos”/”ter pais”/”ter mães”?

Será que esse sentido de posse dos filhos e filhas seria bom para eles ou para os pais? 

No sentido oposto: TER pais ou mães daria a compreensão de um sentido de propriedade sobre eles em um determinado tempo?

Como as necessidades são suprimidas? Carências? Dedicações?

Qual o peso que está envolvido nesse contexto?

Será que essa relação sobre os objetos que nos capacita a tirar conclusões próprias a partir das observações, para fazer deduções cria uma relação saudável ou gera alguma expectativa na relação entre filhos, mães e pais?

Como você lida com aquilo que você “tem”?

Sobre possuir algo ou alguém

Você não possui alguém

Talvez esteja de posse de algo (um objeto) mas não de alguém. 

Possuir detém a propriedade e um ser humano não é propriedade de outro (ao menos não deveria sê-lo).  

Há vários textos que falam sobre isso nos tópicos de violência, escravidão, servidão e relações abusivas. Usamos aquilo que temos (ou não)?

Pulando essa discussão (que é super importante no nosso contexto mas daria um livro) e focando no TER um filho ou filha, não te faz pai ou mãe, assim como ter um piano não te faz pianista podemos questionar: o que está envolvido na parentalidade?

Quais são as expectativas que você assume diante do “estar no papel de responsável por um dependente”?

Essa relação de dependência funciona ou cria amarras?

Finalizando a ideia sobre ter filhos

O principal objetivo deste texto não era o de oferecer respostas mas o de levantar questões sobre a propriedade na parentalidade e o que ela causa nas relações entre os envolvidos: pais, mães, filhos, enteados, cuidados… 

Quando falamos de seres humanos trabalhamos com indivíduos que têm características e modelos mentais diferentes e que são pautados em suas experiências, conhecimentos, desejos, esperanças e tempo.

Parti do princípio da relação e daquilo que é esperado dela. 

Se começamos com a ideia de TER, como posse, como se desenrola toda a relação onde precisar-se-à de comunicação, negociação e atenção?

Como é que podemos trabalhar com o TER alguém e seus malefícios e benefícios, pois eles, por mais que não desejemos olhar, estão ali.

Um filho ou filha que nasce é um ser próprio em suas características que precisará ser adaptado e acolhido às nossas características, do mesmo modo, quando nos tornamos responsáveis por algum dependente: ignoramos as suas necessidades, vontades, desejos e personalidade?

Isso nos transforma em que? Como são minhas ações?

Não sei se ficou claro que é um processo que envolve mais coisas que simplificações de posse, de tempo e de relações. Caso tenha dúvidas ou queira continuar a assunto, escreva nos comentários, ou agende uma sessão comigo, pois além de todos os pontos que foram levantados, cada caso e situação é um caso e situação que está no tempo… 😉

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Bibliografia usada no texto ter filhos

​​Luria, A. R., Leontiev, A. e Vygotsky, L. S. (1991). Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo: Moraes. Disponível em https://www.estantevirtual.com.br/aqui-tem-livro/luria-leontiev-vygotsky-e-outros-psicologia-e-pedagogia-bases-psicologicas-da-aprendizagem-e-do-desenvolvimento-3055219973?gclid=CjwKCAiAo4OQBhBBEiwA5KWu_0nxAwGJjOqxDEUHyF8ujg3pinRImMzE3KJOVdHuMmGs33gA8M590xoCGO0QAvD_BwELevine, Michael. Lições no ponto intermediário: sabedoria para meia idade um áudio book. Disponível em: https://www.amazon.com/dp/1441784942/ref=cm_sw_r_sms_awdb_t1_l2YiEbVGKB5TY

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Psicólogo CRP 06/154.661 - Formado Psicologia e em Administração com ênfase em Marketing, geek que respira tecnologia, pesquisador e mestrando em tecnologias da inteligência e design digital. É um dos fundadores do Psico.Online e do MeuPsicoOnline.com.br. Com diversos artigos e livros publicados tem sua atuação focal em jovens, adultos e idosos. Agende comigo

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