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Superproteção - Vamos falar sobre isso no Psico.Online

Superproteção: 4 informações importantes sobre o assunto

Quando falamos em superproteção, logo pensamos em crianças e adolescentes; mas superproteção não é só isso.

A superproteção possui características que também transformam adultos que criarão outras crianças e adolescentes, de modo que ao falarmos de superproteção é interessante incluir quem superprotege e quem é superprotegido na conversa.

Vou tentar, portanto, definir o que é uma superproteção, a origem e o que pode acontecer quando o adulto amplifica demais a sua responsabilidade de dever de cuidado. 

Também tentarei ir além dos efeitos e dos resultados que podem gerar um ciclo que, muitas vezes, acaba na clínica psicológica – tanto com pais (adultos) angustiados, quanto as crianças e adolescentes focos da superproteção.

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O que é superproteção

Superproteção é o adicional de proteção

É o “a mais”. É a adição “super”, sobreposta, colocada na proteção que é um cuidado com algo ou alguém mais fraco, frágil, indefeso ou dependente. 

Superproteção pode se referir a alguém ou a si mesmo.

Superproteção é quando o cuidador, extrapola ou exagera, por vários motivos, por exemplo suas inseguranças, medos e ideias em um “alvo”: o ser cuidado ou protegido do cuidador.

É uma área com muitos “ses” pois precisaríamos definir a medida do que é exagerar ou extrapolar no “cuidado” e isso pode ser relativo para ser feito apenas apontando de fora.

Os limites, com suas fronteiras, nem sempre são os mesmos de família para família, pessoa para pessoa, principalmente em um país tão grande, diverso e desigual como o nosso.

Vamos entender isso?

Prontos para pensar na diferença de proteção e superproteção

Eu me protejo de algo. Busco proteção. Proteção que assegura que minhas vulnerabilidades estejam cobertas.

Um adulto, por exemplo, que foi “pouco cuidado” e que “sofreu muito”, ao ter sob sua responsabilidade, um outro ser humano, muitas vezes (não sempre), tenta evitar que esse indivíduo dependente dele(a) sofra também; ou, ao menos, que tenha os cuidados que ela(e) não teve na sua infância: protegendo-o.

O ponto chave está no que é ser “pouco cuidado” ou “sofrer muito”. Diferencie, se puder, o que é ser pouco ou muito cuidado e o que é sofrer muito ou sofrer pouco. 

Esse grupo de palavras generaliza os contextos, sentimentos, ações a partir de algo muito particular e desconsidera tempo, características culturais, momentos e situações exclusivas de cada caso.

Eu e você nos protegemos da chuva com um guarda-chuva (ou não). Eu e você nos protegemos da chuva com um guarda-chuva e uma capa de chuva de plástico. Eu e você, não estaremos protegidos se a chuva for de granizo; mas eu e você já temos alguma ideia do que é a experiência da chuva, da chuva com guarda-chuva, da chuva com capa e de tudo isso com uma chuva de granizo.

A proteção passa por uma avaliação e percepção da vulnerabilidade, da segurança e do cuidado a ser prestado e da ação em relação a isso.

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Proteção e vulnerabilidade

Depois de colocar essas questões em pauta, agora, podemos observar que o ponto chave para essa discussão vem do cuidado e das medidas que serão aplicadas para essa proteção.

Cuidado esse em um determinado contexto. 

E esse cuidado, parte por observar as necessidades e os desejos atribuídos ao ser que receberá o cuidado, considerando a visão daquele que cuida bem como as suas próprias necessidades.

A vulnerabilidade ou ser ou não vulnerável está associada à ideia de precariedade de condições de vida. 

E a essa precariedade de condições vem com o esforço para minimizar, combater ou fugir dessas condições pré-estabelecidas (não estabelecidas, fixas ou presentes ainda) naquele instante.

Simplificando: há de se perguntar, (super)proteger-se do que?

E aí entra a visão daquele que está protegendo.

E aí entra a experiência de quem está sendo protegido.

O protetor e a proteção

Protetora ou protetor (pais, mães, avós, avôs, profissionais) objetivam algo em relação a si mesmos e também àqueles que estão sob seus cuidados. 

Contudo, algumas atitudes, aparentemente inofensivas, prejudicam ao invés de proteger. 

Por exemplo, ao levar a criança ao banheiro antes dela sinalizar essa necessidade, pode oferecer dificuldades de identificar suas próprias necessidades fisiológicas, associando e pareando errado os estímulos.

Evitar que um idoso caminhe, enfraquece sua musculatura.

Não sair de casa evita toda a variedade de coisas que podem acontecer fora de casa…

Mas como a parte de superproteção sempre nos leva a relação parental, vamos trabalhar ainda nisso.

Outra questão é quando fazemos para os filhos as tarefas que eles já têm a capacidade de fazerem sozinhos (comer, tomar banho, se vestir) e por ai vai… quando isso acontece, impedimos que eles treinem suas habilidades, desfavorecendo o desenvolvimento e a independência.

Quando você diz: não gosto de uma fruta, não quer dizer que essa outra pessoa não gostará e que por isso você não permitirá que ela experimente, afinal, para você ela é aversiva, mas e para o outro?

Nesse caso, o papel do cuidador é o de mediar (ficar no entre e orientar com base no que se conhece) sem ultrapassar o limite, afinal, falamos do cuidado e não do cuidador. 

Pois o incômodo está no cuidador e não, necessariamente, na criança que está aprendendo, descobrindo, testando, experienciando as novidades. 

Quando tentamos auxiliar, antecipando o que vai acontecer, tiramos a possibilidade de aprender com os próprios erros e perdemos a chance de participar.

Finalizando

Quando falamos das nossas relações é muito importante perceber o que é nosso, o que é do outro e o que é da relação. 

A proteção é importante até o momento que ela deixe de proteger e aprisione ou elimine determinados equilíbrios.

Um muro em volta da casa pode ser uma proteção ou uma prisão. Uma experiência pode ser ruim para um e boa para outro e esse processo, de identificar, é um exercício constante, que precisa sempre ser reavaliado no tempo, nas necessidades, nas oportunidades e assim por diante.

Espero que tenha gostado do texto e que, se chegou até aqui, se pergunte: isso é proteção ou superproteção: por quê? É ai, que você começa a identificar as coisas.

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Bibliografia:

[1] Benício, Dayane. O IMPACTO DA SUPERPROTEÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA, 2019 – disponível em https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1384.pdf

[2] Nasio, Juan-David, 1942. Como agir com um adolescente difícil?: um livro para pais e profissionais / J.-D. Nasio; tradução André Telles. – Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

[3] Entenda os riscos da superproteção aos filhos

Entenda os riscos da superproteção aos filhos. (2017). Retrieved 17 April 2022, from https://escoladainteligencia.com.br/blog/entenda-os-riscos-do-excesso-de-protecao-aos-filhos/

[4] Pensamento, F. (2022). Jonathan Haidt: os efeitos da superproteção na infância. Retrieved 17 April 2022, from https://www.fronteiras.com/artigos/jonathan-haidt-ao-superprotegermos-nossos-filhos-estamos-cultivando-transtornos-mentais-entre-adolescentes

[5] Scott, Juliano Beck, Prola, Caroline de Abreu, Siqueira, Aline Cardoso, & Pereira, Caroline Rubin Rossato. (2018). O conceito de vulnerabilidade social no âmbito da psicologia no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Psicologia em Revista, 24(2), 600-615. https://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n2p600-615

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Psicólogo CRP 06/154.661 - Formado Psicologia e em Administração com ênfase em Marketing, geek que respira tecnologia, pesquisador e mestrando em tecnologias da inteligência e design digital. É um dos fundadores do Psico.Online e do MeuPsicoOnline.com.br. Com diversos artigos e livros publicados tem sua atuação focal em jovens, adultos e idosos. Agende comigo

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