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Produtividade Tóxica. Uma ou 2 palavras sobre um estilo de vida cansado e adoecedor

Falemos de produtividade tóxica. 

Imagine o seguinte cenário. Você é uma pessoa com muita, mas muita vontade de crescer em sua carreira ou uma pessoa que, como a grande maioria, precisa trabalhar muito para sobreviver ou ter um minimo de conforto.

E nem vamos entrar no discurso sobre capital, proletariado e modelos de funcionamento social para não polemizar o texto.

Se você está na faixa das pessoas que precisam trabalhar, está inserido em uma sociedade faminta por entrega, que tem como palavras de ordem: produzir, produto, produção, produtividade; enfim, vale a pena pensar nessa tal produtividade tóxica.

Retomemos: se você “precisa se destacar” encontrará obstáculos no caminho, uma vez que o mercado de trabalho anda cada vez mais concorrido e a abundância de mudanças dadas pela tecnologia mais pessoas exige que você se torne cada vez mais antenado e se atualize constantemente.

Ainda vem a pergunta: o que é produtividade tóxica afinal?

woman relaxation laptop internet burnout e produtividade tóxica
Photo by Anna Tarazevich on Pexels.com

É quando você começa a chegar perto de um ponto de adoecimento individual e social. Produtividade tóxica é quando o limite é extrapolado. Quando o bem estar é suprimido pela pressão de estar inserido em um contexto competitivo, adoecedor e que foca na entrega, não na pessoa (ser). Não chega ainda ao Burnout – que é a queima das energias e o adoecimento de fato, mas a sua vida, começa a ser mais e mais complicada.

Quando isso começa a acontecer a reação vai para a biologia, para se preparar física e mentalmente para enfrentar uma rotina de esforços cada vez mais intensa. Afinal, “tempo é dinheiro”, tudo que esteja contra esse modelo racional (matemático e de racionalizar, contabilizar) começa a ser expurgado e precisamos nos esforçar para “dar o nosso melhor” em benefício “de que ou de quem”?

Há casos de pessoas que resolvem enfrentar, por exemplo, duas pós-graduações a fim de aumentar suas chances de uma posição melhor. Trabalhar, estudar, sustentar a família, os objetos, as compras, se exercitar, cuidar da aparencia…

Mas como é voltar a estudar quando já se tem o dia todo tomado pelo seu trabalho? Como incluir outras adtividades se o dia tem 24 horas e aproximadamente 12 horas “produtivas”?

Nosso exemplo de trabalhador adequado, o comprometimento inicia o dia às seis da manhã. 

Prepara-se para ir ao trabalho uma hora depois.

Enfrenta trânsito para se deslocar por uma hora e meia – alguns dirão que agora na pandemia não vale, que o trabalho em casa ajuda – então se for o caso, ganha-se tempo se preparando melhor para o trabalho. 

Uma vez que chega, entrega-se à rotina por pelo menos quatro horas até a parada para o almoço.

Muitas vezes não come fora, preferindo levar marmita ou comida embalada e se alimenta em refeitório cheio de colegas ou que, claro, vão falar de trabalho por falta de outro interesse em comum; ou, pede-se algo para comer rápido na frente do computador; cafezinho para acelerar.

O exemplo volta para a segunda metade do dia até que termine o turno e saia para uma atividade extra como frequentar um curso noturno ou hora do lazer produtivo: algumas horas a mais de trabalho físico, delega-se ou deixa para lá a organização da casa e da vida. 

Chega em casa por volta das nove ou dez horas da noite. Tem tempo apenas para um banho, rever as tarefas da casa, preparar algo para o dia seguinte, tentar verificar seus e-mails de trabalho e pessoal antes de encostar a cabeça no travesseiro e apagar para o mundo exterior.

Isso se conseguir, pois algumas vezes a ansiedade e o estresse começam a atrapalhar o “desmaio” de exaustão chamado, erroneamente de sono, ou insônia.

Ficou cansado só de ler os parágrafos anteriores ou se identificou? Essa rotina não é muito diferente para todos desta época da “Sociedade do Cansaço”.

Pois saiba que uma pessoa nessa situação passa por um problema sério chamado produtividade tóxica. 

Aqui o que pode passar inicialmente como sendo um caso de felicidade ou adequação exemplar por estar fazendo algo que goste, logo pode se tornar um pesadelo quando, imaginando que quanto mais produzir mais se satisfará e se realizará, gera problemas graves como aumento de estresse, estafa, burnout e todas as outras complicações relacionadas a esse rotina: produtividade tóxica.

O pensamento é simples: quanto menos folga e mais tarefas concluídas no dia, maior o reconhecimento. Mais perto da conquista. Que conquista?

Progredir no trabalho ou em outro cenário qualquer se torna uma obsessão tão grande que o envolvido não se dá conta do risco à saúde envolvido. 

Todo corpo precisa de descanso por mais forte e invulnerável que se sinta. 

Mas há casos em que as pessoas ao redor simplesmente não falam nada por acharem que se trata de uma pessoa feliz e realizada no que faz. “Fulana ou ciclana são exemplos de uma pessoa bem sucedida”. Não necessariamente e a clínica psicológica tá ai, os dados de saúde e ansiedade, depressão, burnout chama a atenção para esse modelo horrendo.

E não se restringe ao trabalho: o lazer se torna produção – assistir 3 séries e maratonar a última no final de semana.

Passar 4 horas na academia puxando ferro, o corpo precisa estar impecável. As entregas de estudo. A produção de conteúdo. Formulas e mais formulas para estar adequado à vida contemporânea.

Há quem ainda pense que o chamado mito da produtividade é algo incontestável. 

De fato, muitas empresas e mesmo estabelecimentos de ensino incentivam esse tipo de atividade da maneira mais imprópria possível: disfarçado de “competição amigável”. 

Vejamos um exemplo: um famoso portal de notícias em seus funcionários divididos em editorias, cada qual visando obter maior audiência numa determinada faixa horária. A chefia resolve oferecer prêmios de produtividade caso a audiência ultrapasse um determinado patamar. Como resultado, os funcionários se contorcem para obter o prêmio mais rápido do que os colegas. Não demora e as provocações entre as equipes começam, o que leva a agressões e antagonismos diversos. Competição em nome do que? Um aparelho celular novo – que te fará ainda mais disponível.

Tudo porque ninguém tem tempo para si mesmo: por que ficar ocioso se o concorrente pode passar a perna a qualquer momento? 

E lá se vai a camaradagem. Afinal, quem precisa de amigos que vemos todos os dias em ambiente de alta pressão?

Consegue notar que todo esse percurso sempre leva a um “faça mais”, “produza mais”, pare menos, entregue mais e mais, use toda a sua energia para… para o que? Para. Respire.

Não se engane: o que começou com um desejo de ser feliz, “o melhor”, no que faz se transformou, sem ninguém perceber, em algo que acaba com qualquer chance. Afinal literalmente queima-se a energia, as oportunidades e o resultado a longo prazo é desastroso.

A regra de ouro, entretanto, é manter sempre um tempo para si. E “pensar fora da caixa”. É ter visão crítica para entender e dizer não para muita coisa.

Não leve trabalhos ou tarefas para casa depois de um dia de atividades. 

Procure sempre refrescar a cabeça com algo que o faça esquecer por completo do ambiente principal. 

Deixe os problemas do lado de fora de sua casa ou do seu momento de descanso.

No caso de ser uma pessoa cheia de energia procure uma atividade para descarregá-la. Equilibre o processo mental e físico. 

Ser viciado em atividade pode acabar com sua carreira no menor dos problemas possíveis.

Como acabar com a produtividade tóxica?

Comece por identificar a sua rotina. Coloque um caderno ao seu lado e durante uma semana anote: horário que acorda, atividades, alimentação… tudo. O que você faz e qual e a sua rotina.

Em seguida, sozinho ou com ajuda de um psicólogo ou psicóloga, comece a fazer ajustes possíveis.

Ao perceber que essa mudança está acontecendo, comece a trabalhar e incentivar politicas públicas que não “forcem ainda mais essa rotina”.

Esse é o resumo do resumo. Esses são os primeiros passos.

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A Sociedade e o poder segundo Adorno.

Azevedo, Cleomar. (2005). O poder e a subjetividade: reflexão na perspectiva da teoria critica da sociedade. Cadernos de Psicopedagogia5(9), 00. Recuperado em 04 de novembro de 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-10492005000100003&lng=pt&tlng=pt.

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