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Ferir a si, as causas e consequências da automutilação

Ferir a si, as causas e consequências da automutilação

Existe muito preconceito e pouco conhecimento sobre a automutilação, e por isso mesmo é importante falar sobre isso!

Ferir a si mesmo pode parecer absurdo, afinal somos programados para evitar a dor. Então, o que levaria alguém a se machucar de propósito?

Vamos buscar esclarecer este tema para que as pessoas estejam munidas de informações. Com isso, poderão de fato ajudar caso conheçam alguém que pratique automutilação.

Afinal o que é Automutilação

Trata-se de qualquer comportamento intencional de agressão ao próprio corpo, sem a intenção de cometer suicídio.

Logo, pode se apresentar de várias formas, sendo mais comum cortes nos braços e pernas.

Outras formas de automutilação podem ser cortes na barriga, queimar-se, furar-se, bater em si mesmo e diversas outras.

Na maioria das vezes a intenção é apenas machucar-se, sangrar ou sentir a dor, sendo que a pessoa não tem a intenção de colocar a própria vida em risco.

Algumas vezes a linha entre a Automutilação e a tentativa de suicídio é tênue. Isso porque a pessoa coloca em risco a própria vida ao fazer cortes mais profundos, porém, sem uma certeza consciente de qual foi sua intenção.

Faixa Etária de Risco: Adolescentes

Embora não existam estudos sobre os números, sabe-se que adolescentes e jovens adultos estão mais propensos a se automutilar.

A dificuldade de estimar a quantidade de casos se dá porque a maioria das pessoas que se automutilam não contam a ninguém.

Por vergonha ou medo da reação dos outros, escolhem locais do corpo que podem ser escondidos. Normalmente o comportamento só é exposto quando a pessoa passa por algum exame médico ou mesmo quando a automutilação resulta em uma ida ao hospital.

A adolescência é uma fase conturbada da vida, na qual diversas mudanças biológicas, sociais, psicológicas e familiares ocorrendo ao mesmo tempo.

Um jovem que não possui muitos recursos emocionais para lidar com problemas pode facilmente ser induzido por colegas a fazer isso (como foi o caso da Baleia Azul) ou desenvolver por si só o comportamento de automutilação.

Mas por que alguém se machuca de propósito?

Um dos principais motivos é: uma tentativa de regulação do estado emocional.

Uma pessoa com intensos sentimentos negativos (de raiva, culpa, baixa autoestima, etc) encontra na dor física uma distração eficaz dessas angústias no momento do corte.

Outro principal motivo relatado é a sensação de vazio existencial, perda de contato consigo mesmo, a que chamamos de episódios de dissociação.

Entre os muitos motivos para estes sentimentos, podemos listar problemas na escola; na família; com amigos ou namoro; traumas como morte de familiares ou abusos; desordens psicológicas como sintomas de ansiedade, depressão ou traços de personalidade borderline.

A pessoa costuma continuar o comportamento de automutilação, pois, após feito o machucado, o cérebro libera um hormônio chamado Endorfina, que age como analgésico, mas também causa sensações de bem estar e relaxamento.

Isso torna a automutilação por vezes difícil de ser interrompida, pois a pessoa busca a sensação de bem estar novamente, muitas vezes inconscientemente.

Riscos e Prejuízos

A abertura de feridas no corpo pode parecer algo pouco ameaçador, porém sempre envolve riscos.

Um deles é a infecção da ferida, pois são uma porta de entrada para bactérias. Além da infecção local há o risco da infecção alastrar-se para outros tecidos.

Acidentes na automutilação também podem acontecer. Como um corte mais profundo que causa hemorragia, um soco na parede que quebra algum osso ou uma queimadura de 2º grau.

Contudo, o mais frequente a se lidar é o prejuízo social. Nossa sociedade não vê com bons olhos quem se machuca (pode parecer óbvio, mas em algumas culturas a autoflagelação é aceita e até estimulada).

Se há alguma questão com a autoestima física, a automutilação tende a piorar. Visto que a pessoa terá vergonha de mostrar o corpo e essa vergonha pode ser gatilho para mais automutilações.

Como ajudar?

Se você conhece alguém com esse comportamento, é importante não julgar!

Não se trata de uma insanidade ou de querer chamar atenção, mas de um sintoma de que algo não vai bem.

Mostrar-se solidário à dor da pessoa, mesmo que você não a entenda perfeitamente. Isso será mais útil do que proibir ou punir o comportamento. A punição pode gerar uma frustração e fará a pessoa desejar mais ainda automutilar-se.

Sempre que possível é importante buscar ajuda de um psicólogo, para ajudar a entender o motivo da presença dos sentimentos em tal intensidade e desenvolver outros recursos para lidar com as angústias.

Em alguns casos medicação pode ser prescrita, sempre por um médico psiquiatra.

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Psicóloga graduada pela Universidade Paulista, e especialista em Psicologia Hospitalar pela Faculdade de Medicina da USP.

Atuo como psicoterapeuta clínica desde 2014 em São Paulo nos bairros Vila Madalena (ZO) e Jardim São Paulo (ZN) com adultos e adolescentes, sou palestrante sobre temas de saúde mental e emocional e co-fundadora do Projeto Re-Criar, que visa a aproximação e discussão de temas psicológicos do universo feminino.
Na minha prática utilizo a abordagem psicodinâmica, que aborda os conflitos inconscientes e busca, a partir do vínculo e comunicação entre paciente e terapeuta, a superação de conflitos e o amadurecimento emocional da pessoa, para que se viva da melhor maneira possível.
06/11.843-0

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