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assédio, abuso, machismo

Diferenças entre assédio e cantada, flerte e afins

Hoje a gente vai conversar sobre as diferenças entre assédio e cantada.

Faz alguns dias aconteceu a cerimônia de entrega do Globo de Ouro e dentre os premiados e premiadas estava Oprah Winfrey, que ao agradecer pela homenagem teceu um discurso acalorado e fantástico sobre a luta contra o assédio.

Alguns dias depois a escritora Danuza Leão publicou um texto dizendo que o Globo de Ouro lhe pareceu um grande funeral, referindo-se aos vestidos pretos usados pelas mulheres na cerimônia, como forma de protesto, mas o pior não foi isso.

A escritora disse também “acho que toda mulher deveria ser assediada pelo menos três vezes por semana para ser feliz”. Junto com ela outras centenas de mulheres pelo mundo defenderam o direito dos homens de poderem “flertar” com as mulheres, sem correr o risco de perderem seus empregos ou sofrerem uma “caça às bruxas”. Eu acho que essas mulheres precisam de ajuda pra entender a diferença entre um ato e outro.

Clique e fale com um Psicóloga Online agoraPois bem, Danuza começa seu texto dizendo que para ela não está claro o conceito de assédio e a gente achou por bem explicar isso, pra não restarem dúvidas.

Assédio: ato ou efeito de assediar; comportamento desagradável ou incômodo a que alguém é sujeito repetidamente. O mesmo que assédio sexual. Assédio sexual: conjunto de atos ou ditos com intenções sexuais, geralmente levado a cabo por alguém que se encontra em posição hierárquica, social, econômica, etc.

Vamos esclarecer também o que seria um flerte: ato de tentar conquistar alguém, ter com alguém uma relação amorosa curta ou de pouca importância.

E uma cantada: seduzir, requestar.

Não sei se pra você fica claro (e se não estiver, deixa uma mensagem nos comentários), mas pra mim a definição de assédio tá bem longe de poder ser confundida com as demais e acho que se pra você essa diferença também é claramente perceptível, devemos nos manifestar ou no mínimo nos proteger de possíveis ignorâncias que reverberem o machismo cruel que sofremos há décadas.

Oprah apenas verbalizou diante de muitas pessoas o que sabemos que acontece desde sempre. Mulheres são abusadas, assediadas, forçadas a fazerem coisas horríveis para manterem seus trabalhos, para se sustentarem. Ela representou cada uma de nós, mulher, que em algum momento da vida já sofreu um assédio.

Uma mulher não precisa de assédio pra ser feliz, o que ela precisa é de respeito!

E pra que o mundo entenda isso a gente precisa de sororidade, de empatia, de manifestar-se.

Chega de sofrer calada, de achar que o homem é mais forte e por isso pode fazer o que bem entender e que, nós mulheres, por sermos sensíveis (aliás vamos tratar de reconstruir essa crença também) teremos de aceitar tudo.

Eu espero que a “moda de denúncia contra assédio sexual” chegue e domine o Brasil.

Espero que a Sra. Danuza nunca sofra um abuso sexual ou algo do tipo, espero que as mulheres que fazem parte da família dela nunca precisem passar em frente a uma obra e receber um “elogio”, porque eu também sou dessa época, mas nunca achei e jamais acharei confortável ter de passar correndo e com muito medo diante de uma construção, onde homens machistas acham que podem me olhar como um pedaço de carne, como algo que está à venda.

Assédio é crime, é covardia, é abuso de poder. Flertar é gostoso, é saudável e é permitido, mas quando isso acontece ambos os lados permitiram os olhares, as palavras, as carícias. Percebe a diferença?

Espero também que um dia a gente possa pensar nesse assunto (assédio) como algo do passado, mas até lá que a gente esteja unida e firme nessa luta, que é de todas e de todos também, por que não?

#MeToo #TimesUp

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CRP 6/101759 - Graduada pela Universidade São Francisco, mestre em Ciências da Saúde pela Coordenadoria de Controle de Doenças do Estado de São Paulo. Psicóloga clínica desde 2010, busca constante aprimoramento na abordagem analítica. Estudou Cinesiologia no Instituto Sedes Sapientiae, frequentou grupos de estudo e supervisão teórica na Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica de São Paulo e ainda, integrou o grupo de Neurociências do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Atualmente é doutoranda em Psicologia Social, pela Universidad Complutense de Madrid.

Gostaríamos de escutar o que você tem a dizer.

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