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Delírios e Desespero

Delírios e desespero: como lidar com esses eles? 8 sugestões para uma leitora que escreveu à caixa de segredos

Delírios e desespero, hoje esse é o tema do post que começa lá na Caixa de Segredos.

A caixa de segredos foi uma funcionalidade do site, onde respondíamos perguntas enviadas pelos leitores. Paramos, pois, devido á quantidade de perguntas, os textos levavam bem mais que uma sessão para serem respondidos. Ainda assim, aos poucos, enviamos as respostas pendentes, e, hoje, vamos falar com a Bianca que escreveu o seguinte:

“O que faço, quando vem delírios e me dá desespero? Como lidar?”.

Como lidar com delírios e desespero? Comecemos pelo delírio.

Primeiro a resposta mais rápida: lidar com delírios pode ser um desafio, tanto para a pessoa que os vivencia quanto para aqueles que estão ao seu redor. É importante lembrar que o cuidado e o apoio são fundamentais em tais situações. Aqui, estão algumas dicas para ajudar no processo:

  1. Mantenha a calma: a primeira coisa a fazer é manter a calma e evitar reações bruscas. Isso pode ser difícil, mas é essencial para criar um ambiente seguro e acolhedor.
  2. Escute com atenção: preste atenção ao que a pessoa está dizendo, mesmo que seja difícil de entender ou pareça irreal. Ouvir com empatia (escutar de verdade) demonstra respeito e pode ajudar a construir confiança.
  3. Valide os sentimentos: enquanto você não precisa concordar com os delírios, é importante validar os sentimentos da pessoa. Reconheça que suas emoções são reais e legítimas, mesmo que sua percepção da realidade esteja distorcida.
  4. Evite confrontos: não tente convencer a pessoa de que seus delírios são irracionais ou incorretos. Isso pode levar a mais confusão e resistência. Em vez disso, foque em oferecer apoio emocional.
  5. Mantenha-se seguro: se a situação se tornar perigosa ou ameaçadora, é importante garantir a segurança de todos os envolvidos. Isso pode envolver chamar ajuda profissional ou se afastar temporariamente.
  6. Busque apoio profissional: delírios podem ser sintomas de condições médicas ou psiquiátricas, portanto, é importante procurar ajuda de profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras. Pronto atendimento psiquiátrico é um caminho para iniciar o tratamento.
  7. Eduque-se: informe-se sobre as possíveis causas dos delírios e as opções de tratamento. Isso pode ajudr a entender melhor a situação e a apoiar a pessoa de maneira mais eficaz.
  8. Cuide de si mesmo: lidar com delírios pode ser emocionalmente exaustivo. Lembre-se de cuidar de sua própria saúde mental e emocional, buscando apoio e praticando o autocuidado.

Lembre-se de que cada situação é única e pode exigir diferentes abordagens. O mais importante é ser acolhedor, compreensivo e paciente ao lidar com delírios.

E agora, vamos esclarecer o que são delírios, diferenciando-os do conceito popular, e depois explorar o que é desespero e como enfrentá-lo. Certo?

Para os colegas que seguem, se encontrarem alguma definição mais clara, fiquem à vontade para incluir nos comentários.

Delírio

O que são delírios?

Delírios são crenças fixas e incorretas que uma pessoa mantém, mesmo diante de provas e evidências contrárias. São considerados sintomas de algumas condições psiquiátricas, como a esquizofrenia e o transtorno delirante.

No entanto, é importante distinguir delírios do uso popular do termo, que muitas vezes é empregado para descrever situações de fantasias, exageros ou pensamentos fora do comum.

No campo científico, os delírios são classificados em diferentes tipos, como delírios persecutórios, grandiosos, de ciúme, erotomaníacos, somáticos e de referência. Cada um desses delírios apresenta características específicas e pode afetar a vida do indivíduo de diversas maneiras.

Delírios Persecutórios:

Delírios persecutórios são uma forma de delírio em que uma pessoa acredita firmemente que está sendo ameaçada, perseguida ou prejudicada por indivíduos ou organizações, mesmo que não haja evidências reais para sustentar essas crenças. Esses delírios são comuns em transtornos psiquiátricos (Freeman & Garety, 2000; APA, 2013).

Os delírios persecutórios podem variar em gravidade e duração e podem levar a comportamentos de isolamento, medo e desconfiança em relação aos outros. Esses delírios também podem ter um impacto negativo nas relações sociais e no funcionamento geral da pessoa afetada.

Delírios Grandiosos:

Delírios grandiosos são uma forma de delírio em que a pessoa acredita possuir habilidades, conhecimentos, poderes ou talentos excepcionais, ou ter uma conexão especial com figuras importantes, divindades ou entidades sobrenaturais. Essas crenças são persistentes e irrefutáveis, mesmo diante de evidências contrárias. (APA, 2013).

Esses delírios podem ter um impacto significativo no funcionamento diário e nas relações interpessoais da pessoa afetada, levando a comportamentos inapropriados ou socialmente desajustados. A pessoa pode se envolver em atividades que são perigosas ou arriscadas, acreditando que estão protegidas ou destinadas a um propósito especial.

Delírios de ciúmes

Delírios de ciúmes, também conhecidos como síndrome de Othello, são uma forma de delírio em que a pessoa acredita firmemente e sem fundamentos que seu parceiro ou cônjuge está sendo infiel. Essa crença persiste mesmo quando não há evidências objetivas que a suportem, e os esforços para convencer a pessoa do contrário são geralmente ineficazes (Kingham & Gordon, 2004; Silva & Leong, 1998).

Delírios de ciúmes podem levar a comportamentos de controle, acusações infundadas, hostilidade e até mesmo violência em relação ao parceiro supostamente infiel. A pessoa afetada pode se envolver em comportamentos obsessivos para tentar encontrar provas de infidelidade, como vasculhar pertences pessoais, monitorar comunicações e seguir o parceiro. Isso pode ter um impacto negativo no relacionamento e no bem-estar emocional de ambas as partes envolvidas.

Delírios Erotomaníacos

Delírios erotomaníacos são uma forma de delírio em que a pessoa acredita que outra pessoa, geralmente alguém de status elevado ou uma celebridade, está apaixonada por ela. A pessoa afetada pode acreditar que essa figura importante está enviando mensagens secretas ou sinais de afeto, mesmo que não haja evidências para sustentar essas crenças (de Pauw, 1994; APA, 2013).

Delírios erotomaníacos podem levar a comportamentos obsessivos, como perseguir a figura de interesse, tentar fazer contato repetidamente ou enviar presentes e cartas. Esses comportamentos podem ser perturbadores e até perigosos para a pessoa-alvo, bem como para a pessoa afetada e seus relacionamentos interpessoais.

Delírios Somáticos

Delírios somáticos são uma forma de delírio em que a pessoa acredita firmemente que está sofrendo de uma condição médica ou física, apesar da ausência de evidências objetivas ou diagnóstico médico que confirme essa crença (APA, 2013).

Os delírios somáticos podem levar a comportamentos obsessivos e preocupação excessiva com a suposta condição médica. A pessoa afetada pode buscar tratamentos médicos desnecessários, automedicação ou mesmo cirurgias para tentar resolver o problema percebido. Esses delírios podem ter um impacto negativo na qualidade de vida e no funcionamento geral da pessoa afetada.

Delírios de Referência

Delírios de referência são uma forma de delírio em que a pessoa acredita que eventos, objetos ou comportamentos neutros ou sem relação direta com ela têm um significado pessoal específico e são direcionados a ela (APA, 2013). Essas crenças são persistentes e não são influenciadas pela razão ou evidências contrárias.

Por exemplo, uma pessoa com delírios de referência pode acreditar que uma notícia na televisão ou uma conversa entre estranhos está enviando uma mensagem específica para ela. Esses delírios podem levar a comportamentos e pensamentos obsessivos, bem como ao isolamento social e à desconfiança em relação aos outros.

Delírio ou Delirium?

Delírio e delirium são termos usados em psiquiatria e medicina para descrever condições distintas, embora possam ser confundidos devido à semelhança em seus nomes.

Delírio refere-se a crenças falsas e fixas que são mantidas com convicção, apesar de evidências contrárias.

Delirium, por outro lado, é uma síndrome médica caracterizada por confusão mental aguda, alterações no nível de consciência, desatenção e flutuações no estado mental ao longo do dia. É comumente causado por doenças médicas, medicamentos, intoxicações ou abstinência de substâncias, e geralmente é reversível com o tratamento da causa subjacente (Inouye, 2006; APA, 2013).

E, o que é desespero?

Desespero é um estado emocional intenso caracterizado por sentimentos de angústia, desesperança, impotência e medo.

Pode ser desencadeado por situações de estresse, problemas pessoais ou crises existenciais. É importante notar que o desespero não é sinônimo de delírio, mas pode estar associado a ele. Por exemplo, uma pessoa que vivencia delírios persecutórios pode sentir desespero diante da crença de que está sendo perseguida ou ameaçada.

Vale ressaltar que, depois de tudo isso, há várias diferenças entre o resumo que é apresentado aqui e um diagnóstico correto. Uma pessoa pode sentir-se perseguida (e ser perseguida) e, ainda assim, não ter evidências. Da mesma maneira, o grau, o impacto na vida social e diária são elementos essenciais que só poderão ser “classificados” diante de entrevistas claras por profissionais preparados.

Por favor, não vá confundir coisas do dia a dia, como alguém que acredita em uma fake news, e atribuir isso a uma condição delirante. Procure ajuda, escute, compreenda as origens. E lembre-se que o que expusemos aqui é um resumo, em uma linguagem fácil, para que você inicie um processo de psicoeducação ao invés de um pre-conceito psicológico.

delírios

Como lidar com delírios e desespero?

  1. Busque ajuda profissional: Se você acredita estar vivenciando delírios ou enfrentando desespero, o primeiro passo é procurar um psicólogo ou psiquiatra. Esses profissionais são capacitados para avaliar e tratar essas condições e poderão orientá-lo sobre as melhores abordagens terapêuticas.
  2. Eduque-se: Informar-se sobre os delírios e o desespero é fundamental para compreender o que está acontecendo e buscar maneiras de lidar com esses sentimentos. Leia livros, artigos científicos e busque informações confiáveis sobre o assunto.
  3. Fale sobre seus sentimentos: Compartilhar suas preocupações e sentimentos com pessoas de confiança pode ser extremamente útil para aliviar o desespero. Além disso, essas pessoas podem oferecer apoio emocional e ajudá-lo a buscar ajuda profissional.
  4. Aprenda técnicas de relaxamento: Práticas como meditação, mindfulness e exercícios de respiração podem ajudar a controlar a ansiedade e o desespero. Além disso, a atividade física regular também é benéfica para a saúde mental.
  5. Estabeleça uma rotina: Ter uma rotina diária e hábitos saudáveis, como dormir bem, se alimentar adequadamente e manter contato social,
  6. podem contribuir para a estabilidade emocional e reduzir os sentimentos de desespero. Estabeleça metas e prioridades realistas para ajudar a manter o foco e o equilíbrio.
  7. Evite o uso de substâncias nocivas: O consumo de álcool, drogas ou outras substâncias pode agravar o desespero e os delírios, além de prejudicar a saúde mental em geral. Busque alternativas saudáveis para lidar com as emoções e, se necessário, procure ajuda para superar a dependência.
  8. Desenvolva habilidades de enfrentamento: Aprenda estratégias para enfrentar situações estressantes e desafiadoras, como a reestruturação cognitiva e a resolução de problemas. Essas habilidades podem ajudá-lo a lidar com o desespero e a enfrentar os desafios do dia a dia de forma mais eficaz.
  9. Invista em relacionamentos saudáveis: Estabelecer conexões significativas e contar com uma rede de apoio sólida são fundamentais para a saúde mental. Invista em amizades e relacionamentos que promovam a empatia, a compreensão e o apoio mútuo.
  10. Em suma, lidar com delírios e desespero requer compreensão, apoio e orientação profissional. Se você está enfrentando essas situações, busque ajuda e invista em estratégias que promovam o bem-estar emocional e a qualidade de vida. E lembre-se, a psicologia está aqui para ajudá-lo a superar os desafios e encontrar o equilíbrio necessário para viver uma vida mais plena e saudável.

Bibliografia sobre Delírios

Mourão, Renata Fernandes, & Goulart, Daniel Magalhães. (2019). O delírio além do sintoma: reflexões a partir da teoria da subjetividade. Revista Subjetividades19(3), 1-13. https://dx.doi.org/10.5020/23590777.rs.v19i3.e7391

Freeman, D., & Garety, P. A. (2000). Comments on the content of persecutory delusions: Does the definition need clarification? British Journal of Clinical Psychology, 39(4), 407-414.

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.

de Pauw, K. W. (1994). Erotomania revisited: from Kraepelin to DSM-III-R. Acta Psychiatrica Scandinavica, 89(1), 41-46.

Inouye, S. K. (2006). Delirium in older persons. New England Journal of Medicine, 354(11), 1157-1165.

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