Hoje vou comentar o caso de Francisco e sobre o quão mal se sente desde sua aposentadoria. Antes se sentia útil em seu trabalho; seu emprego era vital em sua vida, era muito reconhecido entre seus colegas e chefes. Francisco contava os dias que lhe faltavam para aposentar-se com ansiedade, pois rejeitava totalmente a ideia de deixar de trabalhar.
As pessoas que, como Francisco sentem rejeição a aposentadoria, costumam ser pessoas com um nível educativo alto, muito comprometidas com sua atividade profissional e/ou que se encontravam muito satisfeitas com suas atividades laborais, mas nem todas as pessoas que se aposentam rejeitam essa etapa.
Existem algumas que a aceitam sem mais (mostrando uma atitude, as vezes, conformista e resignada), outros vem essa etapa como uma liberação (como um prêmio depois de anos de trabalho duro) e por último estão as pessoas que vem essa nova etapa como uma oportunidade para realizar aquelas atividades ou projetos que até agora não haviam tido tempo para fazer.
Precisamos de um plano de tratamento para Francisco.
Mudando sua maneira de pensar:
Lhe explico o que são os pensamentos irracionais e a necessidade de mudá-los e adaptá-los. Trabalhamos sobre os pensamentos irracionais que ele tem sobre a aposentadoria. Os pensamentos como “já não sirvo para nada” ou “já não tem sentido”, são trabalhados junto a Francisco para que ele compreenda a irracionalidade dos mesmos. Depois de várias sessões, entendeu que deveria viver essa nova etapa de sua vida como um desafio e colocar à prova suas habilidades, preferências e interesses.
Planejando novas atividades:
Paralelo ao nosso trabalho com sua maneira irracional de pensar, comentamos que atividades de tipo físico (passear, fazer algum esporte) e as intelectuais (aprender um idioma, fazer algum curso, estudar, fazer trabalho voluntário) reduzem os estados emocionais negativos (como a depressão) e aumentam o sentimentos de valoração pessoal e satisfação com a vida.
Depois de várias semanas de tratamento, Francisco se sentia muito melhor. O planejamento de atividades trouxe a ele uma nova possibilidade de viver. Entendeu que não era necessário sentir-se bem para fazer as coisas, mas ao contrário, deveria fazer as coisas para sentir-se bem.
Incentivei que ele deveria buscar uma atividade que lhe fosse gratificante e que a tomasse como uma obrigação. E assim ele fez: começou a dar aulas numa ONG. Este trabalho, que realizava 3 vezes por semana, lhe trazia uma grande satisfação pessoal.
O fato de ter uma obrigação, de comprometer-se com outras pessoas, lhe trouxe inúmeros benefícios.
Além disso, todos os dias ele sai para caminhar junto com outro vizinho que também está aposentado. Dorme muito melhor a noite, já que só faz cochilos de meia hora durante o dia e no resto do tempo, procura ocupar-se com coisas diferentes.
Ele também está pensando em matricular-se numa faculdade de história, no ano que vem, já que sempre foi um tema que lhe agradou muito, mas nunca teve tempo para estudar direito.
Francisco agora sente que a vida segue merecendo ser vivida e que a aposentadoria lhe deu a oportunidade de enxergar o quão sabio ele é e o quão bom pode ser administrar o seu tempo livre.
NOTA: Os nomes utilizados nesse blog são fictícios para preservar a identidade dos pacientes.
Retirado de Don Psico Blog (traduzido e adaptado)
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